6 de novembro de 2024

270 votos vão eleger o próximo presidente dos Estados Unidos; saiba o porquê


Sistema existe há mais de 200 anos e ajuda a balancear interesses e influência de cada estado. Voto popular ainda é decisivo e dá os rumos para a escolha do próximo governante.
Os Estados Unidos têm mais de 160 milhões de eleitores registrados aptos a votar na eleição presidencial desta terça (5). No entanto, apenas 270 votos vão eleger quem será o próximo presidente. Isso acontece por causa do chamado “Colégio Eleitoral”.
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Votação nos EUA
REUTERS/Evelyn Hockstein
Os 270 votos para vencer a eleição estão diretamente relacionados ao Colégio Eleitoral. Esse grupo é formado pelo conjunto de 538 delegados que são nomeados para representar cada um dos 50 estados norte-americanos, além do Distrito de Colúmbia.
A votação dos milhões de eleitores que irão às urnas é classificada como “voto popular”. O candidato mais votado pela população não é necessariamente quem vai ganhar a eleição. Mas isso não significa que o voto dos eleitores comuns não seja importante.
É pelo voto popular que os 538 delegados vão se guiar para votar no Colégio Eleitoral. Em linhas gerais, o candidato que for mais votado pela população em um estado conquista todos os delegados daquele território. O Texas, por exemplo, tem 40 delegados, enquanto a Flórida tem 30.
É como se cada estado valesse um número exato de pontos. Ou seja, para ganhar as eleições, são necessários, pelo menos, 270 pontos — ou delegados.
Esse sistema de votação existe há mais de 200 anos nos Estados Unidos e funciona para criar um equilíbrio entre os interesses da população de cada região do país.
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Nesta reportagem, você vai entender:
Como funciona o Colégio Eleitoral?
Quantos delegados tem cada estado?
Como surgiu o Colégio Eleitoral?
Por que nem sempre quem ‘ganha’ no voto popular leva?
Os delegados são obrigados a votar?
O que acontece se não houver maioria?
1. Como funciona o Colégio Eleitoral?
Atualmente, o Colégio Eleitoral dos Estados Unidos é composto por 538 delegados. Cada estado possui um número de representantes diferente, que varia de acordo com o tamanho da população e do número de parlamentares na Câmara e no Senado.
Resumidamente, estados mais populosos tendem a ter mais delegados. Já os menores não têm um peso tão grande, mas ainda podem ser decisivos.
No dia 5 de novembro, os eleitores vão às urnas para votar em quem deve ser o próximo presidente. Em linhas gerais, essa votação serve para que a população indique aos delegados daquele estado quem eles querem que seja o próximo governante.
Com exceção do Maine e do Nebraska, que possuem divisões internas, o candidato mais votado pelo povo em cada estado leva todos os delegados daquela área — mesmo que a vitória seja apenas por um voto de diferença.
Para vencer a eleição, o candidato à Presidência precisa ganhar, pelo menos, 270 dos 538 delegados que compõem o Colégio Eleitoral. A reunião do colégio acontece semanas após as eleições, e o novo presidente é oficialmente nomeado.
2. Quantos delegados tem cada estado?
Veja no mapa abaixo o número de delegados, por estado, nos Estados Unidos.

Nebraska e Maine possuem um sistema diferente de delegados:
No caso de Nebraska, são três distritos — cada um com 1 delegado. Além disso, o estado tem dois delegados adicionais que representam a escolha do voto popular em toda a área. Sendo assim, o estado tem um total de 5 delegados.
Já no Maine existem dois distritos, com um delegado cada. Outros dois delegados são escolhidos com base na votação popular do estado todo. Desta forma, o Maine tem um total de 4 delegados.
3. Como surgiu o Colégio Eleitoral?
O sistema do Colégio Eleitoral surgiu ainda no século 18, quando a Constituição dos Estados Unidos estava sendo elaborada. Naquela época, o país ainda estava sendo povoado em algumas áreas, enquanto outras localidades eram mais desenvolvidas.
Diante de um território tão grande e dos desafios da comunicação da época, fazer uma eleição nacional com voto popular seria praticamente impossível. Escolher um presidente apenas com base na opinião de autoridades que estavam na capital também estava fora do baralho.
Com isso, surgiu o Colégio Eleitoral. Delegados foram nomeados em cada estado para formar uma eleição representativa, que atendesse aos interesses de cada região do país.
4. Por que nem sempre quem ‘ganha’ leva?
No sistema do Colégio Eleitoral, o candidato que for o mais votado de um estado leva todos os delegados da área. Isso vale mesmo que ele vença por apenas um voto de diferença.
Desta forma, pode acontecer que um candidato tenha a maioria dos votos populares a partir do ponto de vista nacional, mas, na soma do Colégio Eleitoral, seja derrotado.
Em 2016, por exemplo, a candidata democrata Hillary Clinton teve quase 3 milhões de votos a mais do que o republicano Donald Trump na soma nacional. No entanto, ela conquistou apenas 232 delegados, enquanto Trump teve 306.
Isso aconteceu porque Hillary venceu com ampla vantagem em estados populosos, como a Califórnia e Nova York. Já Trump ganhou em estados-chave por uma margem de votos pequena e, na soma de todos os delegados da região, se saiu melhor.
5. Os delegados são obrigados a votar?
Em muitos estados, os delegados que representam aquela região são obrigados a votar no Colégio Eleitoral de acordo com o resultado da votação popular. Enquanto isso, outras regiões não possuem uma obrigatoriedade expressa.
No passado, alguns delegados se recusaram a seguir o voto popular e escolheram um candidato diferente do que havia vencido no estado. Esses delegados são chamados de “infiéis”.
Ainda assim, um movimento do tipo é muito raro e dificilmente alteraria o resultado final da eleição.
6. O que acontece se não houver maioria?
Existe a possibilidade de que nenhum candidato conquiste a maioria dos 538 delegados. Atualmente, esse cenário é praticamente improvável, mas não impossível. Existe uma pequena chance de que Kamala Harris e Donald Trump terminem as eleições com 269 delegados cada.
Nesse caso, seria acionada a 12ª Emenda da Constituição, e a eleição seria decidida pela Câmara dos Deputados. Neste cenário, cada estado teria direito a um voto, independentemente do tamanho.
Ao fim, o candidato que tivesse a maioria dos votos na Câmara seria eleito. Enquanto isso, o Senado seria responsável por eleger o vice-presidente.
❗ Como os Estados Unidos possuem 50 estados, ainda haveria hipótese de um novo empate. Neste cenário, as negociações e votações continuariam até o fim do impasse. Um presidente interino poderia ser nomeado caso a situação não fosse resolvida até o dia marcado para a posse.
Essa situação aconteceu apenas em 1824, quando nenhum dos quatro candidatos que disputou as eleições conquistou a maioria absoluta dos delegados.
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arte/g1
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