19 de outubro de 2024

Morte de Yahya Sinwar, número 1 do Hamas: especialistas apontam potenciais substitutos

Especialistas acreditam que novo chefe do grupo extremista palestino deve ser alguém que esteja fora de Gaza, enquanto o irmão de Sinwar deve assumir um papel maior na guerra contra Israel dentro do território. O vice de Sinwar, Khalil Al-Hayya, em pronunciamento nesta sexta
Khaled Abdullah/ Reuters
O grupo extremista Hamas deve substituir Yahya Sinwar, seu número 1 morto por Israel nesta quinta-feira (17), por um novo chefe político baseado fora de Gaza, enquanto o irmão dele, Mohammad Sinwar, deve assumir um papel maior na direção militar da guerra contra Israel no território palestino, acreditam especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters.
O vice de Sinwar, Khalil Al-Hayya, é visto como um possível sucessor. Nesta sexta-feira (18), inclusive, ele adotou uma postura desafiadora, dizendo que os reféns israelenses não seriam devolvidos até que as tropas israelenses se retirassem de Gaza e a guerra terminasse.
Além de Hayya, que é o principal negociador do Hamas, os outros principais candidatos à liderança são Khaled Meshaal, antecessor de Haniyeh, e Mohammad Darwish, uma figura pouco conhecida que preside o Conselho Shura, de acordo com analistas e uma fonte do Hamas.
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Cotado para comandar as operações militares, Mohammad Sinwar, irmão do ex-número 1, é comandante veterano das Brigadas Qassam, raramente aparece em público, está há muito tempo na lista dos mais procurados de Israel e sobreviveu a vários atentados contra sua vida, dizem fontes do Hamas.
Khaled Meshaal em foto de 2012
Ahmed Jadallah/Reuters
O Hamas tem um histórico de substituir seus líderes caídos de forma rápida, com seu principal órgão decisório, o Conselho Shura, encarregado de nomear um novo líder.
O Conselho Shura representa todos os membros do Hamas na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, nas prisões israelenses e na diáspora palestina, o que significa que o novo líder deve ter autoridade para iniciar negociações de cessar-fogo, mesmo que não esteja em Gaza , onde homens armados do Hamas ainda mantêm dezenas de israelenses como reféns.
Uma fonte, aliás, afirma que o Hamas precisará notificar o Catar, que desempenhou um papel importante em rodadas de negociações de cessar-fogo – até agora infrutíferas, e outras capitais regionais antes de sua decisão.
Quando Sinwar substituiu o chefe anterior, Ismail Haniyeh, há dois meses, ele fundiu a liderança militar e política em Gaza, mas os especialistas ouvidos acreditam que isso não deve se repetir devido às fortes ofensivas israelenses dentro do território.
“O Irã é o aliado mais forte do Hamas, que apoia o grupo com dinheiro e armas, e sua bênção é fundamental para decidir quem será o sucessor de Sinwar”, disse Abouelhoul, editor-chefe do jornal estatal Al-Ahram, no Egito.
Vídeo mostra Yahya Sinwar momentos antes da morte
Pronunciamento do Hamas após morte
O Hamas confirmou nesta sexta-feira (18) a morte de Yahya Sinwar, número 1 do grupo terrorista. Sinwar, que foi também o mentor dos ataques a Israel em 7 de outubro de 2023, morreu na quarta-feira (16) durante um confronto em terra na Faixa de Gaza.
Este foi o primeiro pronunciamento do Hamas desde o anúncio da morte de Sinwar. A confirmação da morte foi feita por Khalil al-Hayya, vice-líder do Hamas no Catar — que está sem comando no momento.
Embora todos os membros da cúpula do grupo tenham sido mortos por Israel, al-Hayya afirmou que o Hamas continuará lutando e prometeu vingança. Ele ainda disse que o Hamas não devolverá os reféns em poder do grupo terrorista enquanto a guerra em Gaza não acabar.
“Esses prisioneiros não retornarão a vocês antes do fim da agressão a Gaza e da retirada de Gaza”, afirmou.
Al-Hayya liderou a delegação do Hamas durante várias rodadas de negociações de um cessar-fogo no Catar, mediadas pelos EUA, Catar e Egito.
Em um pronunciamento que foi transmitido em telões em áreas controladas por simpatizantes do Hamas em Gaza, no Líbano e no Iêmen (veja imagem acima), al-Hayya confirmou ainda que Sinwar morreu durante combate com soldados israelenses — essa também foi a versão dada por Israel na quinta-feira (17).
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