7 de novembro de 2024

Secretaria de Segurança de SP anuncia reforço policial na Baixada Santista após morte de menino de 4 anos


Medida foi tomada após uma ação policial que aconteceu no Morro São Bento, em Santos (SP), e resultou na morte de Ryan da Silva Andrade Santos, que estava brincando na calçada quando foi atingido por um disparo no abdômen na noite de terça-feira (5). Operação para reforço do policiamento foi deflagrada na Baixada Santista após morte do menino Ryan da Silva Andrade
Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal e Arquivo Pessoal
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) anunciou o reforço do policiamento na Baixada Santista, especialmente em Santos, após a morte de uma criança de 4 anos durante uma perseguição policial a suspeitos no Morro São Bento, na noite de terça-feira (5). De acordo com a SSP-SP, a ação será mantida por tempo indeterminado e contará com o apoio de policiais dos Batalhões de Choque da capital paulista.
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A SSP-SP informou que a medida visa identificar e prender os criminosos que teriam atacado policiais durante uma ação no morro. Além de Ryan da Silva Andrade Santos, um adolescente de 17 anos morreu e outro, de 15, foi baleado. Os dois últimos são considerados suspeitos.
A decisão de reforçar o policiamento na Baixada Santista foi inicialmente divulgada pelo porta-voz da PM, coronel Émerson Massera, durante uma coletiva na tarde de quarta-feira (6), em São Paulo, sobre a operação no morro santista, que resultou em duas mortes — do jovem considerado suspeito e da criança vítima enquanto brincava na rua.
“Essa operação tem um objetivo claro, que é identificar e prender esses criminosos. Nós não sairemos de lá enquanto eles não forem, pelo menos, identificados e responsabilizados. Enquanto for necessário, nós estaremos com esse policiamento reforçado, com uma operação específica, para dar essa resposta e devolver a segurança e tranquilidade”, conta.
Nesta quinta-feira (7), a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) endossou a implementação da nova operação.
O que disse o coronel?
De acordo com Massera, o reforço do efetivo contará com profissionais do Comando de Policiamento do Interior 6 (CPI-6), responsável pelo policiamento da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, e por tropas do 2°, 3° e 4° Batalhão de Choque, que ficam na capital.
“Nós temos aí vários criminosos que conseguiram fugir, em torno de sete ou oito criminosos pelo menos. E, agora, a nossa preocupação também é identificar, localizar e prender esses bandidos. Até para dar uma resposta a sociedade em razão do fato grave que aconteceu”, revela .
Coronel Emerson Massera, chefe do centro de comunicação social da PM
Reprodução/TV Globo
O reforço, segundo Massera, ocorrerá em toda a Baixada Santista. “Não é apenas no Morro do São Bento. Já identificamos que alguns dos envolvidos [na ação de terça-feira à noite] moram em outras comunidades. O reforço vai ser estendido para toda a região da Baixada, principalmente o município de Santos”, disse.
O coronel ainda revelou na coletiva que “provavelmente” o disparo que atingiu Ryan partiu da arma de um policial. Ainda segundo a Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), sete policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas (veja abaixo)
“Esses sete policiais são encaminhados ao programa de acompanhamento e apoio do policial militar. Vão ser avaliados e receber todo o apoio da PM. Depois avaliaremos se é o caso de manter esse afastamento por um tempo maior ou não. Os policiais não estão sendo tratados pela Polícia Militar como acusados, eles são vítimas”, disse.
Morte de Ryan
Caso ocorreu no Morro São Bento, em Santos (SP). Ryan, de 4 anos, estava brincando na rua quando foi atingido.
Redes sociais e Arquivo Pessoal
Ryan da Silva Andrade Santos morreu após ser baleado durante um confronto policial no Morro São Bento, em Santos. Um adolescente, de 17, também morreu suspeito de atirar contra os policiais. Outro jovem, de 15 anos, também foi baleado e segue internado sob escolta.
Segundo o registro policial, três viaturas da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) estavam pelo bairro quando viram aproximadamente dez homens, sendo quatro em motocicletas. Eles fugiram ao notarem a equipe policial.
O grupo correu até um ponto de tráfico de drogas e, por isso, os policiais precisaram desembarcar das viaturas para iniciarem as buscas. Em depoimento, os agentes contaram que se aproximaram dos suspeitos, que começaram a atirar. Os policiais revidaram e solicitaram apoio.
A outra equipe da PM chegou pela parte superior do morro e surpreendeu ao menos oito dos suspeitos, que voltaram a disparar contra os policiais. Foi nessa segunda troca de tiros que os dois adolescentes acabaram baleados.
De acordo com a corporação, os demais suspeitos conseguiram fugir pela área de mata. Sendo assim, os policiais apreenderam três motocicletas, sendo que uma delas era furtada. Além disso, armas e um radiocomunicador também foram apreendidos.
Bala perdida
Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, morreu após ser baleado no Morro São Bento, em Santos (SP)
Arquivo Pessoal
Ao g1, a mãe dele Beatriz da Silva Rosa disse que o menino estava brincando com outras crianças em frente à casa de uma prima quando foi atingido na barriga. Ele foi levado até a Santa Casa de Santos, mas não resistiu e morreu.
“Os policiais chegaram atirando em cima de dois meninos, que eu acho que estavam ‘de fuga’. Só que eles viram que a gente estava na parte de cima [da rua] com as crianças e tudo, mas começaram a atirar”, relembrou a mulher, que presenciou a cena.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) lamentou a morte de Ryan durante um confronto. A pasta informou, ainda, que a Delegacia Seccional de Santos instaurou um inquérito para apurar os fatos e determinou a realização de perícia nas armas apreendidas e no local do confronto para esclarecer a origem do disparo que atingiu a criança.
Pai morto em operação
Leonel Andrade e Ryan da Silva Andrade morreram com intervalo de nove meses no Morro São Bento, em Santos (SP)
Arquivo Pessoal
O pai de Ryan, Leonel Andrade Santos, de 36 anos, foi um dos 56 mortos durante a Operação Verão, que aconteceu entre janeiro e abril deste ano, cerca de nove meses antes de Ryan falecer.
“Meu sentimento é de revolta. Eu perdi meu marido tem nove meses, a polícia matou. Agora eu perdi o meu filho assim”, lamentou a mulher.
Leonel foi morto por agentes do 4º Batalhão de Choque em 9 de fevereiro, durante a Operação Verão. Familiares e vizinhos que testemunharam a ação informaram que os agentes chegaram atirando. À época, a SSP afirmou que o homem foi baleado por apontar uma arma para os PMs.
“O pai do menino se envolveu em duas trocas de tiros com a Polícia Militar, e na segunda ele acabou falecendo. É triste falar isso nesse momento, porque estamos diante de uma vítima, de um menino de quatro anos, totalmente inocente, mas são ocorrências muito distintas. O que levou o pai dele a confrontar a PM é algo muito distinto”, explica o porta-voz da PM.
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