19 de outubro de 2024

Cai o número de crianças e adolescentes trabalhando no Brasil

Segundo o IBGE, a queda nos números tem explicação na economia: o mercado de trabalho está mais aquecido, gerando mais empregos, e a renda média das famílias aumentou. O que também contou foi a expansão do Bolsa Família. Cai o número de crianças e adolescentes trabalhando no Brasil
Jornal Nacional/ Reprodução
O número de crianças e adolescentes submetidos ao trabalho no Brasil diminuiu 14% em 2023 e chegou ao menor patamar desde o início dessa pesquisa do IBGE, em 2016.
A brincadeira nem sempre teve espaço na vida do menino que, ainda na infância, ganhou a responsabilidade de adulto: fazer as tarefas de casa e cuidar do irmão caçula. Agora, com 12 anos, ele é uma das crianças atendidas por uma instituição que acolhe meninos e meninas que passaram pelo trabalho infantil no Rio.
“Eu me sinto feliz que estou fazendo coisas novas, aprendendo mais. Por isso que eu gosto de estar aqui”, diz.
O número de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos que trabalham no Brasil caiu 14% em 2023 na comparação com 2022. O trabalho infantil chegou ao menor patamar desde 2016, quando a pesquisa começou a ser feita.
Segundo o IBGE, a queda nos números tem explicação na economia: o mercado de trabalho está mais aquecido, gerando mais empregos, e a renda média das famílias aumentou. O que também contou foi a expansão do Bolsa Família.
Mas o desafio ainda é grande: em 2023, o trabalho infantil fazia parte da realidade de 1,6 milhão de crianças e adolescentes no país. 36% desse total se dedicavam aos piores trabalhos, como, por exemplo, os que foram flagrados por uma fiscalização do Ministério do Trabalho no agreste de Pernambuco em agosto: 300 crianças e adolescentes estavam em atividades insalubres e perigosas, a maioria no setor têxtil.
O Nordeste concentrava o maior contingente no trabalho infantil. A pesquisa mostra também que pretos e pardos eram maioria.
“A família acaba fazendo com que essa criança vá para o trabalho infantil por causa da falta de renda familiar. Ou por questões sociais, como mães solo que precisam sair para trabalhar e colocam a responsabilidade na criança de ficar em casa fazendo as tarefas domésticas”, diz Eveni Mendes, coordenadora da Associação de Assistência às Causas Sociais.
Cai o número de crianças e adolescentes trabalhando no Brasil
Jornal Nacional/ Reprodução
A lei brasileira proíbe qualquer tipo de trabalho até os 13 anos de idade. Depois disso, só na condição de jovem aprendiz. A Fundação Abrinq diz que é preciso um esforço conjunto de toda a sociedade.
“Ter mais recursos, investimentos dentro da área social, para que a gente possa ter profissionais qualificados para trabalhar, ter um aumento na fiscalização e a conscientização junto à sociedade em geral, de uma forma educativa, de que o trabalho é uma violação extremamente grave e que ela de fato afeta e traz consequências gravíssimas para o desenvolvimento da criança e do adolescente”, afirma Michelly Antunes, líder de programas sociais da Fundação Abrinq.
Quando tinha 13 anos, a adolescente passou a trabalhar 12 horas por dia em uma casa de família. Ganhava R$ 50 por semana. Depois de receber orientação e apoio nessa instituição, agora com 17 anos, ela é jovem aprendiz e prefere olhar para o futuro.
“A diferença é o respeito, o salário, o valor da remuneração, no caso. A segurança -principalmente a segurança de trabalho -, a carga horária e a oportunidade que eu tenho de estudar, que é o mais importante. Agora, bola para frente”.
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