30 de outubro de 2024

Suspeito de matar ex-mulher na frente da filha segue foragido e parentes pedem ajuda: ‘feminicídio acaba com a família de qualquer pessoa’

Paula Gomes da Costa, de 33 anos, tinha medida protetiva contra Jairton Bezerra e foi brutalmente assassinada na tarde do último domingo (27), em via pública de Rio Branco. Polícia faz buscas a procura do homem, porém ele segue foragido. Jairton Silveira Bezerra é suspeito de matar a ex-mulher na frente da filha e do pai no Acre
Arquivo pessoal
Durante o velório de Paula Gomes da Costa, 33 anos, morta com oito facadas na tarde do último domingo (27), familiares da vítima pediram ajuda à população para encontrar Jairton Silveira Bezerra, de 45 anos, ex-marido da vítima e principal suspeito de assassinar a mulher com quem foi casado por 13 anos. O velório ocorreu nesta segunda-feira (28) na casa da mãe de Paula.
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O crime, testemunhado pela filha de 7 anos do casal e também pelo pai do suspeito, ocorreu quando Paula voltava da casa de uma tia, no bairro Alto Alegre, em Rio Branco. Segundo o Centro de Operações Policiais Militares (Copom), o foragido que é gerente em uma loja de tintas na capital, estava em um veículo de cor branca.
“Estamos divulgando pelas redes sociais, pelos grupos, todo mundo está atrás dele. A nossa família, a única coisa que a gente quer é justiça pela minha tia. O que ele fez com ela foi uma forma brutal, foi uma crueldade de forma inexplicável”, lamentou o sobrinho da vítima, Lucas Gomes,
Gomes diz que nada irá trazer sua tia de volta, porém os familiares desejam que Bezerra pague pelo crime.
” Ela terminou com ele [o relacionamento] porque ele agredia ela, e isso gerou uma revolta nele que eu não sei nem explicar o porquê. A única coisa que ela queria era se livrar dessas agressões, dos maus-tratos, porque a própria filha deles pedia: ‘papai, não bate na minha mãe, papai’, e mesmo assim, ele batia nela e não parava”, contou ele.
De acordo com o sobrinho, após ela decidir separar de Bezerra e morar sozinha, ele não a deixou em paz.
“Queremos fazer um apelo para as autoridades competentes para que não deixem isso em branco, que não deixem passar. Assim como aconteceu com a minha tia, pode acontecer com a mãe, a irmã, com a sobrinha de qualquer um. Que as autoridades peguem e prendam ele. O feminicídio não é só uma morte, ele acaba com a família de qualquer pessoa”, lastimou Gomes.
Muito emocionada, a mãe de Paula, Maria Eliana Costa, também pediu que a justiça seja feita no caso de sua filha. “Eu quero que a justiça pegue esse monstro. Pelo amor de Deus, que façam justiça para não acontecer contra a vida de outra pessoa. Só isso que eu penso, que seja feita justiça”, pediu ela.
Família da vítima afirma que relação era abusiva e ex-marido violento
Meure Silva, outra sobrinha da vítima, reforçou que sua tia era uma mulher trabalhadora e honesta. “Tudo que ela queria era só construir a casa dela e criar a filha e se livrar daquele monstro, porque ele era um monstro. Desde o começo ele demonstrou todos os sinais de que esse ia ser o final dela”, lamentou ela.
Paula Gomes da Silva tinha 33 anos e era funcionária de uma clínica odontológica
Reprodução/Instagram
Marlene Costa, tia dela, relata que salvou a sobrinha diversas vezes das agressões do ex-marido. “Ela chegava 5 horas da manhã dizendo: ‘tia abre o portão que o Jair já tá me batendo’. Eu abri o portão muitas vezes pra salvar ela de madrugada. Minha sobrinha chegava me chamando e eu abria o portão pra ela. A gente quer justiça, por favor, justiça”, clamou.
