Morador de Itu (SP), Pedro Mauro conheceu os quadrinhos ainda na infância no interior de São Paulo. Hoje, aos 71 anos, o quadrinista acumula conquistas e reconhecimento internacional. Pedro Mauro é o único brasileiro a desenha Tex Willer
Arquivo Pessoal
A infância cercada por personagens de história em quadrinhos, como Tarzan e Flash Gordon, inspirou o artista Pedro Mauro, de Itu (SP), a encontrar sua vocação. O quadrinista, de 71 anos, foi o primeiro -e único até o momento – brasileiro a desenhar oficialmente revistas do Tex Willer, a lenda do faroeste.
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Em entrevista ao g1, o artista contou sobre a carreira no mundo dos histórias em quadrinhos, dos primeiros esboços aos grandes trabalhos.
“Nasci em uma fazenda no interior de São Paulo, na cidade de Nova Europa, onde meu pai trabalhava. Vivia com meus 11 irmãos e nossa infância foi muito feliz, cercada de rios, cachoeiras e matas. Era uma vida tranquila, com muita liberdade, e foi lá que comecei a me apaixonar por quadrinhos, sonhando que um dia poderia ser um grande quadrinista”, lembra.
Aos 16 anos, no fim da década de 1960, Pedro partiu do interior para a capital paulista. Em São Paulo, o jovem teve orientação daquele que ainda é uma referência para o desenhista: Ignácio Justo, com quem trabalhou por dois anos.
“Ele foi um grande professor para mim, e foi sob sua orientação que comecei a desenhar minhas primeiras histórias, especialmente de faroeste, uma de minhas grandes paixões.”
A primeira oportunidade de desenhar quadrinhos foi ao lado de Ignácio Justo
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O primeiro trabalho da carreira de Pedro foi sobre a segunda guerra mundial. Sob os olhares e cuidados de Justo, o quadrinista ainda iniciante foi apresentado à sua grande paixão: as histórias de faroeste.
Apesar da paixão, a dura realidade do mercado editorial da época o levou para a publicidade, área em que atuou por mais de 30 anos.
Um dos trabalhos de Pedro Mauro foi sobre a segunda guerra mundial
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“Intervalo entre os quadros”
Mesmo longe das histórias com balões de diálogos e onomatopeias, Pedro conta que jamais esqueceu sua paixão e continuou “regando” a sementinha das histórias em quadrinhos.
Os 30 anos longe da prancheta deram novamente lugar ao menino sonhador. “Sempre acompanhei os quadrinhos, nunca me esqueci deles, e em 2014 tive a oportunidade de retomar minha carreira.” Pedro foi redescoberto pelo roteirista italiano, conhecido pela obra “Mágico Vento”.
“Foi uma sensação maravilhosa poder voltar a fazer o que sempre amei”, destaca.
Pedro ficou afastado dos quadrinhos até 2014, conta o quadrinista que desenhou o Tex
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O tão esperado retorno veio com convites de editoras internacionais que reproduzem personagens icônicos, como a italiana Sergio Bonelli, responsável por Dylan Dog, Zagor, Cassidy e Ken Parker, e a francesa Glénat, que publica obras como Conan e Réquiem, além dos mangás de Katsuhiro Otomo.
Além de quadrinos, Pedro Mauro autou por mais de 30 anos no ramo publicitário
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No deserto do Texas
Desenhar o personagem de faroeste mais longevo foi a realização de um sonho. Aliás, Pedro se tornou o único brasileiro a ilustrar Tex até hoje.
A história foi publicada em novembro de 2023, na Itália, e também no Brasil. A trama, escrita por um dos principais roteiristas da HQ, envolve Tex ajudando um xerife e seu assistente a proteger um prisioneiro, enquanto lidam com o sequestro da mulher do xerife.
“Foi uma história curta, mas marcante, e me senti honrado em participar desse projeto”, revela.
Por meio dos quadrinhos, Pedro Mauro conseguiu se conectar com muitos ilustradores que foram e ainda são suas inspirações. “Tive a sorte de conhecer vários artistas que admiro, tanto em eventos no Brasil quanto no exterior. Conheci Ivo Milazzo, famoso por desenhar Ken Parker, e tive a oportunidade de almoçar com ele. Mas ainda há alguns que gostaria de conhecer, como Massimo Carnevale, que desenha Dylan Dog e Tex para a Bonelli”, comentou.
Desenhos do Batman produzidos por Pedro Mauro
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Além de Tex, Pedro também trabalhou em uma história do Batman ambientada em São Paulo. Apesar de seu carinho pelo personagem de faroeste, a trilogia “Gatilho” tem um lugar especial em sua carreira.
A trilogia narra a história de um pistoleiro caçador de recompensas que chega a uma cidade abandonada em busca de Justiça. Para alcançar seu objetivo, ele enfrenta diversos desafios. O roteiro é de Carlos Estefan, e o trabalho levou três anos de dedicação.
Pedro ainda sonha em explorar novos gêneros. “Já desenhei faroeste, espionagem, piratas e bruxas, mas ainda quero explorar a ficção científica. Tenho algumas ideias e projetos em mente para o futuro”, conclui.
*Colaborou sob a supervisão de Matheus Arruda
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