19 de outubro de 2024

Em busca de uma 2ª chance: presos participam de projetos e planejam mudar de vida após cumprirem pena no AC

Presídio feminino tem 100% das detentas participando de algum dos projetos, já no masculino, há critérios para que eles possam receber este benefício. Costura, crochê, leitura, marcenaria e estofaria são algumas das iniciativas oferecidas pelo Instituto de Administração do Acre (Iapen) na capital. Uma segunda chance: apenadas do presídio feminino fazem parte do projeto de educação
Hellen Monteiro/g1 AC
A prisão em uma penitenciária é uma medida, aplicada pela segurança pública, a quem comete crimes perante ao Código Penal Brasileiro. Necessariamente, é preciso pagar na Justiça pelo o que cometeu. Mas, se não houver ressocialização destes criminosos? A tendência é que saiam do sistema prisional ainda mais perigosos. Para evitar que isso aconteça, iniciativas dentro do Complexo Penitenciário de Rio Branco são implementadas com a intenção de reintegrá-los à sociedade, reduzindo a violência no sistema carcerário e a possível reincidência.
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Na capital acreana, o Instituto de Administração do Acre (Iapen-AC) disponibiliza diferentes programas para os presídios Feminino, Unidade de Regime Fechado (URF), Unidade de Recolhimento Provisório (URP) e presídio de segurança máxima Antônio Amaro Alves. O g1 foi até às unidades onde acontecem os principais programas para conhecer as iniciativas. (Confira mais abaixo a galeria exclusiva de fotos com os trabalhos realizados)
Dos 3.208 presos homens, 3.198 participam de algum programa, o equivalente a 99,6% do sistema carcerário masculino no primeiro semestre de 2024. Já no presídio feminino, 100% das apenadas fazem parte de alguma forma de ressocialização. Ao participarem, a cada três dias trabalhados, um dia é diminuído (remido) na pena delas.
Uma segunda chance: veja um pouco do trabalho dos ressocializados em Rio Branco
O Presidente do Iapen, Marcos Frank Costa, salienta que a intenção é que o egresso retorne à sociedade diferente do que entrou no sistema prisional, e é para isso que esse trabalho é desenvolvido nas unidades.
“A gente trabalha e dá os meios para quem quer mudar de vida. Em todo o estado, nós temos muitos projetos que ajudam nesse processo de retorno. Aqui em Rio Branco, a gente tem o presídio feminino, que é uma referência em ressocialização. Nas unidades do interior, também temos detentos que trabalham, fazem artesanato e são parte de projetos muito importantes para ressocialização dessas pessoas”, frisou ele.
Conheça mais abaixo os projetos desenvolvidos, bem como histórias de apenados (as) que veem no trabalho uma chance de recomeçar fora do presídio, após o término do cumprimento da pena.

Costurando e traçando o futuro
Uma segunda chance: toda organização dentro do presídio feminino é feita pelas próprias detentas em Rio Branco
Hellen Monteiro/g1 AC
Dentre as apenadas do presídio feminino de Rio Branco, a Joyce, de 30 anos, foi selecionada e é integrante de dois projetos, sendo um de costura e o outro de crochê, chamado “Entrelinhas”. Ambos se complementam, ganham forma e dão vida a roupas, tapetes e tantos outros itens feitos de tecido.
O projeto “Entrelinhas” envolve o crochê, o artesanato e busca desenvolver um ofício para as reeducandas, dar um pouco de conforto para as privadas de liberdade que se sentem solitárias, bem como a oportunidade de expor e vender, em feiras pela cidade, o que foi produzido na penitenciária.
Mãe de três filhos, ela mantém contato com eles via videochamada em razão de outro benefício que permite com que ela receba essas visitas virtuais, já que a família é natural de Sena Madureira, no interior do estado. Dedicada, a reeducanda aprendeu a costurar dentro da cadeia e explica que ao saber sobre a possibilidade de aprender uma nova profissão, se empenhou para participar do programa.
“Ela [diretora do presídio] mostra o trabalho que ela quer que a gente faça, aí a gente faz. Então é feita as feiras e é vendido o nosso trabalho. São escolhidas as pessoas para ir, aí a gente vai lá e expõe o nosso trabalho e o trabalho das nossas parceiras também que ficam na cela”, afirma ela.
Uma segunda chance: apenadas trabalham com costura dentro do presídio feminino em Rio Branco
Hellen Monteiro/g1 AC
A pessoa mencionada por Joyce é a diretora do presídio feminino, Dalvani Azevedo. A responsável pela unidade aclara que a seleção para o projeto Entrelinhas é necessária pois, como a linha foi comprada com dinheiro das penas pecuniárias, e para que os produtos ficassem padronizados para a venda, foi necessário que somente as mais habilidosas fossem selecionadas.
