‘Às vezes um puxão de orelha é um elogio’, disse uma fonte da diplomacia brasileira. Nesta quarta, Caracas se queixou a encarregado de negócios brasileiro sobre declarações de Celso Amorim, assessor de Lula, e de postura do Brasil em relação à entrada do país vizinho nos Brics. O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, durante entrevista coletiva no Palácio Miraflores, em Caracas, em 2021.
Reuters/Leonardo Fernandez Viloria
O Itamaraty não deve responde publicamente à bronca diplomática dada nesta quarta-feira (30) pela Venezuela, que convocou seu embaixador em Brasília para consultas.
➡️ A convocação de um embaixador é uma espécie de repreensão de um país a outro na linguagem diplomática internacional.
A decisão de convocar o embaixador foi comunicada pelo governo venezuelano ao encarregado de negócios do Brasil na Venezuela, Breno Herman. A embaixadora, Glivânia Maria de Jesus, está fora do país.
Segundo o blog apurou, integrantes do governo venezuelano se queixaram a Herman de declarações recentes de Celso Amorim, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, sobre a eleição no país vizinho.
Na terça (29), Amorim disse na Câmara dos Deputados que “houve uma quebra de confiança dentro do processo eleitoral, algo nos foi dito e não foi cumprido. Não quero personificar, vamos ver como isso evolui”, afirmou Amorim.
Amorim afirmou, ainda, que a entrada da Venezuela dos Brics – um pleito do governo Maduro que não foi chancelado pelo governo Lula -, “não contribui para o melhor funcionamento do bloco”, formado por Brasil, Rússia, Índia e China.
Hoje, Amorim está mais alinhado com Lula, que, por sua vez, está em consonância com o Itamaraty nas críticas ao governo venezuelano. O ex-chanceler anteriormente demonstrava uma postura mais conciliadora em relação a Maduro.
No Itamaraty, até o momento, a disposição é não responder à convocação.
“Às vezes um puxão de orelha é um elogio”, disse uma fonte da diplomacia brasileira.