25 de outubro de 2024

Professor acusado de preconceito e ameaças contra alunas travestis é afastado da USP em Ribeirão Preto

Jyrson Guilherme Klamt já tinha sido suspenso das atividades no Hospital das Clínicas (HC). Em novembro de 2023, ele foi denunciado por duas estudantes do curso de medicina. Professor da USP suspeito de transfobia em Ribeirão Preto é afastado por 90 dias
O professor Jyrson Guilherme Klamt, acusado de transfobia contra duas alunas travestis do campus da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP) em novembro de 2023, foi suspenso das atividades na Faculdade de Medicina por 90 dias.
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A punição se dá com a conclusão da comissão processante instituída pela direção da Faculdade de Medicina. O professor também tem que frequentar, obrigatoriamente, um curso de letramento em identidade de gênero e sexualidade, promovido pela Comissão de Inclusão e Pertencimento da instituição.
Em nota, a Faculdade de Medicina disse que reforça sua posição de não admitir qualquer tipo de preconceito ou situação de intolerância envolvendo religião, etnia e gênero na sua comunidade acadêmica.
Em agosto deste ano, Klamt já tinha sido afastado do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto por 180 dias. Com a medida, aplicada em tom punitivo, ele não pode exercer nenhuma atividade clínica no hospital.
Procurada, a defesa do professor preferiu não se manifestar sobre o assunto.
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Stella Guilhermina Branco Fontanetti e Louise Rodrigues e Silva, médicas formadas pela USP em Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
Preconceito e ameaça
O ataque aconteceu em novembro de 2023. Louise Rodrigues e Silva e Stella Branco, as primeiras alunas travestis da história do curso de medicina em Ribeirão Preto, contaram que foram ofendidas e ameaçadas pelo professor enquanto estavam em uma lanchonete do campus.
Um dia antes, a faculdade havia implementado o uso livre de banheiros no prédio, conforme identificação de gênero.
“Esse professor se aproximou já em tom de deboche e ironia sobre a questão do dia anterior [inauguração do banheiro livre] e começou a falar coisas de formas irônicas, pejorativas. Ele emendou e perguntou pra mim qual banheiro eu iria usar a partir de agora. Nesse momento eu devolvi perguntando qual banheiro ele achava que eu deveria utilizar. Ele não respondeu e voltou a falar o quão absurdo ele achava pessoas trans usarem o banheiro de acordo com o gênero que se identificam e que a faculdade já não era mais a mesma”, disse Louise.
As duas jovens ficaram sem reação ao escutar o professor e disseram que ele prosseguiu com ameaças e ofensas.
“Aí ele se manifesta dizendo que se a gente usasse o banheiro em que a filha dele estivesse presente, a gente sairia de lá morta. Sem contar que durante toda abordagem ele me tratou no masculino. Já era um professor que me conhecia, sabia meu nome, já tinha passado em uma aula com ele e ele já tinha passado por situações de desrespeito com meu pronome, mas nunca direcionado. Dessa vez ele veio diretamente a mim.”
Um boletim de ocorrência foi registrado como injúria racial pelas estudantes.
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