5 de novembro de 2024

Nova perícia definirá futuro de moradores em áreas afetadas por afundamento de solo em Maceió

Justiça Federal determinou nova perícia sobre situação de famílias que vivem isolamento social nos Flexais, região de monitoramento por estar próximo da área afetada diretamente pela mineração. Afundamento em Maceió: Justiça determina nova perícia nos Flexais, em Bebedouro
A Justiça Federal de Alagoas determinou a realização de uma nova perícia para avaliar a possibilidade de realocação dos moradores dos Flexais, no bairro do Bebedouro, em Maceió, que vivem em ilhamento socieconômico em decorrência do esvaziamento das áreas atingidas pelo afundamento do solo, problema causado pela mineração realizada pela Braskem.
Com base o laudo a ser produzido pela antropóloga Michele Bezerra Couto de Lima, selecionada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o magistrado vai decidir se acata ou não o pedido de realocação dos moradores dos Flexais, Quebradas e Rua Marquês de Abrantes, como defende, na Ação Civil Pública, a Defensoria Pública do Estado (DPU).
A perícia vai apontar se as medidas de revitalização que estão sendo realizadas na área são eficientes ou se haverá de fato a necessidade de realocação, conforme é defendido pela Defensoria Pública Estadual (DPE).
O defensor público do Estado Ricardo Melro afirmou que não concorda com a realização da nova perícia, porque já existem perícias de várias instituições recomendando a realocação dos moradores, mas que a Defensoria Pública do Estado não vai recorrer da decisão para não piorar ainda mais a situação dos moradores.
“Nos manifestamos no processo informando que o processo está transbordando de provas. Tem laudo antropológico da Ufal, antropológico do Ministério Público Federal, do Conselho Nacional de Direitos Humanos, da Faculdade de Urbanismo e Arquitetura da Ufal, do Conselho de Direitos Humanos da OAB, da CPI da Braskem e da própria Defesa Civil Municipal. Então, para que mais uma prova? Mas o juíz disse que ainda existia dúvidas para ele e assim determinou e nós não vamos recorrer dessa decisão porque senao vai protelar ainda mais e o povo quer uma decisão rápida e definitiva”, disse.
Ricardo Melro alertou para os danos que o isolamento socioecômico causou nos moradores dos Flexais.
“O esgotamento emocional é comum aqui nessa região. As pessoas precisam ser ouvidas. Não pode se decidir o destino delas sem as devidas participações. Elas têm o direito de escolher, que não é igual aos bairros evacuados, que não tinha escolha, não tinha alternativa. Então vamos dar o direito de escolha para quem quer sair e para quem quer ficar. É essa a nossa luta na Justiça”, disse Melro.
O aposentado Ademar Paulo de Barros mora no Flexal de Cima, em Bebedouro, há mais de 40 anos. Nos últimos anos, sugiram várias rachaduras na casa dele e de vizinhos e a região foi ficando cada vez mais isolada.
“Todo mundo fica com medo. A gente fica olhando para as rachaduras e com medo de viver aqui”, disse o morador.
A aposentada Gilda Maria da Conceição afirmou que o isolamento dos Flexais afetou a saúde dos moradores da região.
“Fico nervosa. Com qualquer coisa eu estou chorando. Quando chove, fica uma ventania, eu fico com medo. Não durmo de noite direito. Uns vão dormir e eu fico acordada com medo aqui. Vivendo nessa casa toda rachada”, disse a idosa.

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