Pedido ocorreu depois que Luiz Cabral Waddington Neto afirmou em juízo que foi obrigado a citar os nomes de Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, além de Rogério Andrade e Vinícius Drummond, filho de Luizinho Drummond, em depoimento na polícia. Ele ainda se disse ameaçado por Bernardo Bello. Câmera de segurança flagrou momento em que homem foi morto a tiros na Tijuca
O promotor Fábio Vieira dos Santos, do Ministério Público (MP), pediu ao juízo do 3º Vara Criminal, para não levar a júri popular, por falta de provas, três acusados da execução de Fernando Marcos Ferreira Ribeiro, conhecido como Fabinho, em abril de 2023, na Tijuca.
O pedido ocorre semanas depois que Luiz Cabral Waddington Neto voltou atrás, em juízo, em relação a um depoimento que tinha dado à polícia, no qual falou que havia uma guerra entre a “Nova Cúpula” do jogo do bicho contra Bernardo Bello.
Segundo as investigações, Fabinho seria ligado, à época do crime, ao contraventor Bernardo Bello, que tinha o controle dos pontos do jogo do bicho na região. Marcos Paulo Gonçalves Nunes, o Direto; o PM Allan dos Reis Matos e Vitor Luís de Souza Bernardes foram acusados de serem os responsáveis por monitorar e repassar informações para a execução de Fabinho, assassinado em plena luz do dia. O promotor também pediu a revogação das prisões dos três.
A participação do trio chegou a ser corroborada em depoimento na Delegacia de Homicídios por Luiz Cabral, contraventor confesso, que denunciou mortes por disputas de pontos do bicho entre Bernardo Bello e Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho. Mas Cabral voltou atrás em depoimento à Justiça.
Marcos Paulo Gonçalves Nunes e Vitor Luis de Souza Fernandes
Reprodução/TV Globo
“Como visto, a conclusão de que os réus teriam participado do crime monitorando a vítima se deu com base, exclusivamente, nas declarações prestadas pela testemunha Luiz Cabral, as quais teriam sido, em alguma medida, corroboradas pelos dados de geolocalização dos acusados, que confirmariam o fato deles estarem na mesma região que a vítima na véspera do crime”, escreveu o promotor Fábio Vieira dos Santos no pedido de impronúncia dos réus e revogação da prisão preventiva à Justiça.
Para o promotor não há nos autos prova, ou mesmo indício, de que os réus vigiaram, monitoraram ou acompanharam os passos da vítima Fernando Marcos para facilitar a sua execução mesmo diante do fato de eles estarem no mesmo local que a vítima na véspera do crime.
“(…) não é suficiente para indicar participação efetiva deles no homicídio, nem mesmo a de monitoramento, que pressupõe muito mais do que estar no mesmo local, como, por exemplo, a conduta de enviar informações sobre a localização ou a rotina da vítima para alguém, o que, frise-se mais uma vez, não foi encontrado durante toda a investigação”, afirmou o promotor. Ele concluiu que o que existe “são muitas e robustas provas de que os acusados integram uma organização criminosa, liderada pelo contraventor Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, e há indícios de que eles monitoraram a testemunha Luiz Cabral, mas não a vítima Fernando Marcos”, escreveu.
Ainda segundo as investigações, Marcos Paulo é irmão do coronel Claudio Luiz da Silva de Oliveira, condenado pela morte da juíza Patrícia Acioli e o 2º na hierarquia de Adilsinho. Cabia a ele a gestão operacional, logística e financeira das máquinas caça-níqueis instaladas nas zonas Sul, Norte e Centro do Rio.
O contraventor Luiz Cabral Waddington
Reprodução/TV Globo