24 de outubro de 2024

Justiça solta motorista que atropelou e matou jovem após avançar sinal vermelho no litoral de SP

Caetano Ribeiro Aurungo, de 21 anos, morreu após ser atropelado pelo motorista, que avançou o sinal vermelho e tinha sinais de consumo de álcool. Fiança foi estipulada em mais de R$ 42 mil. Motorista de carro atropelou e matou Caetano Ribeiro Aurungo (à direita) em Santos (SP)
Ariane Andrade e Redes sociais
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu liberdade provisória a João Pedro Donatone, o motorista de 19 anos que atropelou e matou Caetano Ribeiro Aurungo, de 21, ao avançar o sinal vermelho em Santos, no litoral de São Paulo. Conforme apurado pelo g1 nesta segunda-feira (21), a Justiça determinou uma fiança de 30 salários-mínimos, que corresponde a mais de R$ 42 mil. O valor deverá ser quitado em cinco dias úteis.
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O caso ocorreu, na madrugada de sábado (19), no cruzamento entre as ruas Álvaro Alvim e Conselheiro Lafayette, no bairro Embaré. Caetano morreu no local do acidente. Já João Pedro, que avançou o sinal vermelho, não ficou ferido. Ele foi preso em flagrante por homicídio culposo na direção de veículo automotor.
De acordo com o boletim de ocorrência, João foi submetido a exame clínico no Instituto Médico Legal (IML) que deu negativo para embriaguez. No entanto, o laudo constou que havia sinais indicativos de que ele estava sob efeito de álcool.
Após a prisão em flagrante, o motorista passou por uma audiência de custódia em que o juiz concedeu a liberdade provisória. Segundo a decisão, ele deverá comparecer em juízo bimestralmente e justificar as atividades.
A primeira apresentação deverá ocorrer ainda nesta semana, quando expira o prazo para pagamento da fiança estipulada em 30 salários-mínimos. Ele tem cinco dias úteis a partir da decisão, publicada no sábado (19), para fazer o pagamento.
O juiz ainda definiu que João Pedro deverá comparecer a todos os atos de eventual processo instaurado e não poderá mudar de endereço sem avisar a Justiça. O TJ-SP também suspendeu o direito de João Pedro dirigir por pelo menos 180 dias. Ele, inclusive, deverá entregar em juízo a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Carro avançou sinal vermelho e matou motociclista em Santos (SP)
Ariane Andrade
Família da vítima
A família de Caetano garantiu que irá lutar para que o suspeito responda pelo crime. Segundo a avó Vanda Freire Aurungo, testemunhas do acidente disseram que o motorista chegou a tentar fugir após o atropelamento. “Conseguiram pegá-lo porque ele bateu o carro. […] Ele falou que era mais uma morte. Ele não parece estar muito preocupado com o próximo”, afirmou.
De acordo com ela, a prisão de João Pedro não trará o neto de volta, mas garantirá que o caso não seja impune. “Ele matou meu neto. Eu acho que a partir do momento que você bebe, passa em um sinal vermelho e mata uma pessoa, não dá para chamar de dolo eventual”, desabafou.
Vanda afirmou que pretende acompanhar as investigações do caso. “Vou acompanhar todo o andamento para poder fazer Justiça, porque ele era o meu príncipe, o meu neto, ele morava comigo desde que nasceu, então eu não vou deixar isso para lá”, finalizou Vanda.
Procurada pelo g1, a defesa de João Pedro Donatone não se manifestou até a publicação desta reportagem.
Vanda Freire Aurungo tinha a guarda do neto Caetano Ribeiro Aurungo e diz que irá lutar por justiça
Arquivo Pessoal
Quem era Caetano?
Caetano deixou dois irmãos caçulas, sendo uma menina de 14 anos e um menino de 11. O trio morava com os avós paternos no bairro Aparecida. Vanda contou ao g1 que possuía a guarda dos três netos, apesar de todos terem contato com os pais biológicos.
O pai de Caetano morreu no dia 14 de agosto após adoecer. No entanto, semanas antes de ficar doente, o pai do jovem havia voltado a morar na casa da mãe e, consequentemente, ter mais convívio com Caetano.
“Eles conversaram, desabafaram um com o outro e o Caetano estava até feliz com essa situação. Ele comentou isso comigo essa semana que passou, falou que estava contente de ter essa aproximação com o pai, aí aconteceu isso do pai adoecer e falecer […]. Ele ficou muito mal, acho que esperava uma aproximação, que aconteceu, mas não teve continuidade”, afirmou Vanda.
Vanda perdeu o filho e o neto em um intervalo de dois meses
Arquivo Pessoal
Vanda é auxiliar de secretaria na Universidade Santa Cecília, onde Caetano cursava Engenharia da Computação. Ela disse que o neto sonhava em ter uma profissão e ser independente, mas acabou trancando a faculdade semanas antes de morrer.
Ela descreve o neto como um jovem caseiro, tranquilo e que tinha como principal hobby jogar no computador com os amigos. “Um menino bom, tranquilo mesmo, ele era uma pessoa incrível, calado, fechado, mas uma pessoa incrível”, relembrou. Segundo Vanda, o sonho dele era se sustentar e ser independente.
Caetano Ribeiro Aurungo morava com os irmãos caçulas e os avós paternos em Santos (SP)
Arquivo Pessoal
Antes do acidente
Segundo a avó, Caetano foi atropelado enquanto estava a caminho da casa de um amigo. Momentos antes, ele estava na própria residência jogando com os colegas pelo computar. Vanda disse que chegou a chamar atenção do neto, pois ele avisou que sairia por volta de 2h de sábado.
“Falei: ‘Caetano, você está de brincadeira, essa hora’. Mas eles [amigos] faziam isso sempre. […]. Ele tomou banho, pegou a moto e saiu. Isso devia ser umas 3h e pouquinho. Com certeza, ele estava indo para a casa do amigo, porque todos eles estavam reunidos lá”, disse.
Vanda disse que o grupo de amigos era a mesma turma da infância, que não costumava frequentar baladas, mas confraternizar nas próprias casas. “Eles se ajudavam, conversavam. Quando um estava mal, os outros iam para casa daquele um. E eles tinham uma troca muito bonita, tanto que no velório, os amigos dele chegaram todos chorando”, relembrou a auxiliar de secretaria.
Caetano Ribeiro Aurungo, de 21 anos, morreu em acidente de trânsito em Santos (SP)
Arquivo Pessoal
Acidente
Segundo a Polícia Militar (PM), a corporação foi acionada para atender uma colisão entre uma moto e um carro por volta das 3h40 de sábado (19) no cruzamento entre as ruas Álvaro Alvim e Conselheiro Lafayette, no bairro Embaré.
Ao chegar no local, os agentes encontraram o motociclista no chão, já sendo atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A morte foi constatada no local.
A Secretaria de Segurança Pública informou que os policiais apuraram que o condutor do carro atingiu o motociclista após avançar o sinal vermelho. O local foi isolado pelos policiais até a retirada do corpo e a ocorrência foi apresentada na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santos.
A autoridade policial requisitou exames ao corpo da vítima e os trabalhos de perícia foram realizados no local do acidente. A liberação do trecho, segundo a Prefeitura de Santos, aconteceu por volta das 10h de sábado.
Caso aconteceu no cruzamento entre as ruas Álvaro Alvim e Conselheiro Lafayette, no bairro Embaré, em Santos
Ariane Andrade
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