A Via Sacra do bairro de Anjo da Guarda é o maior espetáculo de teatro amador ao ar livre do Maranhão e o segundo do Nordeste. Celebração da Via Sacra une moradores de bairro de São Luís
Há 43 anos, as celebrações da Semana Santa estão transformando uma comunidade de São Luís.
O Anjo da Guarda é um dos bairros mais populosos da periferia de São Luís. Nessa época, vira palco de um grande espetáculo.
“Quando a gente vê a cena realizada e o serviço da gente acabado, aí a gente chora”, conta a cortadeira Claudionora Silva.
A preparação começa seis meses antes, e o resultado vem da força do trabalho que une toda uma comunidade.
Esse é o momento em que gente simples da comunidade se torna protagonista da história que mais emociona os cristãos. A Via-Crúcis encenada por esses artistas também ajudou a mudar a imagem do bairro, que antes sofria muito com o preconceito e a violência.
“Hoje, ele é caracterizado pela arte, pela riqueza cultural”, diz um morador.
Lina Ferreira, de 80 anos de idade, se vestiu de soldada romana para não faltar nesse dia tão importante para os moradores.
“Eu gosto é daqui, suar, fazer esforço. Comigo é tudo vai na fé”, diz.
A Via Sacra realizada nesse bairro de São Luís é o maior espetáculo de teatro amador ao ar livre do Maranhão e o segundo do Nordeste.
“É um momento em que a gente pode mostrar realmente quem nós somos”, afirma a professora Elizabeth Gomes.
As três praças públicas do bairro são transformadas em grandes palcos para as cenas interpretadas pelos artistas comunitários.
“É o representante do bairro que está ali no personagem maior da nossa história”, diz Jorge Smith, professor de educação física.
A comunidade também tem seu próprio teatro, onde é realizada uma das cenas, acompanhada de camarote pelos vizinhos.
“É um prazer imenso. Chega, eu fico toda arrepiada”, festeja a aposentada Maria de Jesus Fonseca.
A multidão acompanha os atores em um percurso de 2 km até o último ato, em quatro horas de apresentação, com cenas que mostram um pouco de realismo e mexem com a emoção dos cristãos.
“As pessoas passam na rua e nos parabenizam pelo nosso trabalho. É muito emocionante”, afirma a professora Rosangela Rocha Ferreira.
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