7 de novembro de 2024

Redução do efetivo e sobrecarga de trabalho têm impacto na saúde mental dos policiais de Pernambuco


Assunto foi debatido em audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Estado tem 16.724 policiais a menos do que deveria. Deputado estadual Joel da Harpa (PL) explica que ainda existe preconceito sobre cuidados de saúde mental para policiais
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que Pernambuco tem 16.724 profissionais de segurança pública a menos do que deveria. A situação tem impacto na sobrecarga de trabalho dos profissionais, com impacto direto na saúde mental de quem atua nas forças de segurança. Médicos e autoridades das polícias Militar e Civil e do Corpo de Bombeiros debateram a questão durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (6), na Assembleia Legislativa de Pernambuco.
Atualmente, o estado tem 4.663 policiais civis, quando o ideal, de acordo com fórum, seriam 10 mil. No caso dos policiais militares, são 16.563 profissionais atuando, enquanto a estimativa da entidade é de que seriam necessários 27.950. Em 10 anos, o efetivo diminuiu 16,9% no estado.
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Em 2013, existiam 19.926 PMs atuando no estado. Com menos policiais trabalhando, o resultado tem sido a sobrecarga e questões que afetam a saúde mental.
“A sobrecarga de trabalho, em qualquer área, mas especificamente na área de segurança pública, vai gerar impactos tanto no aspecto psíquico, quanto no organismo como um todo. Você pode ter somatizações, pode ter aumento de sintomas como dor de cabeça, dores no corpo, dores gastrointestinais, pode ter doenças cardiovasculares e também pode começar a desenvolver sintomas como a síndrome de esgotamento, que são relacionados à despersonalização, ao distanciamento e à sensação de esgotamento mesmo”, explicou a psiquiatra Ludmila Costa, capitã da PM.
A médica detalhou que o stress ser acompanhado de sintomas de ansiedade e depressão, provocando questões como crises de ansiedade, alterações de sono, de apetite e repercutir no desempenho no trabalho.
O déficit de policiais também se reflete no serviço de atendimento psicológico e psiquiátrico da corporação. Segundo informações divulgadas durante a audiência pública, para atender a todo o efetivo de policiais em Pernambuco existem apenas três profissionais da área de psiquiatria concursados e dois prestadores de serviço, que atuam no atendimento emergencial e ambulatorial.
Os números comprovam a urgência de falar sobre o tema e de encontrar soluções. Em 2024, seis policiais cometeram suicídio em Pernambuco.
“Há um tabu muito grande ainda dentro dos quarteis e nas delegacias nesse contexto da saúde mental e a gente vê casos extremamente perigosos acontecendo dentro das corporações. Vários policiais que estão se afastando do serviço por transtorno mental. Trouxemos também casos de policiais que estão na reserva, aposentados, por conta de um transtorno mental. [É importante] que a gente possa discutir isso e buscar por parte do Poder Executivo, da sociedade organizada, uma atenção mais específica para tratar desses profissionais que tanto precisam da nossa atenção”, falou o deputado estadual Joel da Harpa (PL).
Segundo representantes da PM e da Polícia Civil, a contratação dos aprovados nos concursos públicos deste ano deve aliviar a carga de trabalho do efetivo. São 4.500 praças e 450 oficiais que, quando começarem a atuar em suas funções, devem atenuar o déficit no efetivo.
“No momento nós estamos com um processo de seleção para contratação de policiais para todos os cargos em andamento, com fase final do concurso para janeiro. Acredito que em fevereiro ou março eles estarão na academia já fazendo o curso de formação”, explicou Benedito Anastácio, diretor de Recursos Humanos da Polícia Civil.
Polícia Militar de Pernambuco
Reprodução
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