“É um projeto que a gente pensou nele só para comprar material e entregar pras presas, só que quando a gente percebeu que, se só comprássemos o material e déssemos na mão delas, e elas fizessem do jeito que quisessem, a gente não ia ter um material que atraísse a vontade da sociedade em comprar. Então nós fomos procurar as tendências do momento. A gente busca na internet, vai atrás de modelos, compra as linhas de acordo com os modelos que a gente quer fazer. Nesse projeto as peças são direcionadas”, afirma.
Joyce já tinha familiaridade com o crochê antes mesmo de ser privada de liberdade. Ao ingressar no sistema prisional e saber sobre o projeto, então se inscreveu, foi feito um teste e ela pôde participar. “Eles fazem a doação da linha e a gente oferece o trabalho, e o pouco que eu sei eu vou passando para as pessoas que ainda não sabem. As que se interessam, a gente ensina o passo a passo para elas e elas continuam fazendo”, expõe.
Agora, o desejo é seguir adiante com a nova profissão que aprendeu quando estiver em liberdade.
“Eu tenho uma nova perspectiva de vida, porque eu sei que eu não posso ter minhas coisas só através das coisas erradas. A gente aqui está tendo a oportunidade de aprender uma profissão que a gente pode levar pra fora [do presídio] e ter a renda para sustentar a nossa família sem fazer nada errado”, comemora ela.
Uma segunda chance: apenadas trabalham com costura dentro do presídio feminino em Rio Branco
Zayra Amorim/Iapen
Exposição dos produtos
A diretora pontua que após as peças serem confeccionadas, outro projeto entra em ação. É o “Produzindo a Liberdade”, fruto da parceria entre o Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) e o Iapen, onde as reeducandas exibem, nas feiras livres, o artesanato que fizeram.
Dalvani narra que na última feira, que aconteceu em julho deste ano, as peças expostas foram um sucesso, principalmente pela qualidade e preço muito abaixo do mercado.
“Foi sucesso absoluto, quase deu briga. A gente fez uma pesquisa de mercado para poder precificar, porque não pode ficar um preço muito abusivo. Eu descobri que a média de preço de uma peça de sousplat [prato marcador], em média no mercado está custando de R$ 50 a R$ 65. A gente calculou e faz um jogo com 6 peças por R$ 120, então é um valor bem baixo”, calcula.
Peças de crochê do projeto foram expostas na Expoacre 2024
Antonio Moura/Iapen
O recurso da venda dos produtos nas feiras é utilizado para a compra de mais insumos e, assim, manter o projeto. Além disso, todas também podem remir pena através de confecção de artesanato.
“Essa é a única unidade do estado que tem 100% das presas portariadas no artesanato. A família traz o material para elas trabalharem, elas fazem dentro das celas, o que não atrapalha a segurança. Então a família recolhe o material durante a visita e vai embora, e eles podem vender e ajudar na renda lá fora”, comenta ela.
Uma segunda chance: apenadas trabalham com costura dentro do presídio feminino em Rio Branco
Hellen Monteiro/g1 AC
Ocupação e solidão
Outra integrante do projeto de costura e crochê é a Alessandra, de 25 anos, que está presa há sete anos. Ela aprendeu as técnicas com uma outra presa, que a ensinou em meados de 2018. Atualmente, ela sabe fazer tapetes, jogo de banheiro, blusas, bermudas, dentre outros.
Faltando apenas um ano e três meses para sair, ela revela o principal motivo para aprender a costurar dentro do presídio: a filha. Alessandra quer ter uma profissão para poder se formar, ter uma renda e sustentá-la quando estiver em liberdade. A menina está sendo cuidada pela irmã. “O coração já está começando a acelerar. Sete anos é muito tempo perdido”, lamenta ela.
Alessandra também cita o projeto de leitura que há no local, pois ajuda a remir sua pena e distrair a mente diante da solidão.
“Eu trabalho aqui [com a costura]. Quando eu chego lá na cela, tomo um banho, descanso um pouco, aí pego minha agulha e minha linha e vou fazer o crochê. O tempo passa mais rápido quando me ocupo com alguma coisa. As vezes, quando eu termino de fazer os artesanatos, aí eu fico no meu cantinho, pego o livro, vou ler, aí me dá sono e eu vou dormir. Aí no outro dia eu volto à rotina”, descreve.
