Tutor do animal registrou boletim de ocorrência no qual acusa uma vizinha e o filho dela de matarem o animal em Epitaciolândia na última terça-feira (29). Ao g1, mulher confirmou o fato, mas motivado por um suposto ataque do animal ao filho dela. Já o tutor do cachorro nega e diz que ele era dócil. Kolbi morreu após levar facadas e pauladas, diz tutor
Arquivo pessoal
Um cão da raça american bully foi morto a facadas e pauladas na noite dessa terça-feira (29) após ter brigado com a cachorro da propriedade vizinha a que ele morava, na Avenida Santos Dumont, no centro de Epitaciolândia, no interior do Acre. O relato é do tutor dele, o empresário Jaaziel Pupio, que acusa a funcionária pública Tania Souza. Ela diz que agiu em legítima defesa. (Saiba mais abaixo nesta reportagem)
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Ele registrou um boletim de ocorrência por maus-tratos contra animais na delegacia do município. O caso é investigado pela Polícia Civil de Epitaciolândia.
De acordo com ele, que é proprietário de um pet shop no município, Kolbi, como era chamado o animal, e o cachorro da casa vizinha costumavam brigar através de uma cerca. Ainda segundo Pupio, o cão da vizinha também era habituado a entrar no quintal pela parte de trás da propriedade em busca do alimento que ele colocava para o seu cachorro.
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Na noite do dia 29, segundo Pupio, mais uma vez os dois cachorros brigaram, e os moradores de sua casa acordaram com o barulho. Ele correu para o quintal para tentar retirar o cachorro de lá e encerrar a briga, e, de acordo com ele, se deparou com Kolbi atravessando para o lado do terreno vizinho.
Nessa hora, segundo Pupio, o filho de sua vizinha, um adolescente de 16 anos, aguardava com uma faca na mão, que ele utilizou para acertar o animal.
Tutor afirma que cão era dócil e nega que ele tenha atacado o filho da vizinha
Arquivo pessoal
“A gente viu tudo. Eu vi ele dando as facadas. O cachorro dela já estava pro lado de lá, e o filho dela esfaqueando o meu cachorro. O meu cachorro é tão dócil, tão dócil, que ele saiu andando e o filho dela atrás esfaqueando. O meu cachorro não fez nenhuma reação para mordê-lo, porque o meu cachorro não morde ser humano. Eu boto minha mão no fogo porque ele foi bem criado. Eu queria pular pro quintal dela, minha mãe não deixou, porque eles estavam armados e minha mãe ficou com medo. O cachorro [Kolbi] estava todo ensanguentado. Ela pegou uma perna-manca. Ela ria e dizia assim: ‘É isso que eu queria, ele aqui do meu lado, eu vou acabar de matar ele’. Ela pegou a perna-manca e deu dois golpes no meu cachorro. E todo mundo vendo”, contou ao g1.
Cães costumavam brigar através desta cerca
Arquivo pessoal
Desentendimento anterior
Ainda conforme Pupio, este caso se deve a um desentendimento anterior entre ele a vizinha, por conta de uma briga de Kolbi com um outro cachorro que ela havia adotado e que morreu em 2022.
O empresário contou que, na época, os cachorros também brigavam através da cerca, e o animal de Tania feriu Kolbi com uma mordida e também ficou com um ferimento em uma das patas. Pupio afirma ter resgatado o cachorro da vizinha e tratado o ferimento de forma gratuita em seu pet shop.
Kolbi, cão da raça american bully que foi morto no interior do Acre
Arquivo pessoal
Cerca de cinco dias depois, o cachorro que teve a pata ferida morreu pois não estava se alimentando. Pupio nega que Kolbi tenha causado a morte do outro animal.
“Só que o cachorro estava fraco. O cachorro não comia. Porque o meu mordeu na pata dele, então não dava pro cachorro ter morrido. Presume-se que o cachorro morreu de fome e largado”, alega.
Pupio se diz indignado com o caso e que pretende buscar punição na Justiça. “Eu disse: ‘pode matar o meu cachorro. Mas vocês vão pagar. Eu vou até o final contra vocês’”, relatou.
O que dizem os envolvidos
Segundo Tania, imagens provam que Kolbi atravessou a cerca e foi para seu lado do terreno
Arquivo pessoal
O g1 também conversou com Tania, que confirmou ter acertado o animal com golpes de perna-manca, mas porque Kolbi havia atacado seu filho, segundo ela.
Ela também disse que Kolbi era um animal perigoso e que por isso tinha medo dele. Ela nega que o animal tenha sido ferido com facadas, e que seu filho apenas o expulsou de volta para casa.
“O animal passou para o quintal dele depois que eu dei duas pauladas para soltar o meu filho. Ele soltou, e como eu tenho muito medo desse animal, o meu próprio filho foi quem tangeu ele de volta. Ele voltou para a casa do dono com as pernas abertas, vivo e não estava na forma que eu vi umas fotos. Vi comentários, já vi várias versões de, que foi esfaqueado. Não aconteceu isso dentro do meu quintal. Eu não sei o que aconteceu depois que foi retirado. Eu sou uma mãe de família, eu jamais sairia da minha cama, do meu lar, do meu descanso, depois de um dia exaustivo de trabalho, quase meia-noite, para atacar um cachorro dentro do quintal do vizinho. E ele é um homem muito mais forte que eu. Será que tudo que, com tanta agressividade dele, ele deixaria eu fazer tudo isso com o cachorro, esfaquear ele, assistir, presenciar isso, filmar e não fazer nada? Tem muitas coisas que não são verdades”, argumentou.
Ainda de acordo com Tania, na ocasião em que Kolbi brigou com um outro cachorro cuidado por ela, Pupio se negou a ajudar e disse que animais eram assim, e que cada um deveria arcar com suas despesas, diferente do que ele relatou.
O empresário afirmou que chamou uma ambulância para levar o animal ao pet shop, enquanto Tania afirma que ele se negou a transportar o animal em ambulância ou em seu próprio carro.
“Eu não acredito que eu tenha essa conversa, que animal era assim mesmo, que cada um arcasse com a sua despesa, sendo que um animal dele invadiu o meu terreno. Então, de novo, é a mesma situação. Mesmo assim, eu jamais faria isso com o animal. O animal não tem culpa. A única coisa que eu quis foi defender o meu filho, e não me arrependo, eu faria exatamente a mesma coisa. Não é como eles estão relatando, mas eu defenderia novamente o meu filho”, acrescentou.
O que diz a polícia
Ao g1, o delegado Eustáquio Nomerg informou que foi ao local junto com policiais e um perito criminal. Conforme a lei 14.064/2020, a pena para quem maltratar animais domésticos pode variar entre 2 e 5 anos de prisão. Caso a lesão resulte em morte, a pena pode ser acrescida em até um terço.
Ainda segundo o delegado, o corpo do animal morto foi periciado.
“Após a constatação dos indícios necessários, foi imediatamente instaurado o inquérito policial pertinente, com vistas a apurar, de forma minuciosa e nos termos da legislação vigente, as circunstâncias em que se deu o evento em questão. Agora a investigação segue seu curso, para que as provas sejam materializadas”, explicou.
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