20 de outubro de 2024

VÍDEO: pescador atravessa lago lotado de jacarés durante seca no Amazonas

Pescador ribeirinho passava de barco quando registrou diversos jacarés-açus em um banco de areia no Lago do Rei, em Carreiro da Várzea; imagens são impressionantes. Animais podem atingir até cinco metros, segundo biólogo. Pescador atravessa lago cercado de jacarés durante a seca no Amazonas
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram uma área lotada de jacarés, no Amazonas. Em entrevista ao g1, o pescador ribeirinho que fez os registros, Rainilson Souza, de 34 anos, disse neste sábado (19), que as gravações foram feitas no Lago do Rei, perto do município de Careiro da Várzea, a 20 km da capital Manaus (veja as imagens acima).
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Os dois vídeos feitos pelo ribeirinho mostram diversos jacarés em bancos de areia, que apareceram no no lago em meio à seca severa na região. Um biólogo ouvido pelo g1 explicou que os animais são da espécie jacaré-açu, que pode chegar a até cinco metros.
O ribeirinho afirma que não teve medo de passar de barco entre os animais, mas reconhece que a situação foi perigosa.
“Eu passo por ali há muito tempo, comecei a andar nesse lago desde os 12 anos. E sempre durante esse período de seca, independentemente da intensidade, os jacarés aparecem” relatou Rainilson.
Ribeirinho ficou cercado por jacarés em lagoa no interior do Amazonas
Reprodução
Segundo ele, já houve ataque de jacaré-açu a um morador da região. “Foi há algum tempo. Ele estava pescando quando a canoa bateu em um jacaré, e o animal pegou o braço dele. Ele ficou internado por muito tempo,” contou Souza.
As imagens, feitas no fim de setembro e no começo de outubro, ganharam repercussão após ele compartilhar os registros nas redes sociais. O pescador ribeirinho mantém uma página dedicada a registrar a fauna da região onde vive. Ele afirma que sua motivação vem do amor pela natureza.
Veja, abaixo, o segundo vídeo feito por ele:
Durante a seca dos rios, jacarés se reúnem nos bancos de areia formados no leito
Ildean Fernandes, biólogo especialista em crocodilianos amazônicos, explicou que os animais da espécie jacaré-açu não costumam ficar aglomerados, como aparecem nas imagens.
“O jacaré-açu tem uma tendência natural a ser solitário visto que é um animal territorialista, apesar de ter interações sociais. Porém, essas interações são limitadas principalmente durante a reprodução e proteção dos filhotes. Por exemplo, não é comum que esta espécie fique aglomerado dessa maneira”, diz o especialista.
Fernandes ressalta, no entanto, que o animal apresenta o comportamento de se reunir em grupo em algumas circunstâncias, inclusive durante períodos de seca.
“Em algumas situações eles podem ser observados próximos uns dos outros, como em áreas de alta concentração de alimento ou durante período de seca, quando os corpos d’água disponíveis se tornam limitados. No entanto, mesmo nesses casos, não há uma estrutura social ou cooperação entre eles”, disse o especialista.
O especialista afirma que, normalmente, os jacarés dessa espécie não costumam representar risco para os humanos, exceto durante o período reprodutivo. Nessa época, os machos tentam proteger seus territórios nas margens de rios e lagos, enquanto as fêmeas podem se tornar agressivas para defender seus filhotes.
“É um animal de grande porte e bastante arisco, ou seja, sensível a mudanças abruptas no ambiente, como barulhos e impactos na água. Provavelmente, o som do motor os assustou, gerando a movimentação vista nas imagens,” relatou o professor.
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Seca no Amazonas
Neste ano, o Amazonas enfrenta uma grave crise ambiental, resultado da combinação entre a seca dos rios e queimadas. Todas as calhas dos rios que cortam o estado estão em situação crítica de seca.
Manaus, por exemplo, vive a pior seca do Rio Negro em mais de 120 anos, alterando drasticamente o cenário da cidade. A situação se estende a todos os 61 municípios do Amazonas, com mais de 800 mil pessoas afetadas por esse fenômeno.
Seca em outubro de 2024 na Marina do Davi, em Manaus.
Alexandro Pereira/Rede Amazônica

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