Empresa sediada em Jacareí vive crise financeira há mais de dois anos, mas informou no fim de outubro que está sendo negociada com um investidor brasileiro. Avibras
Reprodução/TV Vanguarda
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e um representante do investidor brasileiro que está interessado em comprar a Avibras, indústria bélica de Jacareí, se reuniram nesta sexta-feira (8).
Em recuperação judicial por conta de uma crise financeira, a empresa anunciou no fim de outubro que está sendo negociada com um investidor brasileiro, que ainda não foi revelado – entenda mais detalhes abaixo.
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Realizada na sede do sindicato, que fica na região central de São José, a reunião começou às 10h e foi encerrada por volta das 12h30, segundo apuração da Rede Vanguarda.
Sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos
Reprodução/TV Vanguarda
De acordo com o sindicato, o objetivo da reunião foi discutir as reivindicações dos trabalhadores, que estão há um ano e sete meses sem receber salário e em greve desde setembro de 2022, por conta da crise financeira da empresa.
O sindicato defende que, caso a venda da Avibras para o investidor brasileiro seja concretizada, a volta dos funcionários ao trabalho vai depender do cumprimento de algumas exigências que foram aprovadas em assembleia realizada entre sindicato e trabalhadores.
Veja quais são as exigências:
pagamento de todos os salários na íntegra, incluindo as multas;
volta imediata do plano de saúde para todos os funcionários;
garantia de permanência por no mínimo 10 anos na região, em compromisso a ser assinado com os governos federal, estadual e municipal, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Ministério Público Federal
divulgação dos valores devidos para cada trabalhador, incluindo salários e multas
estabilidade no emprego por um ano para os atuais trabalhadores
Venda da Avibras: sindicato se reúne com possível comprador da indústria bélica
Reprodução/TV Vanguarda
O Sindicato dos Metalúrgicos informou ainda que não houve apresentação de proposta durante a reunião, que foi considerada positiva. Um novo encontro está marcado para o dia 19 de novembro.
“Ainda não (é possível revelar o nome do investidor). Os representantes desse investidor que estiveram conosco na reunião disseram que só podem revelar o nome quando o processo estiver no final por conta de questões de sigilo no contrato. Na nossa opinião, a reunião foi positiva. A gente sente o interesse deste grupo em adquirir. Por mais que não seja nada 100% concreto, é uma luz no fim do túnel diante de uma situação de mais de dois anos, principalmente para os trabalhadores que estão com salário em atraso”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Weller Gonçalves.
A Rede Vanguarda apurou que o investidor brasileiro é representado por um escritório de advocacia de São Paulo, chamado Cahen & Mingrone, que trabalha com direito societário.
De acordo com a ata da reunião, o investidor assinou um acordo visando a compra. Esse acordo está em fase de diligências, que deve durar quatro semanas.
Depois disso, o investidor vai decidir pela compra ou desistir do negócio.
Venda da Avibras
A indústria bélica Avibras afirmou no fim de outubro que a venda da empresa está sendo negociada com um investidor brasileiro. O nome do investidor e o valor do negócio não foram revelados.
Segundo a Avibras, no dia 25 de outubro, o investidor brasileiro assinou um acordo com a empresa, para adquirir o controle da companhia, o que a indústria bélica, que vive uma crise, classificou como um avanço significativo no “processo de recuperação financeira”.
Avibras, em Jacareí
Claudio Vieira/Sindicato dos Metalúrgicos
Apesar da assinatura, a Avibras informou que a conclusão do negócio ainda depende de outros fatores, com o cumprimento de condicionantes estabelecidas em contrato.
“O fechamento efetivo da aquisição somente poderá ocorrer se cumpridas todas as condições estabelecidas no acordo”, diz trecho da nota da Avibras. A empresa não detalhou o acordo firmado.
Ainda segundo a Avibras, nesta fase, estão sendo seguidas as etapas necessárias “para concretizar e validar a aquisição, com o intuito de restabelecer as operações da companhia”.
Por fim, a Avibras destacou que “a assinatura do acordo representa um marco importante no processo de reestruturação da empresa” e que o investidor brasileiro e a indústria bélica “estão trabalhando de forma colaborativa para concluir a transação”.
A Avibras é uma empresa bélica localizada no interior de SP.
Reprodução/ TV Vanguarda
Crise da Avibras
Confira a linha do tempo da crise e da situação da Avibras:
março de 2022: a Avibras pediu recuperação judicial alegando uma dívida de R$ 600 milhões
setembro de 2022: os trabalhadores entraram em greve por causa dos atrasos nos salários
julho de 2023: o plano de recuperação judicial foi aprovado
abril de 2024: a Avibras anunciou que negociava a venda para a empresa australiana Defendtex
junho de 2024: a Defendtex desistiu da compra
junho de 2024: o Ministério da Defesa informou que a Avibras havia recebido nova proposta, desta vez de um possível investidor chinês
outubro de 2024: a Avibras afirmou que está negocia com um investidor brasileiro
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a dívida adquirida pela Avibras durante o período de recuperação judicial – de 2022 para cá – é de cerca de R$ 327 milhões.
Quando o processo de recuperação começou, a empresa de Jacareí tinha cerca de 1,4 mil funcionários. Atualmente, são 924 funcionários, que estão em greve desde setembro de 2022.
Avibras
Reprodução/TV Vanguarda
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP). Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve, entre coisas, motores de foguetes para as forças armadas.
Fábrica da Avibras em Jacareí
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