18 de outubro de 2024

Pedras de vesícula de boi avaliadas em cerca de R$ 1 milhão seriam contrabandeadas para o mercado asiático, diz delegado

Tipo de pedra é utilizada na medicina tradicional chinesa para a produção de medicamentos. Carga estava escondida em embalagens no caminhão de uma transportadora. Pedras de vesícula de boi apreendidas em Aragarças, em Goiás
Divulgação/Polícia Civil
A Polícia Civil suspeita que as pedras de vesícula de boi avaliadas em cerca de R$ 1 milhão apreendidas em Aragarças, no oeste goiano, seriam contrabandeadas para o mercado asiático. Isso porque, elas são conhecidas como ‘pedras de fel’ e usadas na medicina tradicional chinesa para a produção de medicamentos.
“Esse material seria entregue a uma chinesa na cidade de Anápolis. De lá, seguiria destino ao mercado asiático, onde esse material é utilizado no tratamento de saúde. Por esse motivo, a gente acredita que poderia estar acontecendo aí o contrabando”, explicou o delegado Fábio Marques.
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Foram quase 300 gramas apreendidas na quarta-feira (16), após a Polícia Militar receber uma denúncia anônima e as pedras serem encontradas escondidas em embalagens no caminhão de uma transportadora.
De acordo com o delegado, o caminhoneiro que estava com a carga acabou preso por não ter apresentado qualquer documentação fiscal obrigatória do produto. Mas pouco tempo depois foi liberado, quando uma pessoa foi até a delegacia se apresentando como o destinatário das pedras (ou seja, quem iria recebê-las).
“Por ser funcionário da transportadora, entendemos que o motorista seria mais uma testemunha que propriamente o atravessador”, explicou o delegado.
Com isso, o caminhoneiro passou a ser considerado testemunha do caso. Segundo o delegado, foi ele quem contou que as pedras vinham do estado de Rondônia e iam para a uma mulher de origem chinesa, que mora na cidade de Anápolis, a 55km de Goiânia.
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O suposto destinatário não foi preso, pois não estava em situação de flagrante. Ele chegou a apresentar uma declaração de objeto para tentar retirar a carga apreendida, mas segundo o delegado, esse documento não era idôneo para a liberação.
Ainda assim, a transportadora, que não teve o nome divulgado, foi multada em aproximadamente R$ 13 mil, segundo a Polícia Civil. As pedras continuam apreendidas e serão submetidas a uma perícia, que deverá precisar o valor correto que elas estão estimadas e a qualidade do material biológico.
“Vamos tentar compreender a origem desse produto, porque pela quantidade, a gente sabe que não é tão simples consegui-lo, muitos animais precisam ser abatidos para ter aquela quantidade. Os animais são abatidos cada vez mais jovens para atender o mercado de consumo de carne e esse tipo de objeto é localizado nos animais mais velhos”, explicou o delegado.
A partir da identificação da origem das pedras, a polícia diz que vai conseguir entender se elas foram originadas de furtos, abate clandestino ou de abate doméstico.
O g1 não conseguiu contato com o destinatário e nem com a chinesa para um posicionamento até a última atualização desta reportagem.
Pedras de fel
Roubo de pedras da vesícula de boi tem se tornado cada vez mais comum
TV Globo/Reprodução
O delegado explicou que as pedras foram apreendidas por crime contra a ordem tributária pela falta da documentação fiscal. No entanto, são apurados ainda os crimes de furto, receptação, contrabando e associação criminosa.
Esse tipo de pedra é utilizada na medicina tradicional chinesa para a produção de medicamentos que auxiliam no tratamento de convulsões, pneumonias, epilepsia e outras doenças.
Com demanda quase nula no Brasil, a pedra de fel é exportada à Ásia para ser usada pela indústria farmacêutica, segundo explicou a auditora fiscal federal do Ministério da Agricultura Mohanna Pagoto.
Os valores das pedras variam de acordo com o peso. A grama da pedra de fel, no momento da venda para exportação, vale mais que a grama do ouro. Dependendo do tamanho e peso, uma pedra de fel pode chegar a valores milionários.
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