Dados de setembro mostram que a metrópole tinha 8.540 endividados. Em 2023, Governo Federal lançou programa para renegociação das dívidas. Página da Caixa sobre renegociação do Fies.
Emily Santos/g1
O número de estudantes inadimplentes do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), em Campinas (SP), atingiu em 2024 o maior patamar dos últimos quatro anos. Em setembro eram 8.540 endividados, o que indica um aumento de 6,7% em comparação ao ano passado.
Dentro desse período, até então, o índice mais alto havia sido registrado em 2021, quando a metrópole tinha em setembro 8.363 pessoas em débito com o programa. Os dados foram obtidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, por meio do Ministério da Educação (veja o gráfico).
Para reduzir o número, o Governo Federal lançou no ano passado o Desenrola Fies para a renegociação de dívidas. Os estudantes que atenderem aos critérios ainda podem aderir à iniciativa neste ano. Abaixo o g1 detalha como funciona.
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O Fies é uma iniciativa do Ministério da Educação que financia o pagamento da faculdade particular. Ele varia de acordo com a renda média da família, que não pode passar de três salários mínimos por pessoa, e é uma ajuda para quem sonha com uma carreira e não tem condição de arcar com os estudos.
As parcelas são pagas ao fim da faculdade. No entanto, os dados mostram que muita gente não tem conseguido assumir essa dívida, como afirma o professor de economia Fernando Sarti, da Unicamp. “É como se fosse um empréstimo para um investimento importante, que é a sua formação”.
“Portanto, a partir dessa formação, você teria uma condição melhor de inserção no mercado de trabalho e que, você imagina, com essa inserção vai gerar uma renda compatível para pagar esse financiamento, [mas] as vezes essas duas coisas descasam”.
“Nem sempre essa dívida contraída consegu ser financiada com a sua renda depois da faculdade. As vezes a dificuldade no mercado de trabalho, uma crise econômica, ou a pessoa está empregada, mas perde o emprego”, completa.
A Pamela Sousa começou a cursar jornalismo no início do ano passado e precisou recorrer ao Fies. Ela conseguiu financiar cerca de 50% do valor total da graduação, mas conta que teve dificuldades para manter o pagamento da outra parte da mensalidade. Agora fazendo estágio, ela espera conseguir quitar a dívida.
“No momento está meio difícil, eu estou com algumas faturas abertas. Do mês passado eu ainda não consegui pagar, esse mês eu acho que não vou conseguir pagar. Eu estou estagiando, o que está me ajudando bastante para guardar dinheiro, também estou fazendo iniciação científica para ajudar mais ainda. Eu pretendo muito pagar com a minha própria formação”.
Como renegociar dívidas do Fies
Os estudantes que estão em débito com contratos firmados até 2017 ou tenham se tornando inadimplentes até junho de 2023 podem renegociar suas dívidas por meio do Desenrola Fies até o dia 31 de dezembro.
Os descontos e as condições podem variar de acordo com o perfil do devedor. Além disso, estudantes com dívidas em atraso há mais de 360 dias, inscritos em Programas Sociais do Governo Federal ou beneficiários do auxílio emergencial podem obter descontos de até 99%.
Mais informações sobre o Desenrola Fies podem ser consultadas por meio do telefone 0800 616161. Os interessados também podem entrar em contato com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
Vale a pena se inscrever no Fies?
Em entrevista ao g1 no ano passado, Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, disse que, considerando todos os riscos do Fies, é preciso que os estudantes interessados em disputar uma vaga avaliem com cuidado antes de optar pelo financiamento governamental.
Segundo ele, as três principais perguntas a serem respondidas são:
O estudante tem vocação para o curso que está buscando? Ele vai conseguir concluir o curso? “Se ele desistir ele vai ficar com a dívida. Então, esse é o primeiro risco.”
O curso escolhido vai ter bastante empregabilidade quando ele se formar? “Por exemplo, cursos na área de tecnologia hoje em dia têm uma empregabilidade enorme e com boa renda”, explica Capelato.
A instituição de ensino superior onde ele vai estudar tem boa qualidade e reputação? “O mercado vai aceitar seu currículo, vai aceitar empregar essas pessoas. E daí a chance de empregabilidade e renda maior geram possibilidade de pagar o financiamento”.
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