Considerando os dois tipos de comércio, a cesta mais cara custou 1.468,51, a mais barata saiu por R$ 962,57. Pesquisadora afirma que variação dos preços impacta na segurança alimentar da população. Preço da cesta básica pode variar até 52,6% em Piracicaba (SP)
Reprodução: Freepik
O preço da cesta básica em Piracicaba (SP) pode variar até 52,6% de acordo com o supermercado, ou atacarejo, segundo o Índice de Cesta Básica (ICB) feito por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
No início do ano, a cesta mais cara entre os supermercados pesquisados na metrópole custava R$ 1.468,52. Já a mais barata custou R$ 1.116,03. A variação é de 31,6%.
Nos atacarejos, a diferença de preço é menor. A cesta mais cara custa R$ 1.202,29 e a mais barata sai por R$ 962,57; uma variação de 14,5%. No entanto, o estudo ressalta que nesses estabelecimentos não se encontram todos os produtos da cesta, o que contribui para a diferença.
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Em janeiro, o Índice de Cesta Básica (ICB) registrou um leve aumento de 0,001%, atingindo R$ 1.205,57. Os alimentos tiveram uma elevação de 1,79%, enquanto os itens de limpeza doméstica reduziram 3,59%. A maior queda, no entanto, foi nos itens de higiene pessoal: 12,63%.
Com o reajuste do salário mínimo para R$ 1.412,00 em 2024, o total da cesta passou a representar 85,38% do valor, o que representa uma queda de 5,9% em relação a dezembro do ano passado.
Segundo o estudo, isso indica uma “pequena melhora no poder de compra do salário mínimo em janeiro de 2024 em relação a dezembro de 2023”.
No entanto, em relação às 17 capitais analisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese, a cesta básica alimentícia em Piracicaba é mais cara que em cinco delas. Veja no gráfico abaixo. 👇
Cesta de alimentos
Na comparação com o valor do salário mínimo, os itens alimentícios representam 72,02% do valor.
Salsicha, batata, linguiça e feijão registraram os maiores aumentos, enquanto margarina, cebola, biscoito recheado e queijo tiveram reduções.
Destaca-se que a batata, por exemplo, teve um aumento de 33,20% devido a condições climáticas adversas que afetaram a produção e oferta, enquanto a linguiça subiu 24,25% devido ao aumento no consumo durante as férias.
Limpeza
O setor de limpeza doméstica representa 5,91% do salário mínimo. Itens como sabão em barra, detergente, amaciante e sabão em pó tiveram reduções de preços, enquanto limpador multiuso e água sanitária apresentaram aumento.
Na área de higiene pessoal, observou-se uma redução nos preços de papel higiênico, absorvente, creme dental e desodorante. O setor representa 7,27% do salário mínimo.
Reflexo de 2023
O estudo da Esalq indica que a variação na cesta básica no início de 2024 reflete a tendência de queda da inflação em 2023, com o IPCA atingindo 4,62%. Destacam-se entre os produtos as variações significativas de cebola, óleo de soja, salsicha, arroz, alho e batata.
O Índice de Cesta Básica Esalq/Fealq, considerando os dados consolidados do ano de 2023, registrou uma queda de 3,72% em relação a 2022, alcançando R$ 1.205,55.
Nesse período, os alimentos apresentaram uma redução de 4,59%, enquanto os segmentos de limpeza doméstica e higiene pessoal experimentaram aumentos de 0,98% e 0,70%, respectivamente.
O que esperar de 2024?
Segundo a análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea Esalq-USP), há várias discussões sobre como os preços dos alimentos e como eles podem afetar o custo de vida das pessoas.
Em 2023, o principal fator que influenciou no valor dos alimentos foi o El Niño, que deve perder força a partir de abril deste ano. No entanto, o aumento das temperaturas provocado pelo efeito estufa ainda afeta toda a produção agrícola e eleva os preços dos alimentos.
Por sua vez, isso traz dificuldades de acesso a uma alimentação adequada para os mais pobres, especialmente aqueles que vivem com até um salário mínimo per capita — cerca de 60% da população brasileira.
“Esse cenário de demanda doméstica por certos produtos, como arroz e feijão, por exemplo, quase estagnada, em razão da renda muito baixa, não favorece a expansão sistemática da produção”, explica a pesquisadora de Macroeconomia do Cepea Aniela Carraca.
Segundo Aniela, por isso a produção cresce a taxas insuficientes, do ponto de vista nutricional, e fica à mercê do clima e da ocorrência de pragas e doenças nas culturas. No entanto, ela afirma que prever o comportamento dos produtos alimentícios ao longo de 2024 é uma tarefa complexa e imprecisa.
“O que é possível se ser afirmar é a respeito da importância, num país de características estruturais como as do Brasil, de se acompanhar os indicadores de preços, com um olhar atento as especificidades de cada produto, sem perder de vista acontecimentos no cenário econômico, eventos climáticos, questões geopolíticas, dentre outros fatores que direta ou indiretamente podem influenciar os preços dos alimentos. Ou seja, não se trata de uma questão trivial”, pontua.
Ela destaca ainda que a preocupação com o preço dos alimentos vai muito além da economia: é preciso debater sobre o impacto disso com a segurança alimentar de uma população.
“Ao se discutir sobre os preços dos alimentos, também deve-se observar o quanto o aumento destes pode dificultar o acesso, sobretudo dos mais pobres, a uma alimentação adequada”, diz Aniela.
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