Peças de crochê feitas pelas detentas são empacotados para as vendas
Antonio Moura/Iapen
Este, inclusive, é o principal objetivo de todos os projetos: fazer com que as detentas retirem o estresse do dia a dia, diminuam a pena, possam adquirir novas habilidades e ocupem a mente. A diretora sinaliza que há justamente um grande índice de abandono das mulheres por parte dos homens quando elas vão presas.
Das 173 presas, apenas 12 recebem visitas íntimas, sendo também feita por outras mulheres que se conhecem dentro da unidade prisional, se relacionam e depois voltam para visitá-las.
“Elas só recebem visita praticamente da mãe, do pai, e dos filhos. É impressionante. Algumas vezes, quando a mulher é presa, o marido dela também é. Aí o que acontece?! Ele arruma outra mulher. Então para ele é muito fácil ele continuar tendo a visita dele. Já aqui, se elas arrumarem marido ou fizerem qualquer coisa, elas são penalizadas por eles [maridos]. É muito complicado, é injusto”, frisa Dalvani.
Devido a essa perspectiva de abandono, isto faz com que o cenário para as mulheres seja ainda mais ocioso. “O crochê ajuda muito nesse quesito. Em dois dias, elas entregam um jogo com 6 peças de sousplat. Dá trabalho, só que como elas passam o dia na cela, é bom que acaba sendo distração para elas”, diz.
Alessandra tem um único objetivo:
“Eu quero sair daqui outra pessoa”.
Uma segunda chance: apenadas trabalham com costura dentro do presídio feminino em Rio Branco
Antônio Moura/Iapen
Outros programas
Todas a apenadas finalizaram, neste ano, o curso de design de sobrancelhas, em uma parceria da unidade com a Igreja Universal. Outro projeto se chama “Primeira entrega”, voltado para mulheres em situação de rua, estrangeiras, mulheres de outro estado, onde são disponibilizadas vestimentas padrão da unidade para que elas, ao entrar na unidade, tenham aquela primeira vestimenta padronizada.
No próximo dia 21 de outubro, ainda há outro programa a ser implementado: o “Salão Escola”, que visa oferecer qualificação profissional na área da beleza. As 30 mais dedicadas ao curso ganharão um kit com material de trabalho contendo secador de cabelo, prancha, um kit de escovas, entre outros itens necessários para a profissional da beleza. O material será entregue ao final do cumprimento da pena e marcando, portanto, ao seu retorno à sociedade quando poderá trabalhar com os itens.
Dalvani explica que a educação e o projeto de leitura também são oferecidos a todas as apenadas. A detenta Ana Claudia, por exemplo, tem 34 anos e está há seis anos cumprindo pena. Quando chegou ao local, não sabia nem ler. Atualmente, a mãe de três crianças comemora conseguir ler um livro inteiro.
“Eu morava na colônia com meu pai e com minha avó. Nunca tinha tido oportunidade de estudar, porque lá tudo era difícil. Me sinto muito melhor agora que sei ler e escrever, antes eu tinha que pedir pras pessoas fazer tudo pra mim: ler e escrever. Agora consigo ler direitinho, até livro. Faço parte do projeto de leitura também”, celebra a mulher.
Uma segunda chance: biblioteca do presídio feminino pode ser acessado por todas as apenadas
Hellen Monteiro/g1 AC
Ela, que é mãe de três meninas, ainda frisa que a educação regular e o projeto de leitura são importantes para a remissão de sua pena, que ainda faltam três anos para serem cumpridos na totalidade.
“Esse projeto é muito bom para a gente remir [a pena] e aprender cada vez mais. Eu acho tão lindo as meninas [ex-detentas] que saíram até no jornal, porque passaram na faculdade. Pretendo fazer uma faculdade, só ainda não sei qual”, diz.
Uma segunda chance: apenados participam de projeto de leitura em todas as unidades de Rio Branco
Hellen Monteiro/g1 AC
Desde 2017, contando com cinco professores, o projeto de leitura desenvolvido em todas as unidades prisionais de Rio Branco atende mais de 600 alunos detentos. Klismann Suarez é um dos professores e já faz parte do projeto há cerca de dois anos. Ele descreve que os participantes recebem um livro por mês e após 30 dias, precisam fazer uma resenha relatando o que leram.
Após a entrega dos resumos, os professores fazem a correção e se o aluno atingir mais de cinco pontos, ele fica aprovado a ganhar remissão pela leitura daquele livro. A remissão através da leitura é de quatro dias para cada produção, por ano o preso tem direito a 12 produções.
