Estudo, com base em modelos estatísticos, cruzou dados mensais de incidência da doença entre janeiro de 2013 e dezembro de 2022, com as médias de temperatura mensal no mesmo período. Uma pesquisa realizada na Unicamp apontou que o aumento de 1ºC na temperatura pode elevar em até 40% os casos de dengue em Campinas (SP). O estudo, publicado na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, foi conduzido por pesquisadores e professores dos institutos de Economia e Filosofia e Ciências Humanas da universidade.
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O levantamento cruzou dados mensais de incidência de dengue registrados pela Secretaria Estadual de Saúde, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2022, com as médias de temperatura mensal no mesmo período, estabelecidas pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Unicamp.
Ainda que o fato de que o calor aumenta a incidência do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da infecção, já seja conhecido, o estudo usou modelos estatísticos para constatar o nível do impacto. Segundo o Cepagri, o ano de 2024 teve temperaturas acima do esperado em todos os meses.
No primeiro modelo estatístico utilizado pelos pesquisadores, o aumento de 1ºC na média histórica de temperatura implicaria em 20% de aumento de casos de dengue, sendo 12.4% no mesmo mês e 8,4% no mês seguinte.
Já no segundo, o mesmo aumento de 1ºC poderia levar a um crescimento de 16,8% na incidência da doença, pode chegar no máximo a 40% em dois meses.
A pesquisa também investigou a relação entre o aumento de chuvas e a quantidade de casos de dengue. No entanto, os cálculos mostraram que a temperatura é mais importante para configurar um crescimento.
“Quando a gente tem um aumento de temperatura, isso favorece com que o desenvolvimento do mosquito vetor seja mais rápido. Com isso, você tem mais vetor disponível e potencializa a distribuição dos casos de dengue na cidade”, disse Igor Cavallini Johansen, do Departamento de Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH).
O Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, tem uma grande capacidade de adaptação.
CDC
Metodologia
A metodologia da pesquisa analisou a relação entre duas ou mais variáveis. No caso da dengue, a sazonalidade da doença foi levada em consideração e, por isso, o modelo estatísticos leva em consideração as variações ocorridas anteriormente.
“O grande desafio da dengue é que você não tem uma bala de prata. Você não tem uma forma de resolver. Você precisa ter bom saneamento, você precisa educar a população. Se uma lacuna dessa ficar, a doença vai aumentar”, completou Johansen.
Os outros responsáveis pela pesquisa são Bernardo Geraldini, doutorando do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, e Marcelo Justus, do Centro de Estudos em Economia Aplicada, Agrícola e do Meio Ambiente (CEA).
Igor Johansen, um dos responsáveis por pesquisa da Unicamp que verificou relação entre aumento de temperatura com alta de dengue
Reprodução/EPTV
Dengue em Campinas
Campinas (SP) confirmou, na segunda-feira (4), o registro de mais três mortes por dengue, totalizando 80 óbitos em 2024. Entre as vítimas estão duas mulheres e um homem, todos com comorbidades, com idades entre 21 e 84 anos. Com 120.216 casos confirmados, a cidade vive sua pior epidemia da doença na história.
Em nota, a Secretaria de Saúde reitera o alerta feito desde 2023 para “sensibilizar a população para tentar reduzir casos e óbitos”, de que a melhor forma de prevenção contra a dengue “é eliminar qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouros para o Aedes aegypti, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas”, além de vedar a caixa d’água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.
Orientações à população
🌡️ A dengue causa febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas na pele, vômito e diarreia, resultando em desidratação.
🚨 Ao apresentar algum desses sintomas, o morador deve procurar uma das unidades de saúde da cidade para atendimento médico, segundo a Secretaria de Saúde.
Algumas medidas de prevenção são:
Utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas de casa;
Deixe as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol;
Mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros;
Tampe os tonéis e caixas d’água;
Mantenha as calhas limpas;
Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
Mantenha lixeiras bem tampadas;
Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
Limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas;
Coloque repelentes elétricos próximos às janelas (o uso é contraindicado para pessoas alérgicas);
Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados;
Evite produtos de higiene com perfume porque podem atrair insetos;
Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
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