Segundo mergulhadores ouvidos pelo g1, esse ponto é cobiçado por quem pratica mergulho no país. Para chegar ao local, há procedimentos de segurança. Bruno Zoffoli, de 43 anos, teve doença descompressiva e morreu na terça (15). Corveta Ipiranga em imagens de arquivo do programa ‘Nordeste Viver e Preservar’
A Corveta Ipiranga, local onde o turista mineiro Bruno Jardim de Miranda Zoffoli, de 43 anos, mergulhou antes de morrer, é um dos principais pontos para a prática em Fernando de Noronha. A embarcação, que pertencia à Marinha, naufragou em 1983 e está numa profundidade de 62 metros (veja vídeo acima).
De acordo com moradores de Fernando de Noronha, essa corveta era usada para abastecer a ilha com mantimentos e colidiu com o cabeço, que é uma montanha submersa, na região da Sapata.
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Bruno Zoffoli morreu na terça-feira (15) após ter uma doença descompressiva (veja mais abaixo como foi o socorro à vítima). Segundo a Associação Noronhense de Mergulho (Anema), esta foi a primeira vez que uma pessoa morreu após mergulhar na Corveta Ipiranga.
Para visitar esse ponto, é preciso seguir estes protocolos de segurança determinados pela entidade:
Comprovar ter bom estado de saúde através de declaração médica;
Comprovar ter realizado mais de 50 mergulhos;
Realizar dois mergulhos de avaliação antes da Corveta;
Apresentar certificação de mergulho compatível com o nível de mergulho a ser realizado;
Utilizar obrigatoriamente o gás hélio (trimix) para evitar a narcose;
Fazer a descompressão na subida usando nitrox;
Estar acompanhado de um instrutor capacitado e com certificação de mergulho técnico.
Rico ecossistema marinho
A mergulhadora Zaira Matheus, que também é bióloga, enfatizou a importância ambiental da Corveta Ipiranga, que tem um rico ecossistema marinho.
“A Corveta Ipiranga está incrustada em esponjas e corais. Com isso, nós temos a fauna acompanhante, os peixes que vivem nesse ambiente. Ela [a Corveta] serve como estação de limpeza, isto é, um peixe limpa outro peixe ou animal. O peixe ‘Bodianus rufus’ limpa guarajuba, badejo, arabaiana. Ao longo do mergulho, é possível observar isso”, afirmou Zaira Matheus.
Ela perdeu as contas de quantas vezes esteve no local e listou os animais que já observou na Corveta. “No local foram vistos tubarão-baleia, raia-manta, animais que não se vê com frequências. É fascinante”, declarou a mergulhadora.
Local cobiçado para mergulhar
Mergulho aconteceu na Corveta Ipiranga
Zaira Matheus/Acervo pessoal
O instrutor Ismael Escote tem 26 anos de experiência em mergulho e realiza a prática na Corveta Ipiranga há 18 anos. “A Corveta Ipiranga tem grande importância para quem faz a prática do mergulho no Brasil. É uma meta a ser batida para quem vira entusiasta do mergulho. É um mergulho bonito, que pode ser feito o ano inteiro”, contou.
O cinegrafista e mergulhador Fábio Borges, que mora na ilha há 30 anos, contou que já realizou mais de 100 mergulhos na Corveta.
“É um mergulho icônico no Brasil, é um dos mais desejados. Esse ponto já foi eleito, por uma revista internacional, como um dos dez melhores naufrágios do mundo. As condições de mergulho são muito boas, a água é transparente, tem muita luminosidade. É muito bonito e bastante colorido, com muita vida”, afirmou Fábio Borges.
O mergulhador Hélio Levinbuk, sócio de uma das operadoras de mergulho na ilha, também falou sobre a Corveta. “É um sonho. Todo mergulhador que se forma deseja fazer esse mergulho. É maravilhoso, um privilégio ter esta embarcação em Fernando de Noronha para a prática do mergulho”, disse.
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Vítima foi colocada em câmara hiperbárica
Bruno Zoffoli viajou para Fernando de Noronha com a família e passou mal após mergulhar na Corveta Ipiranga. Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado para o Hospital São Lucas com rebaixamento de nível de consciência após mergulho profundo de cilindro, segundo a Administração da ilha.
O turista passou por procedimentos de recompressão, sendo colocado em uma câmera hiperbárica para respirar oxigênio puro, onde foi submetido a uma pressão duas ou três vezes superior à atmosférica.
Apesar de ter apresentado uma melhora clínica dos sintomas, o paciente teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu após procedimentos de reanimação por cerca de 1 hora e meia. Ele deixou esposa e duas filhas. O corpo dele foi levado para o Recife. A Polícia Civil informou que investiga o caso.
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