“Os alunos que estão no projeto há mais tempo tem a facilidade de produzir textos com mais qualidade. Usando palavras sem abreviações, gírias ou linguagem informal. Os alunos que são inseridos no projeto tem muita dificuldade na escrita, pois você só escreve bem se tiver um bom acervo de palavras. Ao passar dos meses, as produções mostram que a leitura realmente alimenta o leque de palavras, pois eles começam a usar as palavras vistas no livro e com isso, as resenhas vão ganhando melhor estrutura e lógica ao serem produzidas”, comemora Klismann.
Uma segunda chance: apenadas fazem aulas regulares dentro do presídio
Zayra Amorim/Iapen
Mesmo avaliando que, de 10 alunos, apenas metade irá continuar lendo quando sair, o professor se diz satisfeito com o trabalho que vem sendo feito.
“Eu me sinto desafiado, porque tenho quase 300 alunos. Isso é gratificante, porque os números de inscritos no projeto já ultrapassa os 600 alunos ao todo. Vejo a evolução deles”, festeja.
Um dos participantes do projeto de leitura tem 45 anos, é eletricista de sistema, e agradece ao cuidado que recebe nos projetos, justamente pela rotina de leitura, distração e aprendizado. Segundo ele, já leu cerca de 20 livros dentro do presídio e o que mais gostou foi Peter Pan.
“Em primeiro lugar, isso aqui [os projetos] são um bênção. É uma atenção especial que eles dão pra gente cumprir mais rápido nossa pena, dando uma boa remissão. Eu já lia bastante antes, eu gosto, por conta da minha profissão”, diz.
Construção de instrumentos: uma nova arte
Uma segunda chance: detentos aprendem profissões no Polo moveleiro em Rio Branco
Hellen Monteiro/g1 AC
Os apenados do URF, URP e Antônio Amaro também podem participar de programas que acontecem no Polo Moveleiro de Rio Branco, que fica no Distrito Industrial da capital acreana. Cursos e produção nas áreas de luthieria, marcenaria e estofaria acontecem no local.
A luthieria, por exemplo, é a arte de construir, reparar e ajustar instrumentos musicais de cordas, como violões, violinos e violoncelos. Samuel tem 40 anos, é apenado, músico há 20 anos e nunca havia trabalhado na construção de instrumentos. Nesta arte, viu a oportunidade de conhecer melhor a estrutura e entender melhor como funciona.
O músico afirma que já trabalhou no ambiente prisional na limpeza, cuidando das pessoas na enfermaria, e quando surgiu a oportunidade do projeto, logo se interessou em participar, mesmo não pensando em levar como uma profissão após cumprir sua pena.
“Minha alma é de músico. Eu gosto mesmo de fazer música. É muito trabalhoso também, as pessoas olham assim: ‘poxa, ele toca bem, canta bem’. Mas não vê o trabalho que tem por trás. A gente precisa ensaiar muito, precisa estudar muito. Mas assim, agora se quiser construir um violão, eu vou lá e faço. Agora sei exatamente fazer quando em algum momento precisar”, celebra.
Uma segunda chance: conheça os trabalhos feitos por presos que participam de programas de ressocialização em Rio Branco
Hellen Monteiro/g1 AC
Tapeçaria: compartilhamento de aprendizados
O apenado Alisson, de 45 anos, antes de cumprir uma pena privativa de liberdade, trabalhou na tapeçaria por 25 anos. Agora, ele ensina os companheiros a profissão que ama e carrega por quase toda a vida, ao passo que tem a vantagem de diminuição de pena.
“Eu me sinto muito satisfeito em pensar que quando eles saírem, eles vão ter uma profissão também. Os aprendizes estão indo bem, daqui a pouco vão todos estar fazendo tapete, poltrona, sofá, cama, um pouco de tudo”, comentou.
Felismar, de 52 anos, também ensina o ofício que aprendeu com o pai aos 15 anos de idade para outros apenados. O instrutor de marcenaria cita que além da parte moveleira, ensina a parte artesanal feita com madeira que envolve móveis no geral, esquadrilhas, miniaturas de carrinho e até mapas.
“A minha expectativa é me profissionalizar ainda mais para a área moveleira e de artesanato e passar o meu conhecimento, ser um instrutor lá fora, além de empreender nesse ramo também”, revelou ele.
Uma segunda chance: trabalho de luthieria dos apenados em Rio Branco, foi exposto durante a Expoacre 2024
Hellen Monteiro/g1 AC
Confecções: materiais doados
O chefe de departamento de ensino e produção sustentável, Luiz da Matta, esclarece que os cursos oferecidos pelo núcleo são para priorizar a ressocialização dessas pessoas. Ele ainda frisa que o ambiente onde as produções são feitas, faz com que, pelo menos um pouco, eles esqueçam que estão cumprindo uma pena.
