21 de outubro de 2024

Representante farmacêutica de Ribeirão Preto descobre nódulo no seio durante consulta para marcar parto

Vanessa Benelli estava na espera do seu segundo filho quando teve o primeiro contato com o tumor. Segundo INCA, Brasil deve registrar 704 mil novos casos de câncer a cada ano até 2025. Representante farmacêutica de Ribeirão Preto descobre nódulo no seio durante consulta para marcar parto
Arquivo Pessoal
Os momentos antes da chegada do segundo filho da representante farmacêutica de 39 anos, Vanessa Benelli, de Ribeirão Preto (SP), foram de tensão. Isso porque, na consulta para marcar o parto, já com 38 semanas de gestação, ela descobriu um nódulo no seio.
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Ao g1, ela contou que já no dia seguinte, marcou um novo exame de ultrassom e viu que se tratava de um BI-RADS 4C, uma lesão com alta suspeita de malignidade. No entanto, como estava a dois dias do parto, a médica na época sugeriu esperar.
“Eu estava com muitas glândulas mamárias e a sugestão foi aguardar o bebê nascer, quando ele nascer a gente vê se vai continuar ou não o carocinho. Quando ele nasceu, o carocinho sumiu. Na verdade, não é que ele sumiu, minha glândulas mamárias aumentaram e eu errei em não ter feito o ultrassom novamente”.
Vanessa lembra que este primeiro contato com o nódulo aconteceu no dia 12 de junho de 2023, mas foi só em janeiro de 2024, após o período de amamentação, que procurou a ginecologista novamente.
O caroço, que estava com dois centímetros no primeiro ultrassom, já tinha 4,5 centímetros na segunda consulta. Apesar do crescimento acelerado, a primeira biópsia deu como resultado ‘adenoso escurosante benigna’, ou seja, um falso negativo.
O oncologista Diocésio Andrade, da Oncoclínicas de Ribeirão Preto, é o médico atual da Vanessa. Ele explica que não é anormal este resultado em um primeiro momento.
“Em uma primeira biópsia, ela não veio positiva e depois esse tumor aumentou um pouco e ela pediu uma outra opinião, pediu outra biópsia e veio positivo. Isso pode acontecer”.
O médico alerta que segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) são esperados no Brasil 704 mil novos casos de câncer a cada ano até 2025. Em Ribeirão Preto, os diagnósticos tiveram aumento de 74,8% de 2022 para 2023, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.
Positividade durante o tratamento
O diagnóstico errado poderia ter tirado a chance de Vanessa fazer o tratamento correto. Ela lembra que, assim que a primeira biópsia veio negativa, marcou a cirurgia para a retirada do nódulo, mas um alerta da irmã a fez procurar uma segunda opinião médica.
Foi neste momento que a representante farmacêutica descobriu que se tratava de um tumor maligno que já estava com quase sete centímetros. Ela lembra que logo em seguida já começou o tratamento com quimioterapia.
“Eu fiz 12 sessões de quimioterapia semanais e agora fiz mais quatro, que a gente chama de vermelha, que é um pouco mais forte. Depois, faço a cirurgia no início de novembro, provavelmente, a rádio e mais nove sessões de imunoterapia. O caminho ainda é longo”.
Vanessa Benelli está em tratamento em Ribeirão Preto
Arquivo Pessoal
Apesar de ser um tratamento agressivo, Vanessa sempre se manteve positiva e pensando na cura. Ela afirma que, por tratar o período difícil de maneira mais positiva, conseguiu ter poucos efeitos colaterais durante boa parte do tratamento.
A representante farmacêutica diz que, no período, sentiu apenas coceira pelo corpo, mas nada muito grave. O susto mesmo veio só nas últimas sessões ‘vermelhas’ — que são aquelas que utilizam medicamentos das classes das antraciclinas, frequentes em casos de câncer de mama.
“Eu fui para a emergência com uma febre de 37,9º e fui internada, porque meus exames deram alterados por conta de uma anemia. Fui pega de surpresa, porque não estava me sentindo tão mal a ponto de internar”.
Depois disso, ela diz, passou a ser importante se manter positiva, pensando que, a cada sessão, a cura está mais perto. É este pensamento que motiva Vanessa a seguir firme o tratamento.
Mudança de rota
A positividade, no entanto, não esteve presente desde o início. Vanessa lembra que se assustou bastante quando veio a opinião do segundo médico que procurou.
“Eu já estava muito certa que ia fazer a cirurgia, era benigno e tudo, quando o médico me falou abertamente que era provável que a gente estivesse diante de um tumor maligno. Meu chão se abriu, meu mundo caiu, eu tinha um bebê de 3 anos e outro de 10 meses”.
Ela lembra que tinha acabado de voltar da licença maternidade e tinha vários projetos profissionais. Além disso, o fato de morar longe da família restringiu o apoio durante o período de tratamento.
Por sorte, a empresa que Vanessa trabalha há nove anos concedeu uma exceção para que ela trabalhasse em home office. O marido se tornou o principal apoio e isso foi essencial.
“Eu fiquei bem apavorada neste momento, não sabia se ia dar conta de passar por isso, por uma quimioterapia com duas crianças pequenas, mas, por incrível que pareça, só no dia que eu internei que não consegui cuidar dos meus filhos”.
Vanessa Benelli com o marido e os dois filhos antes do início do tratamento em Ribeirão Preto
Arquivo Pessoal
A representante revela que sempre teve medo de realizar o autoexame, mas diz que isso poderia ter ajudado no diagnóstico e no tratamento. Para ela, a principal lição durante o período é de se colocar como prioridade para estar bem para o trabalho e a família.
“A mulher tende muito a se colocar sempre em último plano, a gente sempre pensa nos filhos, pensa na família, no trabalho, a gente nunca olha pra gente. A gente se acha a mulher maravilha, que dá conta de tudo”.
Diagnóstico e tratamento
Segundo o médico oncologista Diocésio Andrade, apesar de o autoexame ser muito importante em qualquer idade, o ideal é realizar a mamografia anualmente a partir dos 40 anos de idade e sempre procurar um profissional para realizar exames adicionais
“O autoexame não substitui nunca a mamografia e ultrassom, é importante para a mulher conhecer o próprio corpo e, se notar uma alteração, procurar o médico especialista. Sempre que você conhece o seu corpo, fica mais fácil para ver alguma alteração”.
Autoexame é importante na prevenção do câncer de mama, mas não deve substituir a mamografia
Crédito: Divulgação
Diversos fatores estão relacionados ao câncer de mama, como aspectos da vida reprodutiva, hormonais, hereditários, genéticos, comportamentais e ambientais. O médico explica que, no caso de Vanessa, foi feito o exame genético e o resultado deu negativo.
Ainda segundo Andrade, quanto mais precoce o câncer for diagnosticado, maior a chance de cura. Ele explica que atualmente existem diversos tratamentos com menos efeitos colaterais que antigamente.
“O atraso no diagnóstico é o que mais vai interefir, impactar no pior desfecho da doença. O quanto antes essa mulher puder ter acesso a um serviço de saúde, ser examinada, com certeza vai impactar no desfecho dessa doença”.
*Sob a supervisão de Flávia Santucci.
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