20 de outubro de 2024

Veja o que se sabe e o que falta esclarecer sobre caso de técnica em enfermagem que morreu por overdose após comprar morfina de funcionários de hospital

Investigação aponta que funcionários mentiam sobre estado de saúde de pacientes para desviar e vender morfina para a vítima. Polícia Civil busca saber há quanto tempo desvios do medicamento ocorriam dentro de hospital. Gesielly Fernandes da Silva, vítima de overdose
Reprodução/Redes Sociais
A técnica em enfermagem Gesielly Fernandes da Silva, que morreu por overdose de anestésicos, comprava morfina de funcionários de um hospital, segundo a investigação. A Polícia Civil aponta que, funcionários, que eram amigos da vítima, mentiam sobre o estado de saúde dos pacientes internados no Hospital Estadual de Trindade (Hetrin), na Região Metropolitana da capital, para conseguirem o medicamento de forma ilícita. Veja o que se sabe sobre o caso:
1 – Desvio de medicamentos
2 – Prisão de funcionária
3 – Depressão e dependência de morfina
4 – Demissão após denúncia
5 – O que falta ser esclarecido?
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1 – Desvio de medicamentos
Frascos de medicamentos apreendidos em operação em hospital de Trindade
Divulgação/Polícia Civil
A Polícia Civil deflagrou uma operação na última quarta-feira (16), para cumprir seis mandados de busca e apreensão no Hospital Estadual de Trindade (Hetrin). De acordo com a investigação, técnicos de enfermagem e enfermeiros do hospital negociavam morfina, tramal e tramadol para terceiros e se automedicavam.
Em nota sobre a operação policial, o hospital disse que a equipe está colaborando com as investigações e que, assim que soube dos fatos suspeitos, a diretoria demitiu os funcionários envolvidos. Segundo a Polícia Civil, pelo menos cinco servidores foram desligados.
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A investigação do caso teve início após a morte de Gesielly. A Polícia Civil ainda afirmou que o hospital é vítima dos crimes que estão sendo investigados e que os funcionários demitidos são os suspeitos dos crimes.
2 – Prisão de funcionária
Uma funcionária foi presa durante uma operação da Polícia Civil no hospital, mas foi solta após conseguir um habeas corpus. O g1 não conseguiu contato com o advogado da investigada, mas à TV Anhanguera ele informou que vão provar a inocência dela no processo, mas sem dar detalhes, pois o caso está em segredo de justiça.
Na casa da investigada, foram apreendidas mais de 130 unidades de medicamentos. Sobre esses remédios, a técnica em enfermagem confirmou em depoimento que eles pertenciam ao Hetrin e também a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Trindade, onde disse ter trabalhado há algum tempo. Mesmo assim, a suspeita negou que tenha furtado os remédios. Segundo ela, eles eram de pacientes que recusaram a medicação.
“Segundo a interrogada, muitos pacientes não aceitam tomar morfina, e como seu esposo sofreu um acidente e sente muita dor, ela levava esses medicamentos para que ele tomasse”, diz o depoimento.
A Prefeitura de Trindade disse que a técnica nunca trabalhou na UPA e trabalhou apenas em áreas administrativas do Conselho Municipal de Saúde, que são áreas que não têm contato com medicamentos.
3 – Depressão e dependência de morfina
Irmã de técnica em enfermagem que morreu por overdose desabafa sobre desvio de medicamento
Segundo Jhessica Fernandes, irmã da Gesielly, a técnica vítima de overdose estava depressiva e se tornou dependente de morfina para o alívio das dores. Disse ainda que, quando a irmã não conseguia comprar, os funcionários davam o medicamento.
“Minha irmã aplicava morfina nela mesma. Ela se viciou na morfina. Nas conversas do celular dela, ela dizia que estava com dor e pedia abraços para as amigas. Ou seja, elas sabiam que minha irmã estava com depressão. Começaram a vender [a morfina], quando não vendiam, davam”, disse Jhessica.
Prints mostram conversa entre vítima e suspeita de desviar medicamentos em hospital de Trindade
Reprodução/TV Anhanguera
A data da morte da profissional da área da saúde ainda é desconhecida. Prints divulgados pela Polícia Civil mostram quando Gesielly tentava negociar o medicamento com uma funcionária do Hospital Estadual de Trindade (Hetrin), na Região Metropolitana da capital (veja acima).
4 – Demissão após denúncia
Funcionária denuncia sumiço de medicamentos em hospital de Trindade
Uma ex-funcionária do hospital onde Gesielly trabalhava revelou que foi demitida depois de denunciar o sumiço de alguns remédios. O Hetrin negou as acusações.
“Várias vezes o medicamento do nada sumia. Eu cheguei até a discutir com a enfermeira-chefe. Sei que é uma prática que já estava sendo feita dentro do Hetrin. Eu achava aquilo estranho e foi por eu fazer esses questionamentos que começaram a me perseguir e até me mandaram embora”, revelou a mulher à TV Anhanguera.
Ao g1, o Hetrin afirmou que “as acusações da suposta ex-funcionária são inverídicas” e que a unidade trabalha com “responsabilidade e compromisso”, incluindo a distribuição segura de medicamentos utilizados pela equipe da unidade.
5 – O que falta ser esclarecido?
A investigação da Polícia Civil busca saber há quanto tempo os desvios do medicamento ocorriam dentro do hospital. De acordo com Thiago Martinho, delegado responsável pelo caso, a investigação também busca saber se os funcionários atuavam da mesma forma em outros hospitais, já que trabalhavam também em outras unidades.
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