27 de outubro de 2024

Veja o que é #FATO ou #FAKE no debate da Globo no segundo turno entre Boulos e Nunes

Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), que disputam a Prefeitura de São Paulo, participaram do último encontro antes do 2° turno das eleições 2024. Guilherme Boulos e Ricardo Nunes no estúdio
Fábio Tito/ g1
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), que vão se enfrentar no segundo turno das eleições 2024, participaram nesta sexta-feira (25) do debate da TV Globo.
Foi o último encontro antes do segundo turno, que acontece neste domingo (27). O debate foi conduzido pelo jornalista César Tralli.
A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações dos dois políticos. Leia:
Guilherme Boulos (PSOL)
“Esse é o terceiro apagão no seu governo em menos de um ano.”

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A declaração é #FATO. Veja por quê: A cidade de São Paulo registrou neste mês o terceiro apagão em menos de um ano, como afirmou o candidato. De acordo com levantamento da GloboNews, o primeiro apagão foi registrado em novembro de 2023, onde moradores da Região Metropolitana de São Paulo ficaram uma semana sem energia. Em março de 2024, um novo apagão deixou moradores da região central de São Paulo no escuro por mais de 30 horas. Em outubro, a falta de luz atingiu mais de 3 milhões de pessoas na Grande São Paulo.
“Você dizia que era a favor da vacina. Aí, recebeu o apoio do Bolsonaro, passou a dizer que é contra a vacina. Você dizia que o Bruno Covas tinha acertado na pandemia, recebeu o apoio do Bolsonaro e passou a dizer que o Bolsonaro fez tudo certo na pandemia.”

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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Em entrevista ao podcast de Paulo Figueiredo e ao canal Te Atualizei, Ricardo Nunes não disse ser contra a vacina da Covid-19. Na verdade, Nunes afirmou ter errado ao exigir o comprovante de vacinação na cidade de São Paulo durante a pandemia e se declarou contra a imunização obrigatória para prevenir a Covid-19.
Em cortes na internet da entrevista de Ricardo Nunes no programa Roda Viva, o prefeito de São Paulo afirmou que, apesar de ter criticado o ex-presidente no passado, sobretudo por conta das ameaças de Bolsonaro à democracia, disse que “não tem crítica a Bolsonaro”. O prefeito disse ter “sempre defendido” o que Bolsonaro prega. “Sempre teve uma relação daquilo que Bolsonaro sempre defendeu e daquilo que eu defendo”, afirmou.
“Por que você [Ricardo Nunes] indicou o cunhado do Marcola do PCC para cuidar das obras da prefeitura?”
selo não é bem assim
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras da atual gestão, Eduardo Olivatto, é ex-cunhado de Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, chefe do PCC, segundo reportagem do UOL.
Olivatto é irmão de Ana Maria Olivatto, que foi casada até 2002 com Marcola, quando foi assassinada.
A reportagem do UOL, no entanto, observa que “não há indício de que a relação de sua irmã com o líder da organização criminosa tenha repercutido na trajetória de Olivatto, servidor de carreira da Prefeitura de São Paulo”.
“(…) na sua sua gestão [Ricardo Nunes] , tem mais de 80 mil pessoas vivendo nas ruas de São Paulo.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: A cidade de São Paulo alcançou no mês de junho o total de 80.369 pessoas vivendo em situação de rua. O dado mais recente foi divulgado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Os números do OBPopRua são extraídos do Cadastro Único (CadÚnico), base de dados do governo federal para recebimento de benefícios sociais, atualizados pelas próprias prefeituras, através dos chamados CRAS (Centros de Referência em Assistência Social).
A Prefeitura de São Paulo disse que a capital atende 31.884 pessoas em situação de rua. A gestão utiliza dados do Censo PopRua, publicado em 2022. A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) contesta os dados do OBPopRua.
Ricardo Nunes (MDB)
“Já contratei 2.000 guardas civis metropolitanos. Tínhamos quase 5.500. Hoje, já temos quase 7.500.”

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A declaração é #FATO. Veja por quê: Em abril de 2022, a Prefeitura de São Paulo abriu mil vagas para o concurso público de Guarda Civil Metropolitana (GCM). Os aprovados no processo começaram a fazer parte da instituição em julho de 2023. Já outros mil agentes foram convocados até julho de 2024, somando 2.000 GCMs contratados na gestão de Ricardo Nunes. No total, o efetivo atual da capital é de 7.351 profissionais.
“Hoje, são 30 (UPAs). O Bruno e eu abrimos 27. Dessas, eu abri 19.”

