Edifício foi concedido à iniciativa privada e, depois de uma reforma, vai receber eventos culturais – um investimento de US$ 100 milhões. Os últimos andares, o 25° e 26°, serão abertos ao público aos fins de semana. Marco da arquitetura da cidade de São Paulo reabre portas ao público
Um marco da arquitetura de São Paulo reabriu neste, sábado (30), as portas ao público. Na visita guiada, o grupo chega a um ponto alto da história de São Paulo: o terraço do Edifício Martinelli.
“Sai mais ou menos apaixonado pela cidade? Ainda mais, cada vez mais”, anima-se Fernando Yamamoto, bancário. Enquanto no andar de baixo o piso original de ladrilhos recebe os convidados de uma festa de música eletrônica.
Edson acompanha o movimento. Ele entrou no prédio em 2001 para ser porteiro e passou a pesquisar os detalhes da vida do imigrante italiano que construiu o sonho de ser grande – andar por andar.
“Ele, quando chegou ao Brasil, já chegou com status de mestre de obras. Então, ele ensinava as pessoas, tinha que fazer do jeito dele, se não tivesse dentro do que ele queria, ele pedia pra derrubar aquela parede e levantar novamente”, relata Edson de Souza Cabral, historiador do prédio e relações públicas.
Fachada do Martinelli, no Centro de SP.
Renata Bitar/ g1
“Foi o primeiro arranha-céu de São Paulo, com 130 metros de altura e 30 andares”, completa Edson.
Não é qualquer coisa estar entre os primeiros arranha-céus do país em uma cidade que seria conhecida anos depois pelo horizonte de edifícios. A obra do Martinelli, de 1924, é um marco da verticalização da maior cidade do país. E, um século depois, ele tem vista para o futuro.
Já é 2026 nos croquis em 3D que mostram o projeto de renovação do prédio. Um investimento de US$ 100 milhões da iniciativa privada.
“Nós vamos ter guarda corpos de vidro, com vidro inteligente, que permitam transformar essa experiência de mirante não apenas no que a cidade é hoje, mas no que ela foi, no que nós imaginamos que ela possa vir a ser. Nós vamos ter galerias de arte, restaurante, entretenimento, show e teatro”, afirma Fábio Balestro Floriano, sócio do Grupo Tóquio.
Para provar que o concreto armado era seguro, Giuseppe Martinelli morou na cobertura com a mulher e a sogra de 1928 a 1934, quando faliu e precisou vender o prédio. Com o sucesso do novo negócio das minas de carvão, deixou aos 76 anos um patrimônio de US$ 50 milhões e a lição de que é sempre possível se reerguer, reconstruir e renovar.
“Esse lugar icônico aqui de São Paulo agora reabrindo as portas pra eventos, pra outras atividades, é bem legal pra gente”, diz o DJ Guilherme Scott.
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