21 de outubro de 2024

Exemplo no combate à fake news, Finlândia investe em educação de mídia na escola

Reportagem especial mostra por que o país lidera ranking de combate às mentiras digitais. Exemplo no combate às fake news, Finlândia investe em educação de mídia na escola
O Fantástico foi conhecer um país que vem educando diferentes gerações para detectar manipulações e falsidades. A Finlândia se destacou nos últimos anos como líder mundial no combate à desinformação. Os correspondentes Rodrigo Carvalho e Ross Salinas mostram agora as lições dos finlandeses contra a praga mundial das fake news.
A Finlândia introduziu a “Alfabetização Midiática” no currículo. Desde a pré-escola, crianças aprendem a avaliar conteúdos. Recentemente, Evelyse Eerola, professora na rede pública em Helsinque, fez uma atividade em sala de aula, ela criou uma fake news e perguntou para as crianças se era verdade. A fakenews dizia que o prefeito proibia animais de estimação. “Elas disseram que isso não poderia ser verdade e começaram aplicar a lei das perguntas. A gente ensina as crianças a perguntar: ‘isso faz sentido?’, ‘por quê’, ‘por que alguém faria isso?’ ‘isso tá dentro da lei?’, ‘quem falou?’, ‘onde tá escrito?’, ‘onde eu posso verificar isso?'”, conta a professora.
A ideia de uma educação anti-fakenews ganhou força em 2014, após a invasão da Crimeia. A Finlândia percebeu que a internet era um novo campo de batalha. Pioneira no combate à desinformação, foi o primeiro país da UE a condenar alguém por campanha de ódio com base em fake news. O tribunal mandou pra cadeia um ativista pró-Vladimir Putin por difamação contra uma jornalista da Finlândia. Ela denunciava a propaganda russa na internet.
Os esforços não foram só na esfera legal, na educação foi preciso pensar realmente alto. No ensino, a abordagem é interdisciplinar. Em matemática, mostram como manipular estatísticas. Nas aulas de biologia, discutem a crise climática e a manipulação de dados. “Sempre dá pra manipular, se um gráfico considera um período curto de tempo e não um recorte histórico maior, parece que não há mudança climática”, alerta um professor Mikko Nieminen, professor de biologia e geografia.
Mas o desafio maior é o deepfake. “É cada vez mais difícil diferenciar vídeos reais de manipulados”, afirma Leo Pekkala, diretor da agência de alfabetização midiática. “Não temos ainda uma estratégia contra deepfake, e não tenho certeza se precisamos. Nossa estratégia seria tentar tornar as pessoas tão alfabetizadas em mídia que ‘ok, provavelmente estou assistindo a uma deepfake'”.
Na TV Yle Mix, Jasmin, apresentadora jovem, aborda fake news de forma leve, educando crianças e adolescentes a identificá-las. O resultado? Quatro horas de fila por autógrafos em um evento recente!
“Sempre sublinhamos que somos uma plataforma de notícias. Podemos fazer de um jeito engraçado, mas não distorcemos a verdade”, explica Jasmin Beloued.
A Finlândia, teve duas eleições esse ano, pra presidente e para Parlamento Europeu. E nenhum dos nossos entrevistados lembrou qualquer desinformação. E no ranking internacional de combate à fake news, os finlandeses estão no topo há seis anos.
“Foi uma defesa da democracia, uma defesa do senso crítico”, diz a professora Evelyse Eerola.
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