Marinete Silva foi a segunda a prestar depoimento no Tribunal de Justiça do Rio no júri dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. Marinete Silva, mãe de Marielle
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A mãe de Marielle Franco, Marinete Silva, foi a segunda testemunha de acusação arrolada pelo Ministério Público do RJ a prestar depoimento no júri dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, nesta quarta-feira (30), e lembrou que no início foi contra a candidatura da filha a vereadora.
“Eu não sentia coisa boa no meu coração em relação ao mandato partidário”, disse a mãe da parlamentar. Logo no início do depoimento, dona Marinete disse que os réus poderiam assistir ao seu depoimento.
Apesar da angústia, Marinete disse que entendeu a escolha da filha.
“Era um momento importante sim. Marielle veio de um lugar e tinha o entendimento de direitos humanos. Então, ela faz isso com bastante propriedade quando ela chega naquele lugar” .
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Ela também lembrou que Marielle era uma mulher de personalidade e decisões fortes.
“Quem era eu na época para contrariar os desejos daquela mulher de 38 anos? Era uma mulher que tinha decisões, uma filha obediente, mas naquela hora era o que ela queria. O partido não tinha nenhuma mulher nega como candidata e chegou na hora que ela sai de uma comissão de Direitos Humanos por 10 anos. Entendendo que ela poderia fazer muito mais, foi o que ela fez, defender o outro, Então não tive como parar e não era o momento. Era o momento dela sim”, afirmou a mãe.
Para Marinete, no ano em que a filha foi morta ela estava vivendo um fase importante como parlamentar.
“”Ela estava fazendo o que ela queria, que era defender as pessoas e tendo o reconhecimento dela, do trabalho dela, como uma parlamentar que mudou a estrutura daquele lugar”
Mural em homenagem à vereadora a Marielle Franco na Avenida 9 de Julho, região do centro de São Paulo
GABRIEL SILVA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Em seguida, a juíza Lúcia Glioche se solidarizou com ela.
“[Antes de mais nada] Minha solidariedade a dor da senhora”, disse Glioche.
No depoimento, Marinete Silva contou que, após a morte da filha, passou por um câncer e por quatro cirurgias e o quanto a condenação dos assassinos da filha é importante para sua família.
“Estou aqui hoje para dizer o quanto isso é importante para mim e a minha família, sobre como a Marielle fez falta como mãe para a Luyara muito cedo. Foi doloroso e está sendo até hoje conviver com esse vazio. E ninguém pode, a não ser que tenha passado pela mesma dor que eu, saber. Era minha primogênita, uma filha a qual me dediquei a vida inteira para criar”.
Dor e sofrimento
Marinete Silva disse que, após a morte da filha primogênita, teve que conviver com as notícias falsas sobre a filha e saber que “alguém planejou a morte” da parlamentar.
“Foi tanto sofrimento, tanta fake com a minha filha, tanto ataque. Ao ponto de chegarem a dizer: ‘foi pouco, ela poderia ter sido queimada’. Isso foi muito duro. E eu não desisti. Nunca desisti de chegar a este dia”.
“Eu vivi um delírio de imaginar que tudo aquilo não poderia ser verdade. Às vezes eu não me recordava daquela noite. Seria a insanidade de uma mãe imaginar que uma filha estava viva? Não, era a dor de uma mãe. Parecia surreal. Eu me sentia em um conto de fadas naquela noite. Mas, eu não estou aqui para questionar aos propósitos de Deus”.
Após 40 minutos de depoimento, Marinete Silva foi perguntada se desejaria ir embora ou ficar no plenário. Ela optou por assistir todo o julgamento.
Depoimento de única sobrevivente
A primeira a falar à Justiça do RJ foi a jornalista Fernanda Chaves, única sobrevivente do atentado.
Ela contou como a sua “vida mudou completamente” após o duplo assassinato, lembrou como foram os últimos momentos de vida de Marielle e Anderson e que, quando estava asilada, ainda teve que explicar para a filha o que era assassinato.