A cada dia trabalhado, três dias são remidos da pena. Já os materiais para a confecção dos móveis, instrumentos e artesanatos, geralmente vêm de doações.
“Nós temos um termo de cooperação com Ibama e Imac, um acordo verbal, mas que futuramente será um termo de cooperação com o ICMBio para conseguir madeira. Nós recebemos doações, algumas madeiras que de repente as pessoas não aproveitariam e elas iriam para o lixo, a gente dá vida a isso, com a bioeconomia. O termo de cooperação com essas instituições especializadas em crimes ambientais, será no sentido deles trazerem madeira apreendida de crimes ambientais, então toda madeira que entra para a gente é nesse sentido”, relata.
O dinheiro com a venda da produção feita no Polo Moveleiro, é revertido em novos insumos e caso haja algo dentro do sistema que seja necessário a compra, e não esteja licitado, também pode ser utilizada essa verba.
Uma segunda chance: detentos aprendem profissões no Polo moveleiro em Rio Branco
Hellen Monteiro/g1 AC
Seleção criteriosa
Da Matta diz que a seleção de quem vai trabalhar no local é feita através de instrução normativa. Nisto, direciona que seja feita uma avaliação, onde alguns critérios precisam ser cumpridos, tais como:
precisa estar com a pena nos últimos quatro anos de cumprimento;
ter bom comportamento; e
o nome da pessoa passa pela inteligência do Iapen.
Após a verificação, no caso do trabalho remunerado, segue-se para a assistência social. O sistema prisional em Rio Branco remunera trabalhadores da cozinha. No Acre, cerca de 40 trabalhadores têm a ocupação remunerada.
“Para o trabalho remunerado, ele (preso) precisa ter alguns critérios, como por exemplo: RG, CPF, um familiar para indicar para receber os valores, então tem um certo critério que são regidos por essa instituição normativa. A nossa função aqui do trabalho é apenas o instruir na sua prática laboral, mas quem libera esse preso, quem autoriza esse preso é o diretor da unidade”, afirma ele.
O responsável pela divisão de trabalho, produção e renda, Vitor Dejanaro, especifica que na capital, é feita uma parceria com empresas terceirizadas que trabalham nas cozinhas dos presídios com a mão de obra dos próprios apenados. Eles ganham um salário mínimo sem encargos trabalhistas, pelo Fundo Rotativo.
O valor é dividido em quatro partes:
25% para a família, o preso mesmo que indica uma pessoa para cadastro;
25% para uma conta poupança, para que ele tenha acesso quando ele sair da prisão;
25% para uma conta pecúlio e;
25% para mundo branco.
Dejanaro ainda ressalta que além do dinheiro as vantagens para os apenados são várias. Ele comenta que após um dia cheio de trabalham, eles chegam na cela apenas para dormir, o que faz até esqueçam que estão neste regime de encarceramento.
“Em tese, eles não estão privados de liberdade 24 horas. Aqui ficam num ambiente ao ar livre e vão para cela apenas para dormir. É um privilégio. Por isso até mesmo nos casos sem remuneração, se você chegar num pavilhão hoje e perguntar quem quer trabalhar, não vai ter um que vai dizer que não quer trabalhar. Só ter a oportunidade de ficar fora do ambiente da cela ali durante a hora de trabalhar. Só que a gente tem que ter critérios”, assegura.
Através da ficha dos apenados, são verificadas as qualificações deles e com o que já trabalharam antes de serem presos. Se eles tiverem tempo hábil para ir para o trabalho, passam pelo processo de avaliação explicado acima.
“Quando já vem direcionado na ficha, fica mais fácil. Em alguns casos, a gente tem que ir com a comissão nos pavilhões, fazer uma espécie de pesquisa, principalmente com os que estão aptos com o tempo de pena. E aí eles vão dizer: eu sou marceneiro, eu sou lavador de carro e por aí vai”, explica.
Dejanaro destaca que há, principalmente a questão da segurança que precisa ser observada.
“O preso não poder ser faccionado, então não basta ter a vontade do preso de querer trabalhar. É aí que entra o trabalho da inteligência, que faz todo esse monitoramento dos apenados, para saber se ele está planejando alguma fuga por exemplo, um atentado contra alguém que está preso ali no mesmo pavilhão, é necessário uma seleção minuciosa”, finaliza.
Uma segunda chance: conheça os trabalhos feitos por presos que participam de programas de ressocialização em Rio Branco
Hellen Monteiro/g1 AC
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