16 de novembro de 2024

Saiba o que é o Speed Fly, modalidade praticada pelo homem que morreu após decolar na Pedra Bonita, em São Conrado


O acidente com o instrutor de paraquedismo José de Alencar Lima Junior aconteceu na manhã de domingo (3). Segundo o Clube São Conrado de Voo Livre (CSCLV), ele não fez o salto da rampa oficial do local. Speed Fly é uma modalidade de voo livre mais rápida e radical
Reprodução speedfly.com
O Speed Fly – ou voo rápido – é uma modalidade de voo livre que utiliza uma vela menor do que a de um parapente e proporciona um voo muito mais rápido e radical.
Foi utilizando esse tipo de equipamento que o instrutor de paraquedismo José de Alencar Lima Junior, de 50 anos, saltou da Pedra Bonita, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, no último domingo (3). Ele morreu após cair de uma altura de 250 metros. Vídeos mostram que a queda aconteceu após o piloto fazer a decolagem.
Speed Fly nasceu na neve
O esporte chegou ao Brasil no início dos anos 2010, após ser lançado na Europa com o objetivo de ser uma combinação do esqui com o paraquedismo, já que era praticado em montanhas cobertas de neve. Lá, a modalidade foi batizada de “Speed Riding”.
O Speed Fly nasceu na Europa e era utilizado em montanhas de neve
Reprodução speedfly.com
No começo, os esquiadores utilizavam um paraquedas menor do que o normal para descer as montanhas pulando e planando pelo solo coberto de neve. Com o tempo, os praticantes foram adaptando os equipamentos para realizarem saltos do alto de qualquer outro tipo de montanha, sem a necessidade da utilização de esquis.
Com o tempo, o Speed Riding foi definido como o esporte com os parapentes e esquis, sendo realizado em montanhas com neve. Já o Speed Flying é a mesma modalidade com o parapente, só que em locais sem neve.
No Brasil, como não tem neve, os lançamentos são feitos de montanhas, onde os atletas realizam o voo de proximidade ou ascensão através do vento que incide nos morros.
Vela menor e mais sensível
Como o nome sugere, a modalidade é de alta velocidade e de grande risco para seus praticantes. Fabricantes do equipamento consultados pelo g1 afirmam que o esporte é uma atividade de risco.
José de Alencar Lima Junior
Reprodução
Alguns sites especializados afirmam que “ao usar as mini asas, você aceita todo o risco envolvido na prática do Speed Fly. O designer, fabricante, distribuidor e terceiros não podem e não garantirão sua segurança ao usar esse equipamento”.
Como comparação, uma vela normal de parapente tem aproximadamente 15 metros de comprimento, enquanto a pequena vela do Speed Fly pode chegar a medir apenas 3 metros de envergadura.
A maioria dos saltos para voos de Speed Fly acontece em locais diferentes dos saltos de asa delta, por exemplo. Isso acontece porque o piloto voa a distâncias muito próximas da encosta, o chamado voo de proximidade.
No Rio de Janeiro, alguns saltos da modalidade já foram feitos dos seguintes pontos: Pedra Bonita, Pedra da Gávea, Pico Dois Irmãos, Morro dos Cabritos, Prainha, Morro do Elefante e Costão de Itacoatiara, em Niterói.
Acidente na Pedra Bonita
Homem morre ao cair da Pedra da Bonita, na Gávea
Um homem de 50 anos morreu na manhã deste domingo (3) quando tentava decolar com um Speed Fly, na Pedra Bonita, em São Conrado, na Zona Sul do Rio.
A vítima do acidente foi o instrutor de paraquedismo José de Alencar Lima Junior, ex-soldado no 27º Batalhão de Infantaria Paraquedista da Vila Militar.
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Vídeos mostram que a queda aconteceu após o piloto fazer a decolagem, pouco antes das 10 horas. Em seguida, ele desaparece em meio à mata.
Ao g1, Bruno Menescal, vice-presidente do Clube São Conrado de Voo Livre (CSCLV), lamentou o ocorrido e ressaltou que os voos de parapentes na região são seguros, sendo realizados apenas por pessoas credenciadas, com licença e equipamentos regularizados.
Bruno disse que o homem chegou sozinho, deixou a motocicleta em um estacionamento do Parque Nacional, e subiu a pé até a Pedra Bonita. De lá, pulou e caiu de uma altura de 250 metros.
Queda gravada
Algumas pessoas que estavam próximas da rampa de decolagem afirmam que, antes de cair, o piloto havia tropeçado em um buraco.
“Meu Deus, ele tropeçou. Cadê o homem? Não estou acreditando [que ele caiu]”, diz uma mulher que filmava a paisagem no momento que a vítima some.
Queda foi filmada por uma turista
Reprodução
Em seguida, um rapaz ainda tenta encontrar o homem, sem sucesso. Por quase 4 horas, bombeiros fizeram as buscas.
Pouco depois das 13h40, os bombeiros encontraram o corpo, que estava em uma área de difícil acesso. Ainda não se sabe o motivo da queda.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, foram encaminhados para o salvamento agentes dos quartéis do Alto da Boa Vista, da Lagoa e do Humaitá.
O corpo foi retirado das pedras e levado para a sede do Clube São Conrado de Voo Livre. Após a perícia, será encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) do Centro do Rio.
Voos controlados
De acordo com Bruno Menescal, os voos de parapentes que acontecem próximos à Pedra Bonita são iniciados a partir de uma rampa oficial, onde é executada uma corrida para inflar o equipamento responsável pela sustentação da pessoa durante o voo planado.
Corpo da vítima foi resgatado de uma altura de 250 metros
Betinho Casas Novas/TV Globo
O acesso é controlado pelo Clube São Conrado de Voo Livre, que tem instrutores credenciados para guiar o passeio nos ares. Segundo a direção do clube, a vítima, no entanto, não fez uso do espaço, segundo o CSCLV.
Segundo o vice-presidente do espaço, o CSCLV é o clube de voo mais antigo do Brasil e conta com equipe de segurança atuando na rampa oficial de decolagem todos os dias.

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