Área é coordenada por Fernanda Stancik, uma das primeiras mulheres a atuar na área de montagem de cenários do evento. Fernanda Stancik
Giuliano Gomes/PR PRESS
Os dias estão intensos, mas Fernanda Stancik já se acostumou com o ritmo frenético do Festival de Curitiba, maior evento de artes cênicas da América Latina que tem programação até 7 de abril.
Fernanda é a coordenadora das montagens cênicas do festival, área chamada de cenotecnia. Os profissionais desse ramo transformam teatros e espaços cênicos com projetos e estruturas que permitem o desenvolvimento das peças.
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“Esse processo de ver as coisas acontecendo, ver toda a movimentação da técnica, dos atores, da história sendo montada, me fascina. Assistir as peças da coxia é sensacional. Vejo coisas que o público não vê, o que acontece fora do palco é um outro espetáculo.”
Fernanda integra a ficha técnica do festival desde 2016, mas foi agora, em 2024, que ela assumiu a cenotecnia de vez. Um dos desafios tem sido comandar uma equipe, com cerca de 40 pessoas, responsável por todas as cenografias do evento.
O gerenciamento desta área, quase sempre ocupado por homens, foi acontecendo de forma natural. Nas duas edições passadas do festival, Fernanda foi a responsável pelo palco do Guairão e era a única cenotécnica mulher da equipe.
Ela começou a trabalhar no festival como maquinista, profissional que auxilia o cenotécnico na montagem da cenografia no palco do teatro. A função dela era montar e desmontar cenários, executando tarefas de manutenção, ajustes e conservação dos materiais de cena.
Como na época não era comum mulheres neste ambiente, a presença dela no meio gerou um estranhamento. Ela conta que, no início, se sentiu subjugada e ouvia comentários como “deixa que eu carrego” – que podia parecer uma gentileza, mas, na verdade, revelava uma desconfiança de capacidade.
“Aos poucos fui me colocando e mostrando que eu era capaz. Mas também reconheço os meus limites e quando preciso de ajuda sei pedir”.
Por ser prática e minuciosa, foi se destacando na atenção aos detalhes, nos acabamentos. Segundo ela, neste quesito as mulheres fazem a diferença.
“A cenotécnica não é uma área só de montagem bruta, exige também acabamento fino, precisa tanto de quem faz força quanto de quem se preocupa com os detalhes, de alguém que costura, por exemplo, uma barra bonita, bem-acabada”, explica.
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Festival como propulsor
Fernanda Stancik
Giuliano Gomes/PR PRESS
Foi a partir do Festival de Curitiba que Fernanda começou a trabalhar com teatro. Além de conciliar as duas áreas, artes cênicas e artes visuais, hoje também atua no cinema na área de produção de arte, montando cenários para as filmagens.
“O festival foi um divisor de águas na minha vida, me mostrou que essa habilidade técnica que tenho na instalação de quadros pode ser aplicada em outras linguagens da arte, ampliou minha visão sobre a cenotécnica e a minha profissão”, diz.
A experiência com o festival fez com que a Fernanda tomasse gosto pelo teatro. Este ano, como está na produção, ela assiste os espetáculos da plateia, mas confessa ficar de olho no celular e, caso seja necessário, vai entrar em ação para solucionar qualquer contratempo.
“Amo trabalhar no festival, sou uma operária da arte. Além do reconhecimento do meu trabalho o evento proporciona uma vivência cultural extraordinária. Fazer parte do funcionamento dessa máquina e deste movimento grandioso que sacode a cidade é muito prazeroso”, encerra.
32º Festival de Curitiba
🗓️ Quando: até 7 de abril;
💵 Valores: até R$ 85;
🎟️ Ingressos: neste link e na bilheteria do Park Shopping Barigüi, de segunda-feira a sábado, das 10h às 21h; domingos e feriados, das 12h às 20h.
🔴 Verifique a classificação indicativa e orientações de cada espetáculo
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