27 de dezembro de 2024

Ao falar sobre crise na Saúde em Goiânia, secretário diz que não recebeu verbas prometidas: ‘Aqui não é fácil’


Wilson Pollara afirmou que teve promessas de R$ 350 milhões de orçamento, mas recebeu apenas R$ 40 milhões. Segundo ele, as maternidades ‘estão corrompendo todo dinheiro’. Secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, apresenta contas na Câmara Municipal
O secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, expôs a crise financeira na área. Ele revelou, durante a prestação de contas na Câmara Municipal, na quarta-feira (30), que sua Secretaria está com muitos problemas de recursos e que a situação “não é fácil”. Antes, em reunião no Conselho de Saúde, o secretário desabafou que houve uma promessa de orçamento de R$ 340 milhões, no entanto, recebeu apenas R$ 40 milhões do município.
“Eu vim pra cá com um ânimo muito grande, mas eu não imaginava as dificuldades que iria encontrar. São muitas as dificuldades em todos os sentidos. Então, realmente não é fácil aqui. Aqui não é uma coisa para amador”, confessou Pollara.
Quanto as revelações do secretário, a Prefeitura de Goiânia encaminhou uma nota para a TV Anhanguera. Nela, citou que o prefeito Rogério Cruz (SDD) considera a expectativa de Pollara “quanto ao incremento de recursos” para a Saúde como “legítima” (veja nota na íntegra ao final do texto).
Ao Conselho de Saúde, o secretário lamentou também as decisões na sua gestão, como demissões sem o conhecimento dele. “Eu tinha cinco superintendentes. Eu chamava o superintendente, 6h da tarde, falava pra ele: ‘Amanhã, então, a gente começa aquela programa que nós vamos fazer. Combinamos tudo’. Quando chegava no dia seguinte, 7h da manhã: ‘Doutor, o senhor me demitiu?’”.
Sem citar responsáveis, de acordo com Pollara, quatro profissionais estratégicos da secretaria dele foram dispensados “de cima pra baixo, sem que soubesse”. Acerca da revelação demissões de servidores, a prefeitura informou que o prefeito “toma decisões alinhadas com os auxiliares e que sua autoridade é exercida sempre visando o interesse público”.
Cobrado pelos conselheiros de saúde por compromissos de gestão, o secretário respondeu que afirmações anteriores dele foram baseadas em expectativa de orçamento de quase sete vezes maior do que o recebido.
“Quando vocês me falam que eu vim aqui e falei que estava resolvido o problema de dinheiro, eu tinha saído da reunião de orçamento, tinham me prometido, escrito, R$ 350 milhões, além do SUS [Sistema Único de Saúde]”, respondeu Pollara, sem mencionar de quem partiu a previsão orçamentária para a Saúde.
Custos das maternidades
Em relação aos bloqueios de pagamento que atinge as três maternidades de Goiânia, Pollara salientou que “concordou” com o “fechamento” de duas delas, quando foi consultado.
“Tínhamos que ter deixado fechar [as maternidades]. Porque tem que ser revisto, alguém tem que rever esse contrato. As maternidades estão corrompendo todo o nosso dinheiro”, pontuou o secretário.
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Pollara acrescentou que em setembro deste ano teve bloqueado R$ 6,5 milhões nas contas. Para este mês, ele prevê que o problema de bloqueios se repita. Conforme o secretário, os recursos são para pagamento das maternidades.
“As maternidades me drenam todo o dinheiro que eu tenho. São 20 milhões por mês para entregar 1 mil partos, significa R$ 20 mil por parto. Se eu for num hospital privado, no [Albert] Einstein é R$ 6 mil”, comparou.
As unidades de saúde citadas por Pollara são o Hospital e Maternidade Dona Íris (HMDI), Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC) e a Maternidade Nascer Cidadão (MNC). As três são geridas pela Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), que há anos reclama dos atrasos de repasses pela prefeitura.
Em setembro do ano passado, a Fundação suspendeu atendimentos nas três maternidades, que passaram atender apenas casos de urgências na capital. Situação voltou a ocorrer em agosto deste ano, quando as maternidades Dona Iris, Nascer Cidadão e Célia Câmara suspenderam atendimentos eletivos.
Para um posicionamento a respeito dos comentários do secretário de Saúde e sobre como estão os atendimentos das maternidades, o g1 e TV Anhanguera encontraram em contato com a assessoria de comunicação da Fundahc, por telefone e e-mail, às 7h desta quinta-feira (31). A reportagem também questionou a prefeitura, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Íntegra da nota da Prefeitura de Goiânia
O prefeito Rogério reconhece a importância da transparência e do diálogo sobre as dificuldades enfrentadas na área da saúde, especialmente em uma capital que demanda atenção e investimento contínuo.
Considera que a expectativa do secretário Wilson Pollara quanto ao incremento de recursos é legítima e demonstra a preocupação da gestão em proporcionar assistência médica eficiente e condizente com as necessidades dos goianienses, já que o número de atendimentos saltou de 4,1 milhões para 8,1 milhões na atual gestão. Este crescimento é fruto da ampliação dos investimentos, que representam cerca de R$ 1 bilhão por ano, possível graças a otimização do orçamento, que obedece as realidades orçamentárias e as limitações próprias da máquina pública.
Em relação à contratação de pessoal, esclarece que dentre as ações tomadas para aumentar as equipes estão a convocação por meio de concurso público de centenas de médicos, enfermeiros e demais trabalhadores da saúde, além da contratação por outros instrumentos legais, sempre dentro do que permite a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Sobre as maternidades, o prefeito Rogério compreende que a saúde pública não pode ser medida apenas pelo custo financeiro. As maternidades municipais representam um compromisso fundamental com o atendimento digno e universal à população e reforça que elas continuarão oferecendo esse serviço essencial com qualidade enquanto se busca formas de otimizar os custos sem abrir mão da qualidade e acessibilidade, já que as maternidades atendem a população de Goiânia e de outros municípios, sendo que, em algumas unidades, pacientes de outras cidades representam mais da metade dos partos.
Acerca da demissão de servidores, o prefeito reitera que toma decisões alinhadas com os auxiliares e que sua autoridade é exercida sempre visando o interesse público.
Por fim, o prefeito considera que conduzir a gestão de uma cidade como Goiânia exige experiência e resiliência, atributos que o secretário carrega ao longo de sua carreira. De nossa parte, continuaremos focados em aprimorar o sistema de saúde pública para entregarmos o melhor aos cidadãos goianienses.
Assessoria de Comunicação do prefeito Rogério
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Secretário Municipal de Saúde em Goiânia, Wilson Pollara – Goiás
Diomício Gomes/O Popular
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