Presidente eleito terá mais poder no segundo mandato e pretende governar sem controle de sua própria autoridade. Donald Trump, 47º presidente dos Estados Unidos.
Carlos Barria/Reuters
Eleito 47º presidente dos EUA, Donald Trump foi legitimado para um retorno triunfal à Casa Branca: seus eleitores referendaram as propostas nefastas que ele vendeu, numa campanha de ódio e divisão, sem se importar em alçar ao comando do país um criminoso condenado e indiciado por tentar subverter o resultado eleitoral em 2020.
O segundo mandato lhe dará mais poder, com o aval do Congresso e de uma Suprema Corte conservadora, para pôr em prática as promessas de deportação em massa de imigrantes sem documentos, imposição de tarifas sobre os produtos importados e corte indiscriminado de impostos.
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Aos 78 anos, ele torna-se o segundo presidente americano a retornar ao poder depois de quatro anos, mas o fará sob a insígnia da vingança. Anunciou aos quatro ventos a perseguição a opositores, jornalistas e detratores. Cunhou o grupo como inimigo interno, “mais perigoso do que os externos”.
O cenário exterior prevê o isolacionismo e o unilateralismo, dentro do princípio “Os EUA primeiro”. Isso implica em novo round na queda de braço com aliados tradicionais da superpotência, embates com organismos internacionais, como ONU e Otan, e o menosprezo para o combate das mudanças climáticas.
No eixo de suas ideias, que foram validadas nesta terça-feira pelos eleitores, está um plano para concentrar em seu gabinete os poderes do governo federal, a fim de eliminar as barreiras que dificultaram a atuação no primeiro mandato. Isso levará a um exercício de força ao princípio básico da separação de poderes que rege os EUA há 250 anos.
Trump pretende governar sob o escasso controle de sua autoridade. Durante a campanha, ameaçou demitir sumariamente, no início do mandato, o procurador especial Jack Smith, que o acusa em dois processos. Sinalizou o perdão aos insurgentes que invadiram o Capitólio, no dia 6 de janeiro de 2021, sob o argumento de que o episódio foi uma festa de amor.
No discurso em que se proclamou vitorioso, sem esperar o reconhecimento da derrota por parte da adversária Kamala Harris, Trump tentou passar um tom comedido e de união, como protagonista do início de “uma era de ouro para os EUA”.
Sem motivos para o chororô da fraude eleitoral, ele enalteceu o bilionário Elon Musk, um poderoso cabo eleitoral, e o controverso ativista anti-vacinas Robert Kennedy Junior, que deverá supervisionar as agências de saúde e, segundo ele, “fará a América saudável novamente”.
A eleição de Trump se ancora no voto da raiva com o custo de vida e a imigração ilegal. Boa parte de seus partidários preferiu empurrar goela abaixo as perspectivas de um futuro sombrio para o país — e o mundo — e comprar as benesses prometidas pelo candidato republicano.
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