Pesquisa identificou uma relação direta entre o compartilhamento de imagens de animais silvestres e exóticos com a procura pela compra desses bichos. No Brasil, a estimativa é de que 35 milhões de animais sejam traficados por ano. Campanha desestimula engajamento de vídeos com animais silvestres
Quase metade do comércio ilegal de animais silvestres ocorre pela internet. E uma campanha nacional tem como objetivo desestimular o engajamento nesse tipo de conteúdo.
Nas imagens que invadem nossas telas, bichos travessos fazem de tudo. Onde muita gente vê fofura, ambientalistas enxergam denúncia; alerta para um crime.
“Eu acho que pouquíssimas pessoas param pra pensar sobre o que uma curtida simples em uma rede social pode contribuir com o aumento de tráfico de animais silvestres no Brasil” diz Juliana Camargo, presidente da ONG Ampara Animal.
Uma pesquisa da ONG Ampara Animal identificou uma relação direta entre o compartilhamento de imagens de animais silvestres e exóticos com a procura pela compra desses bichos. De acordo com o estudo, as redes sociais geraram 37% das pesquisas por compra de macacos e 18% para a de cobras.
No Brasil, a estimativa é de que 35 milhões de animais são traficados por ano. E o fornecedor está ali, a um clique de distância. Em fevereiro de 2024, a polícia do Paraná apreendeu quase 400 bichos de uma quadrilha que anunciava e negociava os animais em um aplicativo de mensagens. A pena para quem trafica animais silvestres varia de seis meses a um ano de prisão, além de multa.
“Desperta um desejo nas pessoas, sobretudo quando visualizam que outras pessoas têm em casa. Só que a aquisição deles, além de serem muito restritas, também esconde o tráfico de animais que se desenvolve sem obstáculos no Brasil”, afirma delegado Guilherme Dias.
A inteligência artificial usada pelas redes sociais aprende nossas preferências porque analisa tudo o que a gente acessa. Quando você clica e assiste, por exemplo, ao vídeo de uma bicho, o algoritmo entende que você gosta daquele assunto e, a partir daí, você começa a receber cada vez mais imagens com esse tipo de conteúdo.
Para tentar reeducar o algoritmo, a ONG lançou uma campanha que pede para que os usuários da internet não deixem curtidas nas postagens em que aparecem animais silvestres ou exóticos. A ONG também sugere apagar o histórico de navegação e limpar o cache – memória temporária que armazena os arquivos mais acessados. É uma mudança de configuração e de consciência.
“Se a gente conseguir educar os nossos algoritmos, a gente conseguir nos educar de entender que nem todo conteúdo com o animal ele é positivo, isso vai ajudar muito a nossa biodiversidade. A ideia é que a gente realmente reformule essa nossa visão e a forma da gente enxergar isso”, explica Maurício Forlani, gerente de projetos da ONG Ampara Animal.
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