26 de outubro de 2024

Torcedor do Botafogo diz que foi agredido ao questionar guarda sobre violência: ‘Estava alterado’

‘Só falei: ‘Que isso, brother, tá batendo nas pessoas à toa’, disse ao g1 o torcedor, que é faixa preta de boxe tailandês e não reagiu ao ser agredido com um soco no rosto e 3 pancadas de cassetete nas costas. O mesmo guarda fez desmaiar e ser internado outro homem, e está afastado. Vídeo mostra torcedor do Botafogo desmaiando ao ser agredido com cassetete por guarda
Um dos torcedores agredido por um guarda municipal na saída do Estádio Nilton Santos, na Zona Norte do Rio, contou ao g1 que apanhou ao tentar conversar com o agente quando estava saindo do estádio e o viu agredindo as pessoas.
Vídeos gravados na noite de quarta-feira (23) mostram uma confusão na saída do estádio e um dos guardas agredindo – sem ser ameaçado – ao menos dois torcedores.
Um deles foi o supervisor de logística André Moisés, que procurou a Ouvidoria da Guarda Municipal e fez um boletim de ocorrência na 24ª DP (Piedade) contra o agente público nesta sexta-feira (25).
“Eu estava saindo, vi que ele estava batendo, eu só falei :’Que isso, brother, tá batendo nas pessoas à toa’. Ele se afastou e me deu três cassetadas. Alterado, ele saiu, bateu nas pessoas, e eu fiquei parado olhando aquilo tudo”, conta ele.
Seguência de agressões do guarda
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Guarda municipal é afastado das ruas após agredir torcedores
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A confusão foi após a goleada, por 5 a 0, do time sobre o Peñarol pela Copa Libertadores.
O homem aparece no vídeo gravado por uma câmera de segurança em primeiro plano, de costas, usando um chapéu preto e com as mãos para trás (veja nas fotos acima).
André é agredido em dois momentos: primeiro, com o cassetete nas costas; depois, com um soco no rosto.
André, que é lutador e faixa-preta de boxe tailandês, em nenhum momento revida ou se altera, de acordo com as imagens e seus relatos.
“Ele falou: ‘sai daqui’. Eu coloquei a mão pra trás, para ele não falar que eu estava oferecendo perigo pra ele, e ele me deu um soco na cara. Lá na bilheteria, ele veio atrás de mim e me deu nas costas [com o cassetete], onde machucou meu ombro e eu precisei ir para o hospital”, relata.
Outro agredido desmaiou e foi internado
Dois dos agredidos pelo mesmo guarda na imagem: ao chão, o homem que desmaiou após levar uma pancada de cassetete no rosto; de costas e chapéu, André, que na sequência recebe um soco no rosco e pancadas de cassetete nas costas
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Antes de receber o soco, André observava o exato momento em que outro torcedor era brutalmente agredido com o cassetete do mesmo guarda.
O vídeo, gravado em uma rua ao lado do estádio, mostra que muitos botafoguenses estavam com a mão para o alto e não aparece ataques aos guardas.
Um dos torcedores, o motorista de aplicativo George Soares Jonard, aparece de camisa cinza nas imagens e conversa com um dos guardas, com os braços para o alto e abertos. Não há, nas imagens, nenhum esboço de agressão por parte dele e também não é possível saber o que os dois falam.
O guarda chega a dar um leve empurrão no homem, para afastá-lo, mas George segue andando e falando. Nesse momento, o um outro guarda entra no meio dos dois e agride o botafoguense com o cassetete no rosto. O homem desaba no asfalto, desacordado.
“Os guardas estavam tacando pimenta em todos que estavam saindo da Leste, meu dindo ficou revoltado e foi pedir pra pararem. Foi lá e deu um cassetete no meu dindo, e ele desmaiou”, contou ao RJ2 Pietro Maia, afilhado de George, que tinha ido com o padrinho ao jogo.
Homem que levou pancada no rosto sendo socorrido por outro botafoguense
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Outras imagens mostram ele com a bochecha muito inchada e sangrando, desorientado.
George, de 46 anos, foi levado para o interior de um condomínio, onde cuspiu muito sangue.
Após ser socorrido por torcedores, ele foi levado para o Hospital Salgado Filho, onde estava internado até a noite de sexta-feira (25). O estado de saúde dele era estável.
“Isso devia ser cobrado criminalmente. Ele foi o mais covarde de todos, agrediu várias pessoas, inclusive mulheres. A guarda sequer ligou para o rapaz. Ele poderia ter morrido”, afirma um dos torcedores que ajudou o ferido e não quis ser identificado.
Segundo ele, a agressão começou por causa da aglomeração de botafoguenses.
“Os torcedores estavam saindo da arquibancada da Leste e, como em qualquer jogo, paravam na rua pra comemorar. A Guarda, de forma covarde, começou a bater pra dispersar a galera numa rua que estava fechada para carros. Foi uma covardia sem a menor necessidade por parte da Guarda Municipal.”
“Aquilo foi tentativa de homicídio. Bater com um cassetete no rosto de uma pessoa com a força que foi, surreal. Sem o menor motivo”, diz a testemunha.
O que diz a Guarda
Procurada, a Guarda Municipal disse que “houve um conflito entre torcedores do Botafogo e equipes do Grupamento de Operações Especiais (GOE) na dispersão do jogo entre Botafogo e Penarõl. Diversos objetos, como pedras, garrafas e lixeiras públicas, foram arremessados contra os agentes, que atuaram para dispersar o tumulto com equipamentos não letais”.
A GM continua e diz que “um dos torcedores foi atingido com bastão durante a ação. Em seguida, ele foi socorrido com apoio dos guardas do GOE”.
O torcedor diz que o homem foi socorrido por torcedores, que jogaram os objetos para se defender e abrir espaço para socorrer a vítima.
Enquanto isso, a Guarda Municipal diz que chegou a chamar o Corpo de Bombeiros, mas que uma equipe médica que atuava no local chegou primeiro.
“A Corregedoria da Guarda Municipal vai apurar se houve excesso na abordagem. Mas, preventivamente, o agente foi afastado das ações nas ruas”, encerra o posicionamento.
A Prefeitura do Rio fiz que “acompanha de perto a sua recuperação”.
Torcedor ficou com a cara inchada e cuspindo sangue
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