21 de outubro de 2024

Com estreia de prova pela manhã, Unicamp tem 7,1% de abstenção e aprova mudança: ‘Satisfeitíssimos’

Comvest avalia resultados como positivos e diz que vai manter a mudança no vestibular: “É algo que acreditamos que seja uma tendência”. 1ª fase vestibular Unicamp 2025 em Piracicaba
Antonio Trivelin/g1
“Satisfeitíssimos”. Foi desta maneira que a Unicamp avaliou a primeira vez que a primeira fase do vestibular foi realizado no período da manhã. Apesar de um ligeiro aumento em relação ao anterior, a abstenção de 7,1% é a menor desde 2015. O que reforça a manutenção do modelo para os próximos anos – veja índices abaixo.
“Tivemos uma resposta extraordinária, ficando apenas em 7,1%, o segundo menor índice em dez anos. É praticamente empatado com o que houve no ano passado. Estamos satisfeitíssimos. A resposta dos candidatos foi favorável”, disse o diretor da Comvest, José Alves de Freitas Neto.
AO VIVO: acompanhe a correção comentada da 1ª fase
Mudança de horário da 1ª fase do vestibular da Unicamp divide opiniões de candidatos
Ainda sobre a questão do horário, Neto pontuou que a Comvest poderia rever caso o resultado da abstenção fosse elevado.
“Uma mudança não se pode fazer para apenas um ano e retornar. Se tivesse um índice muito elevado, talvez merecesse um estudo com os candidatos. Felizmente as pessoas receberam bem, isso confirma que vamos manter nesse horário. É algo que acreditamos que seja uma tendência”.