Marlene comenta que a sobrinha foi morta após sair de sua casa. “Ele não tinha direito de tirar a vida da minha sobrinha. Ela estava na minha casa, ela saiu e cinco minutos depois, o vizinho chamou falando que o Jair tinha matado a Paula. Aquele homem é um monstro”, afirma.
Também revoltada, a irmã de Paula, Cristina Silva, reforçou o pedido para que o suspeito seja denunciado às autoridades.
“Ele veio e acabou com a nossa família e deixou uma criança pequena no mundo sem a mãe. Quem souber, vê alguma coisa, informe, ligue, pelo amor de Deus, denuncie. Mesmo que seja anônimo, mas denunciei. Ajude a gente ter justiça pela morte da minha irmã, porque a gente nunca pensou que a gente ia acordar um dia e ter uma notícia dessa”, diz a irmã.
A família informou que a criança está bem e está sob os cuidados da família materna, que está tentando dar todo o suporte necessário que a menina precisa.
Crime bárbaro
Paula Gomes da Costa, de 33 anos, foi morta com oito facadas no bairro Alto Alegre, em Rio Branco. O suspeito do crime é o ex-marido dela, Jairton Silveira Bezerra, de 45 anos, que após o crime teria ainda levado, à força, a filha do casal de sete anos. A criança testemunhou o crime.
De acordo com informações da Polícia Militar (PM-AC), Paula estava separada de Jairton, que não se conformava com o fim da relação. O suspeito também já tinha agredido a vítima em outras ocasiões, o que fez com ela tivesse conseguido uma medida protetiva contra ele.
“Toda vez que ele encontrava com ela fazia ameaças. Inclusive já foi no trabalho dela lá no Centro [de Rio Branco] e agrediu ela e hoje ele estava próximo à casa do pai dele quando encontrou ela”, explicou o tenente Eliabi Rodrigues, que atendeu a ocorrência.
O g1 tentou contato com a Polícia Civil e com a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) mas não conseguiu retorno até a última atualização desta reportagem.
No domingo (27), a polícia disse que estava à procura de Jairton Silveira Bezerra
Reprodução/Instagram
De acordo com um familiar que pediu para não ser identificado, ela estava separada de Bezerra há cerca de três meses, e pediu uma medida protetiva por conta de violências que sofria dele.
Ainda segundo um parente de Paula, quando ela estava no caminho, foi abordada pelo ex, que colocou a filha deles no carro. O idoso pai de Bezerra tentou impedir, mas foi empurrado por ele. Logo depois, ele atacou Paula.
“Ele sempre batia nela, mas só agora ela decidiu pedir medida. Da última vez, ele bateu nela no local onde ela trabalha. Por enquanto, a menina não contou muita coisa, está traumatizada. Ela já tinha problema em relação a isso porque ele agredia muito a mãe dela, constantemente. Um cara desse não merece nem ser chamado de gente. Fazer uma crueldade dessa com a própria mãe da filha dele, ele nem pensou na menina, menos no pai dele”, disse.
Policiais isolaram a área do crime
Andryo Amaral/Rede Amazônica
A PM do Acre disponibiliza os seguintes números para denunciar casos de violência contra a mulher:
(68) 99609-3901
(68) 99611-3224
(68) 99610-4372
(68) 99614-2935
Veja outras formas de denunciar:
Polícia Militar – 190: quando a criança está correndo risco imediato;
Samu – 192: para pedidos de socorro urgentes;
Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres;
Qualquer delegacia de polícia;
Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa;
Profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, precisam fazer notificação compulsória em casos de suspeita de violência. Essa notificação é encaminhada aos conselhos tutelares e polícia;
WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008;
Ministério Público;
Videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras).
*Colaborou Lucas Thadeu/Rede Amazônica
Mulher de 33 anos é brutalmente assassinada a facadas pelo ex em via pública de Rio Branco
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