No Dia do Médico, nesta sexta (18), Benjamim Pessoa Vale, presidente da associação sem fins lucrativos que administra o Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), falou que os obstáculos estão entre diagnosticar, lidar com adversidades e tentar equilibrar os pacientes, inclusive em níveis psicológico e social. Neurocirurgião Benjamim Pessoa Vale
Divulgação
Nesta sexta-feira (18), Dia do Médico, o g1 conversou com o neurocirurgião Benjamim Pessoa Vale, referência nacional no atendimento a casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) com quase 30 anos de atuação, que receberá título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Piauí (UFPI), honraria mais importante concedida pela instituição, na próxima quinta-feira (24).
“Muito me orgulha porque é a minha universidade que está me dando isso. A que me formei. E esse título é a maior honraria. Você pode fazer dourado, por exemplo, estudando, mas esse título, pelo seu trabalho, é uma honraria imensa. E tenho consciência de que tem a digital de muitos, não só minha, ninguém consegue fazer nada só”, declarou.
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O médico, filho de agricultores, relembrou sua história de conquistas com os estudos, tendo começado a estudar apenas no início da adolescência e encontrado na educação uma forma de mudar sua realidade e a de muitos com seu trabalho, principalmente filantrópico, como presidente da associação sem fins lucrativos que administra o Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), para pessoas com deficiência, em Teresina.
‘Se formar é fácil, difícil é ser médico’
Sobre a formação em medicina e atuação na profissão, Benjamim Pessoa Vale falou que após concluir o curso é que a pessoa vai encontrar os verdadeiros desafios na área.
“Ser médico é muito difícil. Se formar em medicina é muito fácil. É só você estudar, passar e concluir o curso, que você está formado em medicina. Na minha opinião, é a etapa mais fácil da vida do médico. Ser médico é muito difícil, porém é muito gratificante”, afirmou.
O desafio, segundo o neurocirurgião, é fazer o diagnóstico e entender o paciente como pessoa para que se possa equilibrá-la diante da situação em que ela se encontra. “A maneira de lidar com as situações adversas do paciente com doença e tratá-lo é totalmente diferente”, explicou.
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“Quando você descobre que a medicina é feita para o paciente e não para o médico é que você começa a entender o sentido de você exercer a medicina como médico. Para mim, a consulta médica é o ato do paciente se sentir bem”, continuou.
“Quem procura o médico vem vulnerável. Tem um processo que está diminuindo o estado de saúde. Às vezes, ansioso. E função do médico é tentar equilibrar aquele cidadão, seja no ponto de vista psíquico, às vezes no ponto de vista social. Essa é a função do médico”, completou.
Para Benjamim Pessoa Vale, é preciso ressaltar que o médico não proporciona a cura, ele a auxilia. “A grande maioria das doenças você não trata, você equilibra. A cura da doença quem faz é o organismo do paciente. O cidadão chega com uma doença. Você conversa com ele, faz um diagnóstico, aponta os tratamentos, mas acolhe a pessoa”, pontuou.
‘Cuidando do amor de alguém’
Autor de livros literários, o médico usa suas palavras de escritor para resumir o que ele acha primordial para a função do médico: olhar para os pacientes como pessoas que são o amor de outras pessoas.
“Quem pensar em ser médico tem que fazer medicina, mas é só uma etapa. O conselho que dou para aqueles que querem ser médicos ou para os recém-médicos é que olhem para as pessoas como sendo o amor de alguém. Olhem com humanidade, tratem com se fosse tratar sua mãe ou como você gostaria de ser tratado”, disse
O neurocirurgião inclusive recomendou obras e autores clássicos da literatura, como Dostoiévski, Goethe, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa, para auxiliar os profissionais a conhecerem melhor o mundo e terem mais chances de entender diferentes realidades.
“Na hora que você começa a entender a pessoa com doença, o amor de alguém precisando do seu trabalho, entenda a situação social dele. As situações física e espiritual em que ele se encontra. Entenda a pessoa. Cuide da pessoa e não da doença”, declarou.
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