No dia anterior, a moeda norte-americana teve alta de 0,31%, cotada a R$ 5,7813. Já o principal índice de ações da bolsa de valores encerrou em queda de 0,71%, aos 129.713 pontos. Dólar
Foto de Karolina Kaboompics
O dólar voltou a abrir em alta nesta sexta-feira (1°), iniciando o mês de novembro próximo do patamar dos R$ 5,80, ainda com o cenário de juros no Brasil e nos Estados Unidos no radar, além dos investidores continuarem de olho nos risco fiscal brasileiro.
Novos dados divulgados hoje servem de combustível para as dúvidas em relação à condução da política monetária nos dois países.
No Brasil, a produção industrial cresceu 1,1% em setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa uma forte aceleração em relação ao 0,2% de alta do mês anterior, além de vir acima das expectativas do mercado, de 0,9%.
Números que mostram uma economia aquecida reforçam a expectativa de uma inflação maior nos próximos meses, o que pode contribuir para novas altas da Selic, taxa básica de juros, hoje em 10,75% ao ano.
MOTIVOS: Ibovespa tem melhor mês desde novembro, mas dólar não segue o entusiasmo
DÓLAR: Qual o melhor momento para comprar a moeda?
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Às 09h08, o dólar subia 0,33%, cotado a R$ 5,8001. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda avançou 0,31%, cotada a R$ 5,7813 e renovou o maior patamar em mais de três anos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,34% na semana;
avanço de 6,14% no mês;
ganho de 19,14% no ano.
O
Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice encerrou em baixa de 0,71%, aos 129.713 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,14% na semana;
perdas de 1,59% no mês;
recuo de 3,33% no ano.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
Os bons números do mercado de trabalho, com uma forte redução da taxa de desemprego, voltaram a surpreender o mercado. “ Essa é uma taxa baixa para os padrões históricos brasileiros, confirmando a robustez do mercado de trabalho”, diz Claudia Moreno, economista do C6 Bank .
Apesar disso, a economista explica que a queda do desemprego “desafia o controle da inflação de serviços”, o que pode gerar uma taxa de juros ainda maior para o Brasil.
“ Se por um lado isso significa que existem mais pessoas ocupadas, o que é bom para a atividade, por outro, torna mais desafiador o controle da inflação, já que há maior pressão sobre os preços dos serviços”, comenta Moreno.
Com isso, aumentam as expectativas pela próxima reunião do Copom, prevista para a semana que vem. A maior parte do mercado prevê um novo aumento da taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, com o Banco Central indicando que deve continuar a perseguir suas metas.
O cenário fiscal brasileiro também segue no radar. Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que entende a “inquietação” do mercado sobre o risco fiscal, reiterando que a equipe econômica vai apresentar propostas de cortes de gastos obrigatórios para manter o arcabouço fiscal operante.
Haddad não antecipou quais serão as medidas, mas indicou que elas poderão ser apresentadas nas próximas semanas por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
“Até entendo a inquietação, mas é que tem gente especulando em torno de coisas. […]. O meu trabalho é tentar entregar a melhor redação possível para que haja a compreensão do Congresso da situação do mundo, e do Brasil”, declarou o ministro.
Haddad ainda destacou que houve uma “convergência importante” com a Casa Civil sobre quais medidas serão apresentadas. O ministro, no entanto, não definiu uma data para o anúncio dessas propostas.
“A dinâmica das despesas obrigatórias tem que caber dentro do arcabouço. A ideia é fazer com que as partes não comprometam o todo que o arcabouço tem, a sustentabilidade de médio e longo prazo”, disse.
Segundo o blog do Valdo Cruz, agentes financeiros disseram que, para ter credibilidade, esse pacote precisaria indicar cortes entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões nos gastos públicos. A ideia é que o tamanho do ajuste fiscal fique em torno de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
No noticiário internacional, as atenções do mercado ficaram voltadas para os novos dados da inflação norte-americana. O PCE, índice de preços preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), subiu 0,2% em setembro, em linha com o esperado.
O dado, no entanto, representa uma aceleração em relação ao mês anterior (0,1%) e reforça a perspectiva de que o Fed deve reduzir a magnitude dos cortes de juros em sua próxima reunião de política monetária, também prevista para a semana que vem.
“Os contratos de juros apontam para uma redução de 0,25 ponto percentual na reunião da semana que vem, mas já emerge uma divisão clara nas apostas para o movimento em dezembro, com um pouco mais de probabilidade para uma pausa nas reduções”, explica Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
A visão é reforçada, ainda, pelo resultado da primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos do terceiro trimestre. O indicador, divulgado na véspera, mostrou uma continuidade do crescimento da atividade econômica no país.
“Independentemente dos ajustes mais táticos, o cenário vem confirmando o pouso suave e afastando as preocupações mais alarmantes sobre o enfraquecimento da atividade”, destaca Igliori.
*Com informações da agência de notícias Reuters