20 de outubro de 2024

Saúde pública: solidão aumenta o risco de demência e morte

Clínica IBN, em Salvador, adota Clube Sênior com atividades integrativas e socialização para o público idoso SOLIDÃO IDOSO
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Querer passar alguns momentos sozinho pode até ser normal, mas o sentimento de solidão e isolamento social, não. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a solidão e o isolamento social vem deixando de ser vistos como um problema pessoal para se tornar uma questão de saúde pública, afetando um em cada quatro adultos e algo entre 5 e 15% dos jovens em todos os países. Um dos riscos da solidão e do isolamento social é o desenvolvimento de demências.
Diferentes estudos apontam para os riscos da solidão e do isolamento social, com impactos comparáveis aos danos do fumo e da obesidade. A solidão, por exemplo, é capaz de aumentar em 25% o risco de morte, em 30% o de doença cardiovascular e em 50% o de demência.
Embora sejam parecidos, solidão e isolamento social não são a mesma coisa. A solidão é inerente ao ser humano e a pessoa pode se sentir sozinha mesmo estando rodeada de gente.
“É importante entender ambos adoecem, visto que as pessoas passando por algum desses processo tendem a desenvolver comportamentos nocivos como o sedentarismo, o tabagismo e o uso exagerado de álcool, comem alimentos industrializados e ultraprocessados, além de não consultar médicos ou trabalhar as questões em terapias. Todos esses fatores contribuem com a baixa autoestima e maior risco de desenvolver problemas mentais, como depressão e ansiedade”, explicou a neuropsicóloga Suzana Lyra (CRP03/9748).
Em 2023 foi realizada uma revisão de diferentes estudos sobre o tema, envolvendo mais de 1 milhão de pessoas, localizadas nas chamadas ‘blue zones’, regiões no planeta em que há maior número de idosos centenários. O resultado, publicado no PLOS One, revelou um aumento de 33% de mortalidade, por todas as causas, em pessoas solitárias.
Para o Brasil, os resultados da pesquisa são ainda mais preocupantes. Segundo dados do IBGE, de 2000 a 2023, a proporção de idosos no país quase duplicou, subindo de 8,7% para 15,6%. Os casos de demência também apresentam ritmo de crescimento: atualmente, ao menos 1,76 milhão de pessoas com mais de 60 anos vivem com alguma demência no país. A previsão é que se chegue a 2,78 milhões até o final desta década e a 5,5 milhões em 2050.
“Os estudos mostraram ainda que países ricos estão conseguindo enfrentar o problema através de políticas públicas específicas. No Brasil, infelizmente existe um preconceito quanto à participação do idoso na sociedade, o que por si só já gera um ambiente de isolamento social ou solidão”, frisou.
Dra Suzana Lyra
Renato Santana Santos
Estimulando conexões
Em Salvador, o Instituto Baiano de Neurodesenvolvimento Suzana Lyra (IBN), desenvolve, desde 2013, com atividades personalizadas e em grupo, que ocorrem dentro e fora do consultório. No ano passado, o projeto foi rebatizado com o nome de Clube Sênior.
“O principal objetivo do Clube Sênior é aprimorar a qualidade de vida dos idosos. Ao oferecer suporte que abrange saúde mental, habilidades de comunicação e saúde física, o Clube ajuda os idosos a viver de forma mais independente. Isso inclui a melhoria do bem-estar emocional, uma comunicação eficaz e funcionalidade física, trabalhando de todas as formas para promover e ganhar resultados satisfatórios na qualidade de vida”, pontuou Suzana Lyra.
Entre as atividades externas estão sessões de cinemas, passeios culturais, tour pelos pontos turísticos de Salvador, museus e parques, onde são desenvolvidas dinâmicas que estimulem a socialização, motivação, memória e o conhecimento. Já entre as atividades no ambiente do consultório estão as fisioterápicas, arteterapia, oficinas de cantos e contos, expressão corporal e outras, sempre voltadas para a saúde emocional e física do paciente.
“A proposta do Clube Sênior é estimular a pessoa idosa com atividades cognitivas, lúdicas, de linguagem, física, com um olhar atento não apenas suas necessidades físicas, mas também emocionais, dentre elas a socialização e a ideia de pertencimento”.
Para manter a regularidade das atividades, o IBN disponibiliza ainda o serviço de traslado.
“Já conseguimos perceber os resultados do Clube Sênior, através do aumento da autoestima e da confiança, a maior socialização e a obtenção de novas perspectivas. Isso sem falar na melhora do humor e sorriso que validam o nosso trabalho ”, finalizou.
Sobre o IBN
Localizado na Av. Juracy Magalhães Júnior, 2490 – sala 303, Rio Vermelho, Salvador, o IBN é um espaço que agrega serviço multiprofissional, com assistência humanizada e de excelência, pautado na qualidade de vida de pacientes com transtornos relacionados à saúde mental.
Responsável Técnica: Dra Suzana Lyra (CRP03/9748), Neuropsicóloga.

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