29 de dezembro de 2024

Família denuncia que médica sumiu e marido que foi filmar o parto ficou sozinho para ajudar grávida a ter bebê

Ana Flávia estava internada na Maternidade Alzira Reis, em Niterói, para ter a filha. Foram 22 horas em trabalho de parto. Relatos de descaso e negligências em maternidades têm sido mais comuns do que deveriam. Em Caxias, médica foi demitida após mãe ter bebê em recepção. https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/03/27/gravida-em-trabalho-de-parto-procura-hospital-mas-nao-e-internada-e-da-a-luz-na-recepcao.ghtml Mulheres denunciam violências sofridas na hora do parto em maternidades do RJ
Uma família denuncia que ficou sozinha na Maternidade Alzira Reis, em Niterói, e que bebê acabou nascendo sem assistência médica, mesmo dentro de um hospital. O pai, que ia gravar o momento do parto, registrou a hora em que ele precisa, sozinho, ajudar a esposa a parir.
A pequena Pietra, que está com 7 meses, é uma criança saudável e não sofreu impactos. Mas, a dor do desemparo na hora do parto ainda ecoa dentro da mãe Ana Flávia.
“Ela não apareceu nem para fazer o parto normal, simplesmente sumiu do hospital. A única coisa que eu pensava era que minha filha tava sufocando, Eu me senti agredida, abandonada”, relembra a manicure.
A família afirma que quem ajudou a mãe foi uma técnica de enfermagem, e que a médica Nadir Salgado Pires, responsável pelo plantão, só apareceu uma hora depois.
“Depois eu me senti culpada porque eu acabei colocando a vida da minha filha em risco, aquilo é um risco muito grande, eu poderia ter perdido a minha filha naquele momento. Ela poderia ter nascido sem chorar. E ali não tinha ninguém pra amparar nem a mim, nem a ela”, lamenta Ana Flávia.
O parto é um momento em que as mulheres estão mais sensíveis e vulneráveis na vida. Mesmo assim, muitas relatam negligências, violências e desamparo vindo de quem deveria acolher: as equipes médicas.
Uma outra mãe, que não quis se identificar, afirma que passou cinco horas esperando para ser internada na Maternidade Doutor Mário Niajar, em São Gonçalo, com dilatação suficiente para iniciar o parto normal. Ainda assim, ela diz que foi mandada para casa.
O bebê nasceu a 16 quilômetros do local, no Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, onde a mãe ainda afirma que foi vítima de violência obstétrica. A Defensoria Pública criou um site, em parceria com a Associação de Doulas, para que mães denunciem casos de negligência.
Em nota, o Hospital Azevedo Lima nega que tenha acontecido violência no segundo caso.
A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói afirma que orienta todos os profissionais a manter o atendimento humanizado e que vai apurar o ocorrido, além de tomar medidas cabíveis. A pasta disse que está disponível aos familiares para esclarecimentos.
A equipe de reportagem tentou contato com a médica Nadir Salgado Pires, acusada pela família de ter abandonado o plantão, mas não teve retorno.
Grávida tem bebê em recepção de hospital
Uma grávida deu à luz no chão da recepção de uma maternidade Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ela não foi internada mesmo tendo chegado com antecedência no local. O caso aconteceu na última sexta-feira, dia 22 de março.
Queli Santos Adorno, de 35 anos, deu entrada para ter o quarto filho, um menino chamado Azafe.
“A primeira médica teve um ótimo atendimento, atendeu super bem a minha irmã. Ela pediu, falou assim ‘não vai para casa que pode ser que você evolua rápido, e essa criança pode nascer lá’. Então, a médica pediu para ela ficar no hospital e aguardar”, disse a irmã de Queli, Carine Santos Adorno.
Às 2h, ela passou por um, novo atendimento e foi examinada pela mesma médica.
Grávida em trabalho de parto procura hospital, mas não é internada e dá à luz na recepção
As dores foram aumentando e, às 4h, voltou ao consultório. Desta vez ela foi atendida por outra médica.
“Ela foi muito grossa com a minha irmã, a tratou com deboche. Ela falou ‘Você não deveria nem estar aqui, você deveria estar em casa, porque você está treinando’. Aí, minha irmã falou: ‘Essa aqui é minha quarta gestação, eu não estou treinando, essa criança vai nascer doutora, eu não posso ir pra casa’. E minha irmã se recusou a ir embora”, afirmou Carine.
Queli deu à luz na recepção da maternidade, em Duque de Caxias
Reprodução/ TV Globo
Um documento escrito à mão mostra que a médica mandou Queli retornar às 6h30. E registrou que a paciente se recusava a ir para casa, apesar de orientações.
O bebê nasceu na recepção da unidade, às 6h.
O pequeno Azafe nasceu na recepção de maternidade em Duque de Caxias
Reprodução/ TV Globo
A mãe e o bebê foram amparados pela primeira médica, que tinha voltado do descanso. Mas ela estava sem as luvas e o equipamento necessário.
“Eu falei, eu falei. Doutora negligente, eu falei. Disse tanto e ela não acreditou em mim”, disse Queli, chorando no chão depois do parto.
A prefeitura de Duque de Caxias demitiu a médica nesta quarta-feira (27).
Mulher dá à luz na recepção da maternidade de Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias
Reprodução/ TV Globo

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