O ex-presidente Donald Trump (Estados Unidos) e o presidente Lula (Brasil), em montagem feita pelo g1
Carlos Barria/Reuters e Adriano Machado/Reuters
A possibilidade de vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas tem gerado preocupação no Palácio do Planalto.
Pesquisas mais recentes de intenção de voto nos Estados Unidos apontam uma disputa acirrada, com possibilidade de vitória do candidato republicano – o que tem deixado o núcleo duro do governo Lula pessimista.
A preocupação no Planalto tem duas perspectivas: a política e a econômica.
No campo da política, o receio brasileiro é de que a vitória de Trump gere um efeito dominó em vários países, em especial nos latino-americanos, a exemplo do Brasil.
Esses integrantes do governo lembram que em 2016, o republicanos saiu vitorioso na disputa contra a democrata Hillary Clinton e, dois anos depois, Jair Bolsonaro venceu a corrida contra Fernando Haddad (PT) e foi eleito presidente brasileiro.
A avaliação é de que o discurso de extrema direita de Trump tem potencial para influenciar o xadrez político internacional.
Esse receio é externado, principalmente, pelo presidente Lula, que já fez vários discursos em fóruns mundiais sobre o que considera perigos do avanço da extrema-direita no mundo, como o crescimento de discursos de ódio e da xenofobia.
A outra preocupação é com a economia brasileira. O Palácio do Planalto projeta que, com a vitória do republicano, a tendência nos Estados Unidos é de valorização da moeda. E o reflexo do dólar valorizado é a pressão inflacionária no Brasil.
Antevendo essa possibilidade, a equipe econômica brasileira tem reforçado o discurso pela necessidade de uma revisão de gastos públicos, com um pacote robusto de medidas, para que o governo possa fazer o seu dever de casa e cumprir as metas previstas no arcabouço fiscal.
Saída de Biden levou à discreta comemoração no Planalto
Kamala e Trump investem na campanha eleitoral para a TV
Quando o atual presidente Joe Biden desistiu de concorrer à reeleição em favor de Kamala Harris, houve uma discreta comemoração no governo Lula.
O entendimento à ocasião era de que a entrada da vice havia zerado o jogo depois do desempenho sofrível de Biden no primeiro debate com Trump. A participação de Biden no confronto direto foi vista como uma sinalização extremamente negativa, de que a eleição já estava perdida.
A elevação de Kamala à condição de candidata à Casa Branca renovou as esperanças. Entretanto, as pesquisas mais recentes têm frustrado o entorno de Lula.
Apesar de as sondagens apontarem um empate técnico, há uma preocupação dos petistas com as disputas nos chamados “swing states”, os estados pêndulos, que indicam uma vantagem, ainda que pequena, para Trump. São esses estados que tradicionalmente definem o eleito.