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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: A cidade de São Paulo, de fato, tem 30 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Entretanto, a gestão de Ricardo Nunes e Bruno Covas inaugurou 17 UPAs na capital paulista entre dezembro de 2021 e agosto de 2024 e não 27, como afirmou o candidato. Foram abertas as seguintes unidades:
Vergueiro (2021)
City Jaraguá (2021)
Mooca – Dom Paulo Evaristo Arns (2021)
Vila Mariana (2021)
Jabaquara (2021)
Cidade Tiradentes (2021)
Parelheiros (2022)
Elisa Maria I (2022)
D. Maria Antonieta Ferreira de Barros (Grajaú) (2022)
III Carrão – Vereador Masataka Ota (2023)
Rio Pequeno (2024)
Parque Doroteia (2024)
21 de Junho [Freguesia do Ó] (2024)
III Vila Maria Baixa (2024)
Dr. Atualpa Girão Rabelo (2024)
III Jardim Peri (2024)
UPA Dr. Atualpa Girão Rabelo [Itaim Paulista] (2024)
A atual gestão entregou unidades que começaram a ser construídas na gestão de Fernando Haddad (PT).
Ao final do mandato do petista, em dezembro de 2016, a cidade contava com três UPAs, conforme registrado no Plano de Metas publicado no Diário Oficial da Cidade. Haddad deixou 12 UPAs com obras em andamento, que foram posteriormente inauguradas pelos prefeitos Bruno Covas e Ricardo Nunes.
Segundo a prefeitura, as UPAs Vera Cruz e Santo Amaro também foram inauguradas por Nunes. Entretanto, essas unidades foram construídas antes de seu mandato. A UPA Vera Cruz foi concluída em março de 2018, durante a gestão de João Doria, e passou por uma ampliação que terminou em dezembro de 2023. Já a UPA Santo Amaro, inaugurada no mandato anterior de Bruno Covas, em 2018, também foi expandida, com a obra sendo entregue por Nunes em junho de 2024.
“Eu consegui elevar a saúde financeira da cidade. Resolvi a saúde financeira para cuidar da saúde das pessoas.”

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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: A gestão de Ricardo Nunes não é a única responsável pela resolução da saúde financeira de São Paulo.
Em 2015, o então prefeito Fernando Haddad (PT) assinou um acordo de renegociação da dívida da cidade de São Paulo com a União, reduzindo o valor de R$ 64,8 bilhões para R$ 28 bilhões – uma queda de 56,7%
Na época, a prestação mensal paga à União caiu de cerca de R$ 370 milhões para R$ 200 milhões. A renegociação da dívida é uma marca do governo petista.
Em março de 2022, Nunes foi responsável por assinar o acordo de R$ 25 bilhões com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) para extinguir a dívida da prefeitura com a União em troca da cessão à Aeronáutica do Campo de Marte.
Localizado na Zona Norte da capital, o Campo de Marte era disputado na Justiça pela prefeitura e pela União desde 1958. O terreno pertence ao município, porém, por ser um aeroporto, o governo federal deveria administrar e arcar com os custos, o que não acontecia.
Na gestão Nunes, a Câmara Municipal de São Paulo também aprovou a Reforma da Previdência do funcionalismo público encaminhada pelo prefeito em novembro de 2021, em meio a protestos dos servidores.
Segundo uma reportagem do Estadão de 2023, o município reduziu à metade o rombo anual com pagamentos a aposentados e pensionistas do sistema público. Em valores anuais, o déficit financeiro que era de R$ 5,6 bilhões em 2020 caiu para R$ 2,9 bilhões em 2022.
Entretanto, a lei prevê que cerca de 63 mil aposentados que ganham mais que um salário mínimo (na época, em R$ 1.100) passem a contribuir com a Previdência municipal com uma alíquota de 14%. Anteriormente, o percentual só era descontado de quem ganhava acima de R$ 6.433.
“Por que o seu partido, por que vocês entraram no STF para poder manter a saidinha dos criminosos?”

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A declaração é #FATO. Veja por quê: Em junho, o PSOL ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra a Lei de Execução Penal, aprovada pelo Congresso em maio, que proíbe a “saidinha”, termo que se refere à saída temporária de presos em regime semiaberto com bom comportamento em feriados.
O trecho que proíbe as saídas tinha sido vetado por Lula, mas o veto foi derrubado no Congresso. Segundo a ação do PSOL, a mudança fere a Constituição ao “eliminar um instrumento legal de garantia de progresso no convívio social do apenado em processo de ressocialização”. O partido também ingressou com medida cautelar para o projeto ser suspenso até que a ADI fosse julgada.
Além do partido de Boulos, também ingressaram com ADIs contra a proibição da saidinha a Associação Nacional da Advocacia Criminal (Anacrim), a Associação Nacional de Defensores Públicos (Anadep) e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Com a derrubada do veto de Lula, as saídas ficaram restritas a presos de baixa periculosidade, e apenas para que possam estudar.
“Por que você votou contra o arcabouço fiscal?”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: O arcabouço fiscal foi um projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados em maio de 2023 que estabelece novas regras sobre os gastos do governo federal nos próximos anos. Guilherme Boulos, que é deputado federal, votou contra o PL.
Apesar de também limitar os gastos, o projeto é mais flexível que o antigo teto de gastos, pois atrela a margem de crescimento das despesas ao aumento das receitas.
👉 (Esta reportagem está em atualização.)
Participaram da checagem: Ana Luiza Tieghi, Andressa Motter, Fernanda Calgaro, Filipe Vidon, Klauson Dutra, Letícia Dauer, Luciano Ferreira, Mel Trindade e Roney Domingos
Fato ou Fake explica:
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