2 de novembro de 2024

Projeto comunitário esteriliza gatos de rua em Rio Preto: ‘Castração é prevenção’, diz voluntária


O trabalho é desenvolvido por uma voluntária há pelo menos seis anos, em parceria com clínicas veterinárias e com o Centro de Controle de Zoonoses de São José do Rio Preto (SP). Projeto social com parceria de clínicas realiza esterilização de gatos de rua em Rio Preto
Arquivo pessoal
O abandono de animais é uma realidade presente em diversos municípios brasileiros. Pensando nisso, surgiu o projeto comunitário chamado “Toca dos Gatos” em São José do Rio Preto (SP). O trabalho consiste na castração dos animais de rua.
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A ação, que existe há seis anos, surgiu por meio de uma iniciativa da secretária Letícia da Silva Merici, de 34 anos, que atua na causa animal há 10 anos.
Leticia é voluntária em um abrigo do município e, por amor aos animais, decidiu auxiliar no trabalho de captura, esterilização e devolução de felinos abandonados na cidade (C.E.D).
Após conversar e receber pedidos dos moradores de diversos bairros, ela faz a contenção dos gatos que são encaminhados para clínicas veterinárias ou para o Centro de Controle de Zoonoses, onde passam pela esterilização. Quando recebem alta, são devolvidos às ruas ou destinados para adoção.
“Esse trabalho é realizado por meio de um estudo de colônia dos gatos. Por exemplo, em determinado bairro, entendemos a rotina deles e os capturamos. Após capturados, levamos eles para castração no centro de Zoonoses e depois de 24 horas esses animais são soltos nas suas respectivas colônias,” explica.
“Toca dos Gatos” onde os gatos e cachorros que Letícia resgatam ficam abrigados
Arquivo pessoal
Depois de serem submetidos ao procedimento cirúrgico, os felinos ficam em observação no abrigo, até se recuperarem. Atualmente, o espaço é alugado e tem o total de 60 gatos e oito cães. Os bichos são acompanhados periodicamente por veterinários e recebem alimentação, vacinas e medicamentos.
O abrigo é mantido exclusivamente por meio de doações de pessoas que se solidarizam com a causa. Os voluntários também conseguem arrecadação de dinheiro com a venda de canecas personalizadas.
Os gatos resgatados pelo projeto da Letícia recebem alimentação, água, vacinas e quando necessários consultas com veterinários
Arquivo pessoal
A comerciante e moradora do bairro Bosque da Felicidade, Márcia Lourenço, já foi atendida pelo projeto comunitário. Ao g1, contou que pediu ajuda por conta de animais que se reproduziam desordenadamente na proximidades da casa dela.
“O trabalho pensa nos animais de rua, né. Isso refletiu na procriação dos animais no bairro que diminuiu, o que foi fundamental para o bem-estar da colônia dos gatos que ficavam ali”, explica.
Castração
O projeto “Toca dos Gatos” tem parceria com clínicas veterinárias que realizam os atendimentos aos felinos a preço de custo.
Fernando Ferreira de 37 anos que é médico veterinário em Rio Preto (SP)
Arquivo pessoal
Um dos parceiros é Fernando Ferreira de 37 anos. O veterinário deu detalhes de como funciona o processo de castração dos animais:
“Após a Letícia e as protetoras realizarem a captura dos animais e trazerem para a clínica, eu faço a esterilização. Além disso, fazemos uma marcação na orelha desses animais para a identificação deles”, explica.
Fernando Ferreira que é médico veterinário, tem uma parceria com a “Toca dos Gatos” de Rio Preto (SP) e realiza castrações para gatos de rua
Arquivo pessoal
A marcação na orelha do animal é uma conduta mundialmente conhecida entre os profissionais da medicina veterinária. Ela serve para indicar se o felino é esterilizado.
“É meio que mundial a marcação na orelha esquerda. Como as protetoras fazem muitos serviços e os gatos tendem a ser parecidos, existe essa marcação padrão que os identifica”, revela.
Um dos gatos que foi castrado pelo veterinário parceiro do projeto da Letícia
Arquivo pessoal
Controle
Mesmo hoje sendo reconhecida na cidade, Letícia explicou que, apesar de ajudar no controle populacional, inicialmente era uma iniciativa mal vista pela população.
Cicatriz de castração realizada em gatos pelo Fernando Ferreira em Rio Preto (SP)
Arquivo pessoal
“Ele não era um trabalho bem compreendido pelas pessoas. Acredito que a castração é a prevenção podem ajudar os animais de rua”, revela.
Como consequência, a esterilização ajuda na redução dos casos de abandono e maus-tratos, pois auxilia na redução de animais em situação de rua.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em uma pesquisa realizada em 2022, existiam cerca de 30 milhões de animais abandonados no Brasil.
O resultado positivo em Rio Preto despertou, em Leticia, o desejo de levar a iniciativa ao conhecimento de autoridades e protetores de animais em outras cidades. O que, segundo ela, pode servir como o ponto de partida para a solução do problema.
* Colaborou sob supervisão de Henrique Souza.
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