As pesquisas de boca de urna dão pistas importantes sobre os grupos demográficos que podem ter ajudado o republicano a se eleger. Planalto vê Trump com mais poder e musculatura
Donald Trump foi eleito o novo presidente dos Estados Unidos, em uma vitória que consolidou seu retorno à Casa Branca após quatro anos de governo democrata.
No começo da manhã de quarta-feira (6/11), no horário de Brasília, Trump amealhou 279 delegados assegurados no Colégio Eleitoral, mais do que os 270 necessários para ser eleito.
A vitória foi confirmado após a projeção do resultado no Wisconsin, um dos Estados-pêndulo decisivos para essa eleição. Mas antes mesmo da confirmação, mas quando o cenário já apontava uma ampla vantagem republicana, Trump se declarou vencedor em um discurso na Flórida.
Agora, analistas políticos examinam os resultados para tentar entender como ele conseguiu conquistar um resultado tão dominante nas urnas.
As pesquisas de boca de urna dão pistas importantes sobre os grupos demográficos que podem ter garantido essa vitória.
Embora as mulheres americanas tenham votado mais na candidata democrata Kamala Harris, isso parece ter acontecido em margem menor do que o esperado pela campanha da candidata democrata.
Trump liderou entre eleitores brancos – que são o grupo demográfico mais numeroso, enquanto Kamala ganhou junto ao público negro.
E apesar de as pesquisas de boca de urna terem apontado uma vantagem da democrata entre os eleitores latinos, Trump parece ter avançado dez pontos percentuais nesse eleitorado em comparação à sua performance em 2020.
O republicano também teve vantagem entre os americanos de meia-idade e sem diploma universitário.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Homens latinos
Em 2016, a então candidata democrata Hillary Clinton ganhou os eleitores latinos por uma margem de 38 pontos percentuais, de acordo com pesquisas de boca de urna. Em 2020, a margem de Joe Biden encolheu para 33 pontos.
Este ano, as pesquisas de boca de urna antecipadas sugerem que a margem de vitória de Kamala Harris entre esses eleitores é de apenas 8 pontos percentuais.
Alguns dos resultados que mais decepcionaram o Partido Democrata vieram justamente de condados com grande número de latinos, como os condados de Webb, Dimmit, Starr e Zapata, no Texas, perto da fronteira com o México.
Nesses locais, Harris recebeu uma parcela de votos pelo menos nove pontos percentuais menor do que Biden em 2020.
Donald Trump, por sua vez, tem motivos para comemorar. Em 2016 e 2020, o republicano recebeu 28% e 32% dos votos latinos, contra 45% nesta eleição, segundo a boca de urna.
E embora o crescimento tenha sido registrado entre essa parcela da população como um todo, os ganhos do republicano foram particularmente grandes entre os latinos do sexo masculino.
Enquanto as pesquisas de 2020 indicaram Joe Biden ganhando entre os homens latinos em 2020 por uma margem de 23 pontos percentuais, uma pesquisa de boca de urna divulgada pela emissora CNN aponta que Trump ganhou nesse grupo desta vez.
O republicano não só foi o mais votado entre os latinos do sexo masculino, como teve vantagem de 10 pontos percentuais em relação à Kamala Harris.
Distribuição de votos por recortes
Imagem: BBC
Eleitores brancos e negros
Outro grupo demográfico que ajudou a consolidar a vitória de Donald Trump é o de eleitores brancos, que é o mais numeroso.
A vantagem dele entre o grupo caiu em relação aos resultados de boca de urna de 2020, mas ele ainda assim recebeu a maior parte do apoio, com 55% dos votos. Em 2020, Trump havia sido votado por 58%.
Um grupo que contribuiu de forma significativa para essa queda do republicano foram as mulheres identificadas como brancas: enquanto em 2020 Trump teve uma vantagem de 11 pontos entre elas, em 2024 esse total caiu para 5, segundo a pesquisa de boca de urna da CNN.
Por sua vez, Kamala Harris ganhou entre o eleitorado negro, como já era esperado.
Ela ampliou em 4 pontos percentuais a vantagem conquistada pelo Partido Democrata entre as mulheres negras, conquistando 85% dos votos nesse grupo, segundo a boca de urna.
Trump faz discurso da vitória para apoiadores na Flórida
Alex Brandon/AP
Mulheres
Trump recebeu 44% do voto feminino, segundo a pesquisa de boca de urna – um avanço em relação aos resultados obtidos contra Joe Biden há quatro anos.
Em 2020, o candidato republicano aparecia com 42% dos votos das mulheres de qualquer raça.
Isso significa que, apesar de ter sido a mais votada entre as mulheres, Kamala Harris teve uma vantagem menor entre o grupo demográfico do que Joe Biden.
Harris também recebeu menos apoio das eleitoras do sexo feminino do que Hillary Clinton em 2016, quando a democrata ficou 13 pontos percentuais a frente de Donald Trump.
O cenário foi visto por analistas como preocupante para a vice-presidente, já que ela tentou mobilizar as mulheres em torno da questão do aborto.
Interior dos EUA
Embora Trump tenha perdido apoio nas áreas rurais dos Estados Unidos em 2020, ele retornou com força total entre os eleitores que residem nessas áreas em 2024.
Segundo a pesquisa de boca de urna divulgada pela CNN, 63% dos eleitores rurais votaram no republicano neste pleito, contra 57% há quatro anos.
Já os eleitores moradores dos centros urbanos mantiveram seu apoio ao Partido Democrata, enquanto as áreas classificadas como suburbanas ficaram bastante dividas, como em eleições passadas.
Nível de educação e idade
Por outro lado, Kamala Harris teve um desempenho pior do que Joe Biden entre os eleitores mais jovens, um grupo que costuma votar de forma esmagadora em candidatos democratas.
Na pesquisa de boca de urna Harris aparece com, respectivamente, 56% e 55% dos votos dos eleitores entre 18-24 e 25-29 anos, contra 65% e 54% de Biden em 2020.
Mas Harris também obteve ganhos entre os eleitores mais velhos, um grupo que tradicionalmente pende para o lado republicano. A democrata aparece com vantagem de 1 ponto percentual entre os eleitores americanos de 65 anos ou mais.
Já no grupo de 45-64 anos, Donald Trump cresceu 7 pontos percentuais.
As pesquisas americanas também costumam analisar os eleitores e suas escolhas com base em seu nível de educação.
Os eleitores brancos sem diplomas universitários representaram a base de apoio de Trump em eleições anteriores, algo que se manteve constante.
Mas uma mudança foi registrada entre os eleitores brancos com ensino superior: em 2016 e 2020, 48% e 51% dos americanos registrados com esse perfil votaram em Trump, respectivamente.
Já neste ano, Harris ganhou entre esse grupo por uma vantagem de 10 pontos percentuais: a democrata recebeu 54% dos votos dos eleitores brancos com diploma universitário, contra 44% de Trump.