19 de outubro de 2024

Entenda como próteses cranianas de titânio criadas na Unicamp devolvem qualidade de vida a vítimas de acidentes graves

Inovação traz ganhos ganhos de autoestima, retorno ao mercado de trabalho e redução de até 30% do tempo em cirurgia. Objetivo é que tecnologia seja acessível e utilizada em larga escala. Próteses cranianas criadas na Unicamp devolvem qualidade de vida a vítimas de acidentes
Ganhos de autoestima, retorno ao mercado de trabalho e redução de até 30% do tempo em cirurgia. Esses são os benefícios, segundo os inventores, de próteses cranianas de titânio desenvolvidas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
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Esses resultados são possíveis porque o processo de fabricação inclui o uso de imagens de tomografia computadorizada e uma impressora 3D. Assim, cada paciente recebe uma prótese milimetricamente planejada para um encaixe perfeito.
“Isso [prótese customizada] não tem no Brasil. Nosso grupo foi pioneiro nisso. Fizemos um know-how através da Agência de Inovação, demos treinamento para a Anvisa, inclusive, buscando evidenciar o potencial que isso tem”, destaca Rubens Maciel Filho, professor da Unicamp e um dos pesquisadores.
👉 Até agora, os implantes foram feitos gratuitamente, em caráter de pesquisa, em pacientes atendidos pelo Hospital de Clínicas da universidade, mas a perspectiva dos pesquisadores é que a tecnologia seja aplicada em larga escala e se torne mais acessível no futuro.
“Fizemos testes em 12 pacientes, sendo que o primeiro já tem mais de 10 anos. Todos tiveram acompanhamento médico regular e estão em ótimas condições de saúde. É algo que a gente se orgulha muito de poder contribuir”, afirma Maciel.
Próteses cranianas de titânio feitas com impressora 3D se adaptam às lesões dos pacientes
Pedro Amatuzzi/Inova Unicamp
Como funciona?
A inovação das próteses de titânio está justamente no processo de produção, conforme explica o professor. Tudo começa com um exame de tomografia computadorizada para identificar os tecidos moles e as partes sólidas dos crânios dos pacientes.
“Com isso, identificamos qual é o pedaço ou a parte que está faltando e fazemos uma formulação matemática disso. Fazemos um fatiamento dessa impressão 3D, reproduzimos o que está faltando por simetria, por exemplo, jogamos num formato animado da máquina e fazemos a impressão do tamanho exato”, detalha.
Isso permite que, em casos de fraturas totalmente irregulares, por exemplo, as próteses tenham irregularidades iguais. “Inclusive com pontos de fixação predefinidos para que o paciente sofra muito pouco, e o cirurgião vai ter também acesso à informação do planejamento cirúrgico”, diz Maciel.
Para fins de comparação, uma prótese craniana tradicional custa cerca de R$ 200 mil para ser produzida, segundo o professor. Com a nova tecnologia, as próteses customizadas chegam ao custo de aproximadamente R$ 20 mil.
🏆 Neste ano, o grupo de pesquisadores – composto por Maciel e outros dois professores, André Luiz Jardini Munhoz e Paulo Kharmandayan – foi um dos vencedores do prêmio que reconhece inventores de propriedades intelectuais da Unicamp, promovido pela Agência de Inovação da universidade.
Rubens Maciel Filho e André Luiz Jardini Munhoz, dois dos inventores
Pedro Amatuzzi/Inova Unicamp
Do acidente à colocação da prótese
Aos 20 anos, Vinícius Tavares da Silva teve um mal súbito e caiu de uma escada no trabalho. Na época, ele fazia faculdade de análise e desenvolvimento de sistemas e, no dia da apresentação de seu trabalho de conclusão de curso, sofreu o acidente que prejudicaria seu crânio.
Em 2017, três anos após o acidente, Vinícius passou pela cirurgia de colocação da prótese craniana de titânio. Hoje, ele é paratleta de arremesso de peso e dardos.
A prótese customizada ajudou nos treinos e aumentou a qualidade de vida de Vinícius, que antes precisava utilizar um expansor na cabeça e tinha que ir ao hospital diversas vezes.
“A prótese mudou tudo, me ajudou no dia a dia, nos meus treinos, aumentou minha autoestima. Antes era difícil andar no shopping porque todo mundo me olhava torto, e hoje minha cabeça está perfeita e redonda”, conta o paratleta.
Atualmente, Vinícius Tavares treina arremesso de dardos para o campeonato brasileiro
Estevão Mamédio/g1
A mãe de Vinícius, Ione Tavares, participou de todo o processo, do acidente à cirurgia, e relata que atualmente o filho pode “viver sem dor, com mais mobilidade, autonomia e autoestima”. Segundo ela, Vinícius tinha muitas dores de cabeça que, após a colocação da prótese, não existem mais.
“A equipe médica e de pesquisa da prótese craniana de titânio permitiram que meu filho mudasse de vida, e eu gostaria que muitas pessoas que precisam tivessem a alegria de ter essa oportunidade também”, declara Ione.
🥇 O paratleta participou de diversas competições, nas quais já conquistou 16 medalhas. Atualmente, Vinícius se prepara para um campeonato que acontece em novembro. Se ele conseguir uma boa colocação no ranking, pode chegar ao campeonato brasileiro.
*colaborou sob a supervisão de Gabriella Ramos
Colocação de prótese craniana de titânio mudou a vida do paratleta Vinícius Tavares da Silva
Estevão Mamédio/g1
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