19 de outubro de 2024

Olimpíadas biônicas: conheça atleta do DF que vai competir na Suíça

Torneio desafia equipes do mundo todo a desenvolver tecnologias que podem ser usadas no dia a dia de pessoas com deficiência. Projeto EMA, da Universidade de Brasília (UnB), compete na categoria Corrida de Bicicleta com Eletroestimulação Funcional. Projeto da Universidade de Brasília (UnB) desenvolve bicicleta para paraplégicos pedalarem.
Guilherme Chaves/g1
Na segunda-feira (21), a equipe do Projeto Empoderando Mobilidade e Autonomia (EMA), desenvolvido na Universidade de Brasília (UnB), embarca para Zurique, na Suíça, para participar da Cybathlon. O campeonato acontece a cada quatro anos e também conhecido como olimpíadas biônicas.
👉 Este torneio desafia equipes do mundo todo a desenvolverem tecnologias que podem ser utilizadas no dia a dia das pessoas com deficiência.
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Neste ano, a competição tem oito modalidades:
Corrida de prótese robótica de braço,
Corrida com prótese de perna robótica,
Corrida com cadeira de rodas robótica,
Corrida com Robô Assistente,
Corrida com Assistente de Visão,
Corrida com Interface Cérebro-Máquina,
Corrida de Exoesqueleto,
Corrida de Bicicleta com Eletroestimulação Funcional.
Estevão Lopes representa Brasília na categoria Corrida de Bicicleta com Eletroestimulação Funcional. Mesmo sendo paraplégico, ele consegue pedalar por meio de estímulos artificiais nos músculos (entenda mais abaixo como isso acontece).
Estevão está há dez anos no projeto EMA e participou das últimas duas edições da Cybathlon, em 2016 e 2020. Em 2012, ele foi atingido por uma bala perdida e sofreu uma lesão medular, perdendo o movimento e a sensibilidade nas pernas.
Fez a reabilitação no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, e lá foi apresentado à “vivência esportiva”. Conheceu diferentes modalidades paralímpicas, como o basquete em cadeira de rodas, natação paralímpica e esportes náuticos adaptados, como a vela adaptada e a paracanoagem.
“Quando eu entrei em um barco daquele eu falei ‘Cadê a minha limitação? Cadê a minha deficiência?'” diz Estevão.
Como é a corrida de bicicleta com eletroestimulação funcional❓
A equipe utiliza neuropróteses para estimular diretamente o músculo do piloto por eletroestimulação. Os estímulos de forma ritmada, em diferentes músculos, produzem movimento.
Na parte interna do pedal, tem um sensor que capta a posição dos pés, o computador de bordo recebe a informação e envia para o eletroestimulador o momento exato de estimular cada músculo.
O controle do movimento é híbrido, uma parte é automática, pelo computador de bordo, mas o controle da intensidade do estímulo e as marchas é feito pelo piloto.
O triciclo adaptado é conectado em um computador com um software de simulação que faz medições como por exemplo velocidade, distância e tempo.
Vence quem pedalar dois quilômetros mais rápido, ou quem chegar mais longe em oito minutos.
Rumo a Zurique
O Projeto EMA foi à Suíça em 2016, onde participou pela primeira vez da Cybathlon. Em 2020, em razão da pandemia de Covid-19, o torneio aconteceu de forma virtual. O projeto brasiliense foi o único representante latino-americano.
Este ano, uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com uma universidade francesa, também compete na categoria Corrida de Bicicleta com Eletroestimulação Funcional.
O atleta brasiliense se prepara para a competição com cuidados desde a alimentação até treinos de força muscular. Em casa, Estevão tem um equipamento que permite fortalecer a musculatura das pernas, e diz estar em sua melhor forma.
“Hoje, mesmo usando uma cadeira de rodas, a minha vida é mil vezes melhor do que era antes”, diz o paratleta.
Alexandre Peres que está há dois anos no projeto é outro competidor de Brasília. Ao g1, ele diz estar animado para viajar e conhecer a tecnologia de outras equipes.
“É o lugar com as maiores mentes no campo de reabilitação. Estou muito empolgado e muito focado no meu projeto”, diz Alexandre
Projeto EMA
O Projeto EMA – Empoderando Mobilidade e Autonomia – é uma iniciativa 100% brasiliense. Ele é desenvolvido na Universidade de Brasília (UnB) a partir da junção de diversas linhas de pesquisa: fisioterapia, educação física e engenharias.
Os pesquisadores descobrem tecnologias assistivas, as chamadas neuropróteses, que funcionam baseadas na eletroestimulação funcional, uma maneira de estimular artificialmente os músculos paralisados, gerando a contração muscular.
O professor Roberto Baptista é coordenador do projeto. Ele diz que o objetivo “é usar tecnologias para melhorar o cotidiano de pessoas que, por algum tipo de lesão ou patologia, têm algum tipo de paralisia no membro inferior ou superior”.
Projeto da Universidade de Brasília desenvolve bicicleta para paraplégicos pedalarem com as próprias pernas.
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