8 de novembro de 2024

Mulher denuncia que teve parte do dedo arrancado por vizinha que não aceita ela ser casada com outra mulher


Segundo estudante, já foram registrados cinco boletins de ocorrência por causa de situações com vizinhos. Ela afirmou que eles falaram que ela e a esposa “não prestam” para morar na região. A estudante de pedagogia Ellen Basilio da Silva denunciou que que teve parte de um dedo arrancada em uma briga com a vizinha que não aceita ela ser casada com outra mulher, em Trindade
Redes sociais/Ellen Basilio da Silva
A estudante de pedagogia Ellen Basilio da Silva, que é casada com outra mulher, denunciou que vem sofrendo agressões e ameaças da vizinhança por causa da orientação sexual, em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia. Ela afirmou que, durante a última briga, teve uma parte de um dedo arrancada com uma mordida da vizinha (veja acima).
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O g1 não conseguiu localizar as defesas das vizinhas suspeitas de agredir a mulher para que se posicionassem até a última atualização desta reportagem.
Segundo a estudante, já foram registrados cinco boletins de ocorrência por causa de situações com os vizinhos. Ela afirmou que eles chegaram a falar que elas “não prestam” para morar na região.
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De acordo com o relato da última ocorrência, a briga começou quando as vizinhas provocaram Ellen, que chegava em uma motocicleta. Durante a briga, a estudante e as vizinhas acabaram se agredindo. Uma das vizinhas teve queimaduras e arranhões, conforme o relato.
Ellen relatou que a situação ocorreu após uma série de atitudes preconceituosas, que incluíram xingamentos e outros episódios de agressões. “Primeiro, tive o rosto mordido por reclamar com uma vizinha sobre um vazamento na parede”, contou. “Somos também obrigadas a ficar vendo o marido dela olhando para dentro do nosso quintal quando ele sobe no telhado. Para ele, é normal”, completou.
“Podem fazer o que quiserem, mas isso não. Somos pessoas e temos sentimentos. O preconceito dói e mata. Só queria entender o porquê de tanto ódio”, desabafou a estudante.
Ao g1, a delegada Silvana Nunes explicou que as duas mulheres possuem união estável e as vizinhas de muro nunca aceitaram essa situação. Conforme a investigadora, já houve um procedimento lavrado sobre as agressões no contexto de homofobia e que o caso ainda não foi concluído. “Ela [vizinha] foi presa em flagrante por diversos crimes”, afirmou.
Outras agressões
Montagem mostra marca de mordida em rosto de estudante e braço dela com hematomas após agressão, em Trindade, Goiás
Montagem/g1 e reprodução/arquivo pessoal
Em 2022, a estudante denunciou que ela e a esposa foram agredidas por três vizinhos. Na época ela contou que elas chegaram a levar socos, chutes, pontapés e até mordida (veja fotos acima).
“Estamos sofrendo perseguição por sermos homossexuais. Eu estava varrendo a porta de casa e a vizinha estava me encarando. Eu perguntei ‘o que foi que você está olhando?’ e ela falou ‘como é que é?’ e já veio e falou ‘cala a boca, sua sapatona vagabunda’. Me deu um tapa e vários murros”, contou.
As agressões aconteceram em frente a casa onde elas moram. No dia, a estudante conta que estava varrendo a porta de casa quando uma vizinha chegou, começou a encará-la e a debochar dela.
Durante a discussão, a filha da dona da casa e o marido dela também participaram das agressões, conforme relatou a mulher. Ela diz ainda que o homem tentou enforcá-la e deu socos na barriga dela.
“A filha dela também começou a me agredir com puxões de cabelo, tapas, socos e tentaram até tirar a minha roupa. Depois, chegou o marido da mulher, que tentou me enforcar”, disse.
Durante a briga, a mulher contou que os demais vizinhos, que não estavam participando das agressões, ficaram filmando a situação e não chamaram a polícia.
Ela e a esposa conseguiram acionar a Polícia Civil e a vizinha foi presa em flagrante. Em audiência de custódia, a mulher foi solta. Já as vítimas passaram por corpo de delito e um relatório médico apontou que a estudante teve lesões no rosto, no tronco, múltiplas escoriações, hematomas, trauma abdominal e uma marca de mordida no rosto.
A primeira vez que elas registraram ocorrência contra os vizinhos foi no dia 30 de julho de 2022 e a segunda, em 4 de outubro.
Na primeira vez, a mulher conta que um vazamento na casa dos vizinhos estava causando uma infiltração no muro da casa dela. Com isso, ela foi até a residência ao lado para conversar com os moradores. Na ocasião, ela diz que a dona da casa a recebeu com ofensas.
“Ela falou que nós não prestávamos e que não valíamos nada, falou que queria quebrar a minha cara e me bater. Eles não têm respeito, sempre me xingam de puta, piranha, vagabunda. Falam que não somos pessoas para poder morar perto deles”, contou.
Na segunda vez, ocorrida no dia 4 de outubro, a estudante disse que denunciou os vizinhos após uma discussão também por causa de problemas nas casas. Ela relatou que estava fazendo uma obra e foi, junto com a esposa, até a casa da vizinha para avisar que iria aumentar o muro de sua residência. No entanto, ela afirmou que foi recebida com ofensas.
“Eu fico me perguntando o que é que a gente fez para eles. Mas nunca fizemos nada”, desabafou a estudante.
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