19 de outubro de 2024

Ex-funcionária de hospital onde trabalhava técnica que morreu por overdose diz que foi demitida após denunciar sumiço de medicamentos

Hospital diz que acusações da suposta ex-funcionárias são falsas. Cinco funcionários da unidade foram demitidos após o início da investigação de tráfico de medicamentos controlados. Funcionária denuncia sumiço de medicamentos em hospital de Trindade
Uma ex-funcionária do hospital onde trabalhava a técnica em enfermagem que morreu por overdose de medicamentos revelou que foi demitida depois de denunciar o sumiço de alguns remédios. A mulher, que não quis se identificar, trabalhava no Hospital Estadual de Trindade (Hetrin), na Região Metropolitana de Goiânia, que diz que as acusações da mulher são falsas.
“Várias vezes o medicamento do nada sumia. Eu cheguei até a discutir com a enfermeira-chefe. Sei que é uma prática que já estava sendo feita dentro do Hetrin. Eu achava aquilo estranho e foi por eu fazer esses questionamentos que começaram a me perseguir e até me mandaram embora”, revelou a mulher à TV Anhanguera.
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Ao g1, o Hetrin afirmou que “as acusações da suposta ex-funcionária são inverídicas” e que a unidade trabalha com “responsabilidade e compromisso”, incluindo a distribuição segura de medicamentos utilizados pela equipe da unidade (leia a nota completa ao final da reportagem).
Uma funcionária foi presa durante uma operação da Polícia Civil no hospital, mas foi solta após conseguir um habeas corpus. O g1 não conseguiu contato com o advogado da investigada, mas à TV Anhanguera ele informou que vão provar a inocência dela no processo, mas sem dar detalhes, pois o caso está em segredo de justiça.
A Polícia Civil afirmou que o hospital é vítima dos crimes que estão sendo investigados e que os funcionários demitidos são os suspeitos dos crimes. A investigação busca saber há quanto tempo os desvios do medicamento ocorriam dentro do hospital. Segundo os policiais, ao todo, pelo menos cinco funcionários do Hetrin foram demitidos e seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
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Funcionária denuncia sumiço de medicamentos em hospital de Trindade, Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
Morte de técnica por overdose
Gesielly Fernandes da Silva, vítima de overdose
Reprodução/Redes Sociais
A investigação se iniciou com a morte da técnica de enfermagem Gesielly Fernandes da Silva, que teve uma overdose com morfina após se automedicar. Segundo denunciou a família, ela comprava morfina de colegas de trabalho. A irmã da vítima, Jhessica Fernandes, disse que Gesielly estava depressiva e se tornou dependente do medicamento para conseguir aliviar as dores.
“Minha irmã aplicava morfina nela mesma. Ela se viciou na morfina. Nas conversas do celular dela, ela dizia que estava com dor e pedia abraços para as amigas. Ou seja, elas sabiam que minha irmã estava com depressão. Começaram a vender [a morfina], quando não vendiam, davam”, disse Jhessica.
Irmã de técnica em enfermagem que morreu por overdose desabafa sobre desvio de medicamento
Prints divulgados pela Polícia Civil mostram quando Gesielly tentava negociar o medicamento com uma funcionária do Hospital Estadual de Trindade (Hetrin), na Região Metropolitana da capital (veja abaixo). Segundo Thiago Martinho, delegado responsável pelo caso, a amiga, também técnica em enfermagem, mentia sobre o estado de saúde de pacientes para os médicos, para assim, conseguir a morfina e desviar o medicamento.
Segundo a polícia, a funcionária que foi presa durante a operação da PC disse em depoimento que conhecia Gesielly e que a colega constantemente a procurava pedindo morfina. No entanto, a mulher disse que em nenhuma das vezes deu ou vendeu o medicamento à colega, pois sabia que ela sofria com depressão.
Prints mostram conversa entre vítima e suspeita de desviar medicamentos em hospital de Trindade
Reprodução/TV Anhanguera
Medicamentos apreendidos
Na casa da investigada foram apreendidas mais de 130 unidades de medicamentos. Sobre esses remédios, a técnica em enfermagem confirmou em depoimento que eles pertenciam ao Hetrin e também a uma Unidade de Pronto Atendimento (Upa) de Trindade, onde diz ter trabalhado há algum tempo. Mesmo assim, a suspeita negou que tenha furtado os remédios. Segundo ela, eles eram de pacientes que recusaram a medicação.
“Segundo a interrogada, muitos pacientes não aceitam tomar morfina, e como seu esposo sofreu um acidente e sente muita dor, ela levava esses medicamentos para que ele tomasse”, diz o depoimento.
A Prefeitura de Trindade disse que a técnica nunca trabalhou na UPA e trabalhou apenas em áreas administrativas do Conselho Municipal de Saúde, que são áreas que não têm contato com medicamentos.
Frascos de medicamentos apreendidos em operação em hospital de Trindade, em Goiás
Divulgação/Polícia Civil
Nota do Hetrin na íntegra:
“O Hospital Estadual de Trindade (Hetrin) esclarece que as acusações da suposta ex-funcionária são inverídicas. A equipe do Hetrin trabalha com responsabilidade e compromisso na garantia do atendimento ofertado aos pacientes assistidos no hospital, o que incluí a dispensação segura de medicamentos utilizados pela equipe da unidade. Reforçamos que desde o início contribuímos com todas as investigações da Polícia Civil – que irá elucidar todos os fatos da melhor forma possível.”
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