28 de outubro de 2024

‘Boletim Focus’: mercado financeiro passa a estimar IPCA acima de 4,5% neste ano, com estouro da meta de inflação

Números foram divulgados pelo Banco Central. Essa é a primeira vez que o mercado estima inflação acima do teto da meta neste ano. Caso a meta não seja atingida, a instituição tem de escrever uma carta pública ao ministro da Fazenda explicando os motivos. Em setembro, inflação subiu pressionada por questões climáticas
Getty Images via BBC
Os economistas do mercado financeiro elevaram a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para um valor acima de 4,5%, que é o teto do sistema de metas de inflação em 2024.
Para este ano, a expectativa de inflação do mercado financeiro avançou pela quarta semana seguida, passando de 4,50% para 4,55%.
Essa é a primeira vez que o mercado financeiro estima que o IPCA fique acima do teto da meta em 2024. Se confirmado, será o primeiro estouro da meta desde 2022, quando a inflação somou 5,79%.
As expectativas, fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras na última semana, constam do relatório “Focus” divulgado nesta segunda-feira (28) pelo Banco Central (BC).
A meta central de inflação é de 3% neste ano – e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5% neste ano.
Caso a meta de inflação não seja atingida, o BC terá de escrever e enviar uma carta pública ao ministro da Fazenda explicando os motivos.
A projeção do mercado de que a inflação ficará acima do teto da meta neste ano acontece após a divulgação do IPCA de setembro, que veio pressionado por questões climáticas, como a seca, que impactou a energia elétrica e os alimentos.
Para 2025, a estimativa de inflação subiu de 3,99% para 4% na última semana.
E, para 2026, a expectativa permaneceu em 3,60%.
A partir de 2025, a meta de inflação é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Pelo sistema de metas, o BC tem de calibrar os juros para tentar manter a inflação dentro do intervalo existente.
Para isso, a instituição olha para frente, pois a Selic demora de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Neste momento, por exemplo, o BC já está mirando na expectativa de inflação calculada em 12 meses até meados de 2026.
Quanto maior a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente das que recebem salários menores. Isso porque os preços dos produtos aumentam, sem que o salário acompanhe esse crescimento.
Produto Interno Bruto
Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, a projeção do mercado subiu de 3,05% para 3,08%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O indicador serve para medir a evolução da economia.
Já para 2025, a previsão de alta do PIB do mercado financeiro permaneceu em 1,93%.
Taxa de juros
Os economistas do mercado financeiro continuaram prevendo aumento da taxa básica de juros da economia brasileira até o fim do ano.
Atualmente, a taxa Selic está em 10,75% ao ano, após um aumento em meados de setembro.
Para o fechamento de 2024, a projeção do mercado para o juro básico da economia continuou em 11,75% ao ano, o que pressupõe novas elevações até o fim do ano.
Para o fim de 2025, o mercado financeiro manteve a estimativa em 11,25% ao ano.
Isso quer dizer que os economistas continuam estimando corte dos juros ano que vem.
Outras estimativas
Veja abaixo outras estimativas do mercado financeiro, segundo o BC:
Dólar: a projeção para a taxa de câmbio para o fim de 2024 subiu de R$ 5,42 para R$ 5,45. Para o fim de 2025, a estimativa permaneceu em R$ 5,40.
Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção permaneceu em US$ 78 bilhões de superávit em 2024. Para 2025, a expectativa para o saldo positivo avançou de US$ 76,1 bilhões para US$ 76,8 bilhões.
Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano ficou estável em US$ 72 bilhões. Para 2025, a estimativa de ingresso permaneceu em US$ 74 bilhões.

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