As maiores abstenções nesta primeira fase foram registradas em Curitiba (PR) e Fortaleza (CE), com 18,09% e 14,40%, respectivamente.
Segundo o diretor da Comvest, o percentual na capital paranaense era esperado pelo fato de, neste domingo, também ser realizado o exame da Universidade Federal do Paraná. Já em Fortaleza, o índice ficou dentro do registrado em outros anos na capital cearense.
“Tudo isso está dentro das variáveis. É normal que quanto mais perto da universidade, mais os candidatos estão acompanhando (…) mas os índices de aprovação em Fortaleza são satisfatórios para nós”, detalhou Neto.
Clima
Segundo José Alves de Freitas Neto, a equipe estava receosa com a previsão do tempo, que havia alertado sobre a possibilidade de temporais no estado de São Paulo, mas em nenhuma localidade houve problemas relacionados ao clima.
“Tivemos eventos (climáticos) muitos severos no ano passado, com quedas de enregia. Ficamos assustados com o que vinha sendo anunciado para essa semana. Mas o relato que tivemos foram de temperaturas amenas. Num dia de 30º C, de manhã as temperatuas são mais agradáveis do que começar”, destacou.
Se o tempo não foi problema, o trânsito provocou o único incidente em São José dos Campos (SP). Por obras na Rodovia Dutra, houve um congestionamento e o início da prova foi prorrogado por 15 minutos.
“Por volta de 8h50 tinha um congestionamento imenso por obras, e decidimos por flexibilizar, mas mesmo assim, tivemos um abstenção de 7,09%. Nenhum candidato chegou depois. Foi uma medida preventiva”, completou.
Macetando
A primeira fase do vestibular 2025 da Unicamp abordou as enchentes no Rio Grande do Sul, o uso de gírias pela geração Z até a música “Macetando”, hit do carnaval 2024. Onda de calor e guerras atuais, como os conflitos entre Rússia e Ucrânia e Israel Palestina também foram tratados na prova.
Sobre a questão que usou a música de Ivete Sangalo, a coordenadora acadêmica da Comvest, Márcia Rodrigues Mendonça destacou como a prova explorou o verbo para avaliar o conhecimento da língua entre os estudantes.
“Uma brincadeira para entender o sentido desse verbo, não só no contexto do conhecimento gramatical, mas envolvia entender a música. Por que isso dá o que falar. E não dizer o que está macetando, vira um verbo cheio de sentidos, do humor, algum tipo de insinuação muito comum. Optamos por explorar isso”, explicou.
A prova também abordou temas como:
Sustentabilidade na biodigestão de vinhaça do etanol;
Cálculo sobre oxigênio e gás carbônico num submarino nuclear;
Covid-19 e o acúmulo de muco nas vias aéreas;
Dengue, zika e chikungunya;
Grafite e feminismo;
Usos de celulares “apenas para falar” (duplo sentido do telefone portátil);
Texto sobre o mito da caverna de Platão;
Cidadania e direito das mulheres;
Memória da ditadura e direitos humanos na Argentina
Análise da obra “3 de maio de 1808”, de Francisco Goya
Nota do Brasil no PISA na prova de matemática;
Eugenia no início do século XX
Estudantes que deixaram a prova em Campinas (SP) citaram que questões climáticas também estiveram presentes na prova, com as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul.
A responsabilidade dos entes federados brasileiros nos casos das inundações, além de ⁠mudanças climáticas, correntes de ar e as alterações nos voos comerciais também foram abordadas.
Na prova de inglês, a Unicamp fez uma abordagem sobre gírias da geração Z, além de profissões e gênero em um dos textos de apoio.
Sobre o cálculo sobre oxigênio e gás carbônico num submarino nuclear, embora não citado diretamente, o caso do Titan, que implodiu durante expedição aos destroços do Titanic, serviu como inspiração para a questão.
Obras
Da lista de nove obras indicadas para o vestibular, seis foram abordadas na prova de 1ª fase da Unicamp. São elas:
A vida não é útil – Ailton Krenak
Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sá – Lima Barreto
Niketche – uma História de Poligamia – Paulina Chiziane
Morangos mofados (Contos escolhidos) – Caio Fernando Abreu
Canções escolhidas – Cartola
Alice no país das maravilhas – Lewis Carrol
Interpretativa
“É a minha terceira faculdade. Mudou bastante a prova. Eu achei uma prova mais interpretativa que as outras. Até a questão de línguas, que era mais gramatical, foi bem interpretativa. Achei bem legal. O que me parece é que estão trazendo bastente questões sociais. A mulher muito presente, e a questão étnica presente também, não só de afrodescendente, mas de povos indígenas”, destacou Vitória Siqueira.
A candidata de 28 anos prestou o vestibular em Piracicaba, e tenta vaga em ciências sociais. Ela já é formada em cinema e filosofia, e trabalha com Recursos Humanos (RH) “Gosto de estudar. Não é uma coisa que vou trabalhar”, explicou.
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Vitória Siqueira busca vaga em Ciências Sociais e destacou temas sociais presentes na primeira fase do vestibular da Unicamp.
Antonio Trivelin/g1
Morador de Valinhos (SP), o estudante Felipe Manzano, de 19 anos, tenta uma vaga em engenharia de controle e automação. Ele avaliou que a prova foi menos complexa que o esperado.
“Achei a prova relativamente tranquila, mas por ter muitas questões, satura demais. Em matemática, achava que cairia umas questões mais complexas”, disse.
A 1ª fase
O exame deste domingo (20) começou às 9h e tem duração de cinco horas. Ao todo, 63.004 estudantes de todo o país se inscreveram para a 1ª fase e disputam 2.537 vagas em 69 cursos superiores.
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A prova da primeira fase é composta de 72 questões de múltipla escolha, distribuídas da seguinte maneira:
12 questões de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa
12 questões de Matemática
7 questões de História
7 questões de Geografia
3 questões de Filosofia
3 questões de Sociologia
7 questões de Física
7 questões de Química
7 questões de Biologia
7 questões de Inglês
Cada questão tem quatro alternativas e vale um ponto.
FOTOS da 1ª fase da Unicamp
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