21 de outubro de 2024

Maior predador do Rio Doce corre o risco de desaparecer; tentativa de reprodução em cativeiro acontece em zoo de BH

A depredação do habitat natural do peixe faz com que esta espécie tenha dificuldades de sobreviver. Dragas de mineração são as principais causas, segundo pesquisadores. Exemplar de surubim doce capturado para projeto de reprodução da espécie.
Projeto Surubim Doce
O Surubim Doce é um peixe que pode alcançar 1,20 metro de comprimento e pesar 22 quilos. Ele é o maior predador da Bacia do Rio Doce, região que compreende o leste de Minas Gerais e o Espírito Santo. Mas este “gigante”, de hábitos noturnos, está ameaçado de extinção.
O assoreamento do rio, a perda de mata ciliar e, principalmente, as dragas de mineração são as principais causas do desaparecimento da espécie. Hoje, ele é encontrado apenas em três pontos do Rio Doce: Rio Piranga (Ponte Nova e Guaraciaba), Rio Santo Antônio (Ferros) e Rio Manhuaçu (Aimorés). (Veja o gráfico mais abaixo)
“A principal causa da espécie se encontrar criticamente ameaçada de extinção é a destruição do habitat, visto que o peixe vive em locais com características preservadas, com locas profundas, rochosos e de corredeira. As dragas impactam diretamente nessas características do rio, que são indispensáveis para manutenção do Surubim Doce, visto que a dragagem, além de liberar contaminantes na água, acaba “revirando” os sedimentos do rio e destruindo as locas”, explicou o biólogo Frederico Fernandes Ferreira.
Os pesquisadores entraram em contato com a Prefeitura de Ponte Nova, na Zona da Mata, onde dragas de mineração foram flagradas. Mas, segundo eles, não houve retorno. O g1 também procurou o município e aguarda uma resposta.
Draga de mineração encontrada pelos pesquisadores e apontada como principal causa de extinção do surubim doce.
Projeto Surubim Doce
Conheça as principais características do surubim doce.
Dhara Assis e Kayan Albertin – g1 Artes
Reprodução em cativeiro
Por causa do risco de extinção, alguns surubins foram capturados e transferidos para o aquário do Zoológico de Belo Horizonte. O objetivo é tentar aumentar essa população em cativeiro e assim repovoar o rio.
Surubim doce capturado para ser enviado para o Aquário do Zoológico de BH
Até o momento, há três peixes no zoológico.
“O número de matrizes necessárias para se ter uma variedade genética depende de diversos fatores como encontrar os peixes e fazer o sequenciamento genético deles. Só após esse processo ser executado e o plantel ter um número ideal de peixes, com base nessas informações, poderá ser feito um plano para obter uma reprodução bem sucedida”, explicou o biólogo.
Último exemplar de surubim doce que chegou ao Aquário do Zoológico de Belo Horizonte, no dia 7 de outubro.
Projeto Surubim Doce

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