25 de outubro de 2024

‘Me enterraram e vou tentar ressuscitar’, diz Rivaldo Barbosa sobre a prisão em depoimento ao STF sobre caso Marielle

Delegado da Polícia Civil do RJ presta depoimento nesta quinta (24) sobre as acusações de que participou do planejamento do crime contra a vereadora e que ajudou a obstruir as investigações. Delegado Rivaldo Barbosa em depoimento no STF nesta quinta-feira (24)
Reprodução
O delegado Rivaldo Barbosa presta depoimento nesta quinta-feira (24) no Supremo Tribunal Federal (STF) no processo que apura a atuação de mandantes da morte da vereadora Marielle Franco, em 14 de março de 2018.
O delegado, que foi apontado pela Polícia Federal como mentor do assassinato da vereadora, abriu o seu relato dizendo que a sua prisão em março de 2024 significou a sua morte.
“Eu fui assassinado. Me prenderam, me botaram numa viatura e me trouxeram para cá. Me enterraram e vou tentar ressuscitar. Eu acredito na Justiça. A minha liberdade tem que vir em razão da verdade e ela já brotou”, afirmou Rivaldo.
O depoimento de Rivaldo Barbosa segue a mesma estrutura da audiência dos irmãos Brazão: o deputado federal Chiquinho (sem partido) e do conselheiro Domingos Brazão.
O desembargador Airton Vieira, que conduz a sessão, faz perguntas e depois repassa para perguntas do representante da Procuradoria Geral da República, o promotor Olavo Pezzotti.
A seguir são as assistentes de acusação que representam as famílias de Marielle e de Anderson. Depois, os advogados dos outros quatro réus fazem questionamentos a Rivaldo Barbosa.
Interrogados pelo STF
Os depoimentos começaram na segunda-feira (21). O primeiro a ser ouvido foi o seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido).
Como o irmão, Domingos se emocionou logo no início do relato ao STF ao lembrar da família. O deputado Chiquinho acompanhava o depoimento de Domingos, por videoconferência, e também foi às lágrimas ao ver o irmão em prantos.
No primeiro dia de relato ao falar da família, Chiquinho Brazão chorou. No segundo dia contou que nunca se interessou em receber denúncias contra facções criminosas. Ele respondeu às perguntas dos assistentes de acusação e dos advogados de defesa dele e dos outros réus.
Papel do delegado no crime, segundo a PF
Após a delação do ex-PM Ronnie Lessa, acusado de ser o executor do assassinato, a Polícia Federal concluiu que Rivaldo já tinha uma “relação indevida” com os mandantes – segundo a corporação os irmãos Brazão – antes mesmo do crime.
De acordo com a ordem de prisão, “se verifica claramente que o crime foi idealizado pelos dois irmãos e meticulosamente planejado por Rivaldo”.
“E aqui se justifica a qualificação de Rivaldo como autor do delito, uma vez que, apesar de não ter o idealizado, ele foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato, ao ter total ingerência sobre as mazelas inerentes à marcha da execução, sobretudo, com a imposição de condições e exigências”, diz o relatório da PF.
Segundo a investigação, Rivaldo exigiu que Marielle não fosse morta entrando ou saindo da Câmara. “Tal exigência tem fundamento na necessidade de se afastar outros órgãos, sobretudo federais, da persecução do crime”, diz a PF.
A polícia concluiu também que, durante o tempo em que chefiou a polícia, o delegado buscava “desviar o foco da investigação daqueles que são os verdadeiros mandantes”.
Essa reportagem está em atualização

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