2 de novembro de 2024

Ilê Aiyê completa 50 anos nesta sexta-feira; veja curiosidades do bloco afro mais antigo do país


Bloco chega ao seu cinquentenário sendo referência em negritude no país, além, de ser símbolo da cultura baiana no mundo, da resistência do povo preto e da luta contra o racismo. Ilê Aiyê faz do carnaval uma celebração da ancestralidade
Max Haack/Ag Haack
Nascido nos primeiros dias de novembro de 1974, o bloco afro Ilê Aiyê celebra nesta sexta-feira (1º), 50 anos de fundação e chega ao seu cinquentenário sendo referência em negritude no país.
Em comemoração ao aniversário do bloco que é símbolo da cultura baiana no mundo, da resistência do povo preto e da luta contra o racismo, o g1 destaca momentos marcantes do “Mais Belo dos Belos”. [Veja ao final da matéria]
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Ainda para festejar os 50 anos do Ilê, aTV Bahia lançou o documentário “Ilê Aiyê: a casa do mundo”. O filme reúne registros inéditos e relembra a trajetória do bloco afro. A equipe de jornalismo da TV Bahia ouviu quase 60 pessoas, entre anônimos e famosos, que buscaram nos seus arquivos e lembranças os melhores momentos e relatos sobre o sobre o “Mais Belo dos Belos”.
Imagem do documentário “Ilê Aiyê: a casa do mundo”, da TV Bahia
Reprodução/TV Bahia
Entre as participações estão nomes como Caetano Veloso, Daniela Mercury, Lazzo Matumbi, Carlinhos Brown, Mãe Hildelice e Vovô do Ilê. O casal de atores Lázaro Ramos e Taís Araújo também está no elenco, com narrações de trechos.
Ilê, história e o Curuzu
Bloco afro mais antigo do país, Ilê Aiyê se prepara para celebrar meio século
✊🏾 O Ilê foi criado em 1º de novembro de 1974, quando Antônio Carlos Vovô, Apolônio de Jesus (1952-1992) e outros moradores do entorno da ladeira do Curuzu decidiram montar um bloco de carnaval formado apenas por negros. Até hoje, apenas pessoas negras podem desfilar no Ilê.
✊🏾 É considerado o primeiro bloco afro do Brasil e foi criado no começo dos anos 70, no bairro da Liberdade, em Salvador. Hoje a região do Curuzu já é considerada bairro. Por muitos anos, o Curuzu foi conhecido com uma rua do bairro da Liberdade, mas, desde 2017, foi incluído na lista de bairros oficiais da capital baiana.
✊🏾 O 1,1 km de extensão da rua direta do Curuzu passou por requalificação desde a Avenida General San Martin à Estrada da Liberdade. Com a remodelação urbanística, o bairro ganhou as cores amarelo e vermelho, as mesmas da fachada da Senzala do Barro Preto, sede do bloco.
✊🏾No bairro do Curuzu estão importantes terreiros de candomblé do Brasil: o terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe (o primeiro a ser tombado com base na Lei de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Salvador) e o Vodun Zô, um dos únicos da nação Jeje Savalu que mantém os ritos originais, assim como o dialeto africano Ewe-Fon preservado nas expressões e cânticos.
Bloco afro mais antigo do país, Ilê Aiyê se prepara para celebrar meio século
Divulgação/André Frutuoso
✊🏾 Desde a fundação, o Ilê Aiyê se tornou referência na luta contra o racismo, fazendo uma representação positiva do negro e enaltecendo as raízes africanas da cultura nacional.
✊🏾Com música, dança, ilustração e vestuário, o Ilê ainda desenvolve projetos de extensão pedagógica.
Ilê Aiyê no Campo Grande
Sérgio Pedreira/ Ag. Haack
🥁”Sou Ilê Aiyê da América Africana! Senzala Barro Preto Curuzu, sou negro Zulu! Gravey Liberdade, Brooklin Curuzu Aiyê!”
✊🏾 Os fundadores do Ilê foram inspirados pelas lutas por direitos civis nos Estados Unidos, pelas guerras de libertação contra o colonialismo na África e pelos movimentos estadunidense Black Power e Panteras Negras.
✊🏾 Ao saber da iniciativa do filho Vovô e seus amigos, a ialorixá Mãe Hilda, do terreiro Ilê Axé Jitolu, aprovou a iniciativa, mas pediu que invés de “Povo Negro”, o bloco se chamasse Ilê Aiyê, que em língua iorubá significa “casa” (ilê) e “terra” (aiyê).
Bloco afro mais antigo do país, Ilê Aiyê se prepara para celebrar meio século
Vitor Santos/Ag Haack
✊🏾 Por conta do Ilê, o bairro da Liberdade adquire status de espaço negro de resistência, um quilombo, um “Harlem baiano”.
✊🏾O Ilê tem como objetivo do Ilê Aiyê ‘africanizar’ o carnaval de Salvador e transcende a festa. É tempo de exibir tranças, cabelos black e rastafári, batas africanas e búzios.
🥁”Que bloco é esse? (Ilê) Eu quero saber (Ilê Aiyê). É o mundo negro que viemos mostrar pra você”, diz a letra de Paulinho Camafeu.
✊🏾 No carnaval de 1975, o Ilê saiu às ruas pela primeira vez.
Bloco afro mais antigo do país, Ilê Aiyê se prepara para celebrar meio século
Max Haack/Ag.Haack
✊🏾 Em 1977, Gilberto Gil gravou “Que bloco é esse”, composição de Paulinho Camafeu. A música estourou e mostrou a força do “mundo negro Ilê Aiyê”.
✊🏾Em 1979, foi criada a Noite da Beleza Negra, que é realizada até hoje para a rainha do bloco, em um evento onde a beleza da mulher negra é exaltada.
Deusa do Ébano do Ilê Aiyê
Gilmar Castro / Ag Haack
✊🏾A identidade visual do bloco foi criado em 1978, pelo artista Jota Cunha. A máscara africana com quatro búzios abertos na testa e que formam uma cruz foi batizada de Perfil Azeviche.
✊🏾O azeviche é um tipo de mineral negro que é associado ao barro preto das terras de Liberdade e, ao mesmo tempo, à pele negra. O nome da sede do bloco é justamente Senzala do Barro Preto.
✊🏾Dete Lima, estilista do Ilê Aiyê, desenvolveu os turbantes com amarração e as fantasias com tecidos estampados que destacam os integrantes e se tornaram a marca registrada do bloco.
✊🏾Mais que um bloco: o Ilê tem um projeto amplo que defende questões éticas, de educação e transformação social, oferecendo educação e arte aos jovens do bairro do Curuzu.
Documentário da TV Bahia sobre o Ilê Aiyê é exibido pela primeira vez
Bloco afro mais antigo do país, Ilê Aiyê se prepara para celebrar meio século
Sérgio Pedreira/ Ag. Haack
Ilê Aiyê desfile no Campo Grande após sair do Curuzu
Sérgio Pedreira/ Ag